Sem acordo, CSC e ArtSind disputam vice-presidência da CUT

A composição da nova Executiva Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT) continua sob impasse. Atual vice-presidente, o metroviário Wagner Gomes, da Corrente Sindical Classista, pode ser alijado do cargo. Tudo porque a Articula

Na primeira reunião da Executiva — que ocorreu na quarta-feira (21) —, as negociações não resultaram em acordo. Indignados com a proposta da Articulação, lideranças classistas abandonaram o encontro, “para não respaldar tal orientação que consideram antidemocrática”. A CSC, segunda força da CUT, não fez indicações de nomes para a diretoria. Outras correntes e até mesmo lideranças da ArtSind se solidarizaram.

Um dia depois (22), o novo presidente da central, Artur Henrique, da Articulação, deu “sinais positivos” na tentativa de fechar um acordo. A CSC espera solucionar a crise na próxima semana, em defesa de “uma Central democrática, autônoma e de luta”. Para as lideranças classistas, é importante manter “uma orientação capaz de reunificar e fortalecer a CUT”. Se futuras negociações também falharem, a CSC deve tomar posição em plenária nacional, a ser convocada por sua Coordenação Executiva.

Pluralismo X hegemonismo
A manutenção de Wagner Gomes como vice-presidente é uma reivindicação justa, já que sua corrente saiu do 9º Concut com mais força e representatividade. Entre os sindicalistas da CSC, havia “a expectativa de ampliar o espaço político classista, entendendo inclusive que isto seria essencial para garantir a unidade, a democracia e o caráter autônomo e plural da Central. Afinal, a Corrente aumentou sensivelmente sua participação relativa no último congresso cutista, elegendo 20% dos delegados (contra 16% no 8º Concut) e elevando de cinco para oito o número de membros na nova direção nacional”.

A resistência da ArtSind é o ponto culminante de uma escalada hegemonista. Na nota desta sexta-feira, a CSC lembra que os principais cargos da Executiva Nacional “já tinham sido previamente loteados dentro da própria Articulação Sindical”. São postos como presidência, tesouraria e secretarias internacional e geral, além dos setores de formação, organização e imprensa. “A decisão de abocanhar também a vice-presidência seria uma forma de sufocar ainda mais as outras correntes e aprofundar a partidarização da Central. Ao encabeçar a Chapa 2 no pleito que definiu a nova direção, na plenária final do 9º Concut, a CSC foi motivada basicamente pela necessidade de lutar por uma CUT democrática, autônoma e combativa”.

Se a Articulação se mantiver “na política exclusivista e na partidarização”, a unidade da CUT estará ameaçada. “A questão não é meramente sindical”, explica a nota da CSC. “Trata-se de consolidar uma frente política no interior da Central tendo em vista objetivos estratégicos maiores, destacando a defesa de um novo projeto nacional de desenvolvimento, fundado na soberania e na valorização do trabalho, que hoje passa pela reeleição de Lula. É uma batalha política de classes, na qual não se deve subestimar o poder de fogo das classes dominantes”.