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PCdoB une-se a partidos de centro-esquerda numa aliança histórica em MG

Em reunião realizada ontem, 22, partidos de centro-esquerda, entre eles PCdoB, PT e PMDB, fecharam acordo em torno da candidatura de Nilmário Miranda para o governo de Minas Gerais. Vagas para  vice e para o senado ainda estão em discus

A manhã desta quinta-feira, 22, foi decisiva para o cenário político mineiro. Em Belo Horizonte, reuniram-se representantes do PCdoB, PT, PMDB, PMN, PRB e PTN para decidir sobre o fechamento de uma aliança em torno da candidatura do ex-ministro petista Nilmário Miranda. “Todos os partidos estão unidos num projeto único de defesa da reeleição de Lula, que terá em Minas espaço para sua campanha. Ao mesmo tempo, essa unidade nos permitirá desenvolver um projeto alternativo para nosso estado”, disse Zito Vieira, vice-presidente e secretário de Organização do PCdoB/MG. A atração do PMDB para uma chapa de centro-esquerda significa “uma grande vitória”, segundo Vieira, devido ao peso político exercido pela legenda em âmbito nacional. “Foi uma decisão histórica porque é a primeira vez que o PMDB une-se a partidos de esquerda logo no primeiro turno, em Minas Gerais. Além disso, demonstra maturidade e talento político dessas forças”, diz Vieira.

 

Neste sábado, o PCdoB/MG realiza sua convenção estadual, onde deve referendar as decisões acertadas ontem. A expectativa é que cerca de 600 pessoas, entre delegados, militantes e convidados participem do ato, que acontece na Assembléia Legislativa, na capital mineira. Por ora, o levantamento parcial feito pelo comitê estadual indica a mobilização de 3.100 militantes, filiados e amigos durante o processo, que envolveu a realização de 101 convenções municipais.

 

Na próxima semana, uma nova reunião entre os partidos deverá definir quem será o candidato a vice-governador ao lado de Miranda e os candidatos que deverão concorrer ao Senado pela coligação. PCdoB e PMDB pleiteiam o lançamento de candidatos para as duas vagas. “Acreditamos que a chapa deve ter pluralidade e abarcar candidatos de partidos variados. Acho legítimo o PCdoB lutar pela inserção de um comunista na chapa majoritária devido ao crescimento do partido tanto local como nacionalmente, ao aumento de seu peso político e à relação histórica do partido com o PT no estado e com outras forças  progressistas”. Neste caso, o secretário afirma que está cotado o nome da presidente municipal do PCdoB de Belo Horizonte, Gilse Consenza para ser candidata a senadora ou para compor com Miranda a chapa ao governo do estado. “Também pleiteamos a coligação com o PT para o lançamento da deputada Jô Moraes para a Câmara Federal”, explica Vieira. O partido deve ainda lançar, no estado, 50 nomes para a Assembléia Legislativa.

 

Pesquisas

 

Embora as pesquisas apontem para o favoritismo de Aécio Neves, que em levantamento recente feito pelo Datafolha teve 72% dos votos, os comunistas apostam no crescimento do petista. Isso porque o alto índice de Neves está ligado, entre outros pontos, à exposição que seu nome tem à frente da administração estadual. Com o início do período de campanha, que começa oficialmente em 6 de julho, e a maior exposição do candidato da oposição, os números certamente sofrerão mudanças. Segundo Viera, um exemplo é a campanha de 2002, quando Nilmário Miranda também foi candidato. “Ele começou com apenas 2% das intenções de voto e no final, já alcançava os 30%”. 

 

Outro aspecto positivo apontado pelo comunista é aceitação que o presidente Lula tem no estado. Cerca de 60% dos eleitores votariam nele. “Lula é uma espécie de JK para os mineiros, pois sua gestão contribuiu muito para o desenvolvimento do estado”, disse. “Pretendemos dar seqüência aos programas federais no estado e até ampliá-los. Hoje, só o ProUni contempla cerca de 21 mil jovens de Minas Gerais. O Bolsa Família atende aqui a 1 milhão de pessoas”.

 

Alternativa à esquerda

 

Na campanha para o governo de Minas Gerais, a Frente de centro-esquerda espera ser o contraponto à gestão de Aécio Neves. “Nosso debate será focado na crítica à gestão tucana. Houve um corte de 19% nos investimentos em áreas essenciais como saúde, educação, segurança e saneamento, o que é um paradoxo para um estado que cresceu economicamente”, argumenta Zito Vieira. “É importante ressaltar também que esse crescimento não se reverteu em melhorias para a população. Não houve distribuição de renda nem geração de empregos”, lembra Vieira. Para ele, Aécio tem o perfil de um tecnocrata, com seus olhos “para os poderosos e para a elite mineira”.

 

Quanto ao discurso comum de alinhamento entre Aécio e o Lula, Vieira diz que “o governador é um político híbrido, que tem um perfil neoliberal, às vezes convenientemente apóia Lula porque o governo federal tem investido muito em Minas. Mas, sua posição é bem clara: seu candidato é  Geraldo Alckmin e isso ficará mais claro com o início da campanha”. A tática da aliança de centro-esquerda deverá ser a de “desconstruir o discurso do estado inovador, moderno que gasta pouco, o estado do déficit zero”. “Isso é pura mentira, pois só com a União, a dívida de Minas chega atualmente a R$ 45 bilhões de reais; em contrapartida vamos apresentar um projeto de desenvolvimento estadual com real inclusão social, distribuição de renda e geração de emprego, em alinhamento com um projeto nacional de desenvolvimento. Queremos um estado para sua gente, seu povo e não para sua elite”, concluiu Vieira.

 

De São Paulo,
Priscila Lobregatte