Bolívia vai estatizar energia, ferrovias e telecomunicação

O governo boliviano anunciou ontem que vai assumir o controle de empresas dos setores de energia, telecomunicações e ferroviário no país, assim como fez no setor de gás e petróleo. A medida integra o Plano Nacional de Desenvolvime

O processo, chamado de "bolivianização" pelo ministro do Planejamento, Carlos Villegas, está sendo analisado pelo governo que tem como meta encampar as ações necessárias para assumir o controle das empresas que foram privatizadas nos anos 90.

A decisão envolve grupos da Itália, do Chile e dos EUA, que controlam as empresas, além de investidores bolivianos. No setor de telecomunicações, será estatizada a maior empresa do país, a Entel (Empresa Nacional de Telecomunicaciones), controlada pela Telecom Italia. No setor elétrico, a Corani, controlada pela norte-americana Duke, a Guaracachi, de capital britânico, e a Valle Hermoso, controlada por investidores bolivianos. Essas três empresas respondem por 60% da geração de eletricidade no país.

No setor de ferrovias, serão estatizadas a Andina, controlada por capital chileno, e a Oriental, da norte-americana Genesee & Wyoming, o que inclui a linha ferroviária que liga Santa Cruz, a principal cidade boliviana, ao Brasil. Essas empresas terão 48% de suas ações, atualmente administradas por fundos de pensão locais revertidas para o Estado. "Vamos comprar mais ações, 2% ou 3%, para que tenhamos 51% de todas as empresas", disse o ministro. Entretanto, ele garantiu que essa compra será feita de modo a não criar "uma carga onerosa" ao Tesouro boliviano.

 Villegas afirmou ainda que o mesmo método usado para nacionalizar as empresas petrolíferas Andina, Chaco e Transredes deve ser usado. Nenhuma das empresas envolvidas quis se manifestar antes de "tomar conhecimento dos detalhes do plano do governo", segundo porta-vozes. O governo afirmou que o plano de "bolivianização" dos setores estratégicos não inclui o Lloyd Aéreo Boliviano (LAB), empresa que tem dívidas de mais de US$ 170 milhões e que atravessa atualmente uma grave crise financeira.

Todas as medidas anunciadas fazem parte do Plano Nacional de Desenvolvimento 2006-2010, apresentado em linhas gerais na sexta-feira pelas autoridades bolivianas. Com o plano, o governo do presidente Evo Morales se compromete a criar 100 mil novos empregos por ano, a alfabetizar 1,3 milhão de bolivianos também por ano e a lançar o programa hambre cero (fome zero).

Da Redação

Com agências.