Kirchner e Evo reforçam integração sul-americana

Seguindo os novos ares que sopram na região, os presidentes da Argentina, Néstor Kirchner, e da Bolívia, Evo Morales, vão firmar hoje, em Buenos Aires, vários acordos para avançar a união sul-americana.

Em sua primeira visita oficial a Buenos Aires desde que assumiu o governo, Evo Morales cumprirá uma apertada agenda que começou bem cedo com um encontro com seu anfitrião na Casa Rosada, sede do governo argentino. Antes do meio-dia, os dois estadistas irão de helicóptero para Hurlingham, a 30 quilômetros da capital, para liderar um ato em que se espera uma massiva presença de bolivianos residentes no país.

 

Os presidentes falarão no evento depois de inaugurar um estádio para múltiplos esportes no distrito da província de Buenos Aires, onde, segundo estimativas, se concentra a maior quantidade dos dois milhões de bolivianos radicados na Argentina. Depois do ato popular haverá uma coletiva de imprensa para anunciar os acordos alcançados entre as partes.

 

A Casa Rosada manteve reserva sobre os detalhes dos documentos. Mas o embaixador de La Paz na capital, Roger Ortiz, disse na última terça-feira que os chefes de Estado fortalecerão a relação bilateral e a integração latino-americana. Durante uma coletiva de imprensa, o diplomata anunciou que eles vão assinar o tão aguardado convênio de compra e venda de gás natural onde se fixará o novo preço do fluído que a Bolívia vende ao país. E destacou que nesta negociação serão os Estados nacionais e soberanos que assinarão os tratados, e não as empresas transnacionais como fizeram na década de 1990 os defensores do neoliberalismo.

 

Ortiz lamentou que os veículos jornalíticos restringiram as informações sobre a assinatura do acrodo a questão do custo do gás, quando trata-se de um amplo pacto energético. Ele destacou o interesse de ambos governos em avançar na criação de empresas binacionais ou plurinacionais, que assumam o papel de impulsionar o desenvolvimento de projetos comuns nas áreas de hidrocarbonetos e exploração de ferro. "Para poder enfrentar os desafios do mundo atual e as regras do jogo estabelecidas pelos países hegemônicos teremos que nos integrar", enfatizou o embaixador.

 

O diplomata insistiu que o entendimento sobre a comercialização do gás é muito mais ampla que a fixação do preço, que será de cinco dólares por milhão de BTU (unidade térmica britânica). Atualmente, a Argentina importa 7,7 milhões de metros cúbicos diários a um valor de 3,35 dólares por milhão de BTU.

 

Além deste crucial acordo, chave para a associação energética do Cone Sul, Kirchner e Evo definirão projetos produtivos para o desenvolvimento de zonas fronteiriças e uma agenda de conteúdo social fortalecendo uma maior integração entre seus povos. Eles firmarão também convênios para a construção de uma ponte entre a localidade argentina de Salvador Mazza e a boliviana de Yacuiba e a ampliação do programa nacional de regularização dos emigrados da Bolívia.

 

Da Redação
Com agências.