PCdoB mantém Inácio, PMDB dividido entre Cid e Lúcio

A direção nacional do PCdoB, reunida em Brasília, confirmou a indicação do deputado federal Inácio Arruda para disputar o Senado. Enquanto isso o PMDB, que indica o Deputado Eunício Oliveira para o Senado está dividido ent

A direção nacional do PCdoB passou o dia de ontem reunida, em Brasília, tratando, basicamente, de duas questões: a manutenção das candidaturas do senador Leomar Quitanilha ao governo de Tocantins e do deputado federal Inácio Arruda ao Senado Federal pelo Ceará, independentemente de aliança com o PT e PSB, seus tradicionais aliados. O PCdoB decidiu marcar a homologação dos nomes de seus candidatos somente após a convenção do PMDB. Assim, a reunião comunista deverá decidir por volta das 18 horas de amanhã, em sua sede, o caminho a ser tomado. O presidente regional comunista, Carlos Augusto Diógenes (Patinhas), e Inácio Arruda demonstraram otimismo em relação a um desfecho favorável ao partido.
Em Brasília, a convenção do PCdoB ratificou a coligação nacional com o PT, segundo Inácio Arruda, "por entendermos que o presidente Lula continua merecendo nosso respaldo pelo trabalho que faz em prol do Brasil. Somos fiéis e leais".
Com relação às eleições proporcionais no Ceará, Inácio Arruda revelou que a situação também ainda está para ser decidida, mesmo já estando certo que o partido terá sete candidatos a deputado federal (entre eles, Chico Lopes) e 30 a deputado estadual (incluindo-se Lula Morais e João Ananias).
Tanto Patinhas quanto Inácio negaram a notícia que circulou ontem à tarde em Fortaleza, segundo a qual o PCdoB teria aceitado indicar o nome de seu presidente regional (Patinhas) como o primeiro suplente da candidatura de Eunício Oliveira (PMDB) ao Senado.

Apoio de Eunício

Inácio espera que sua candidatura a senador tenha o apoio de Eunício Oliveira e comparou a situação à vitória da Itália contra a Austrália na última segunda-feira, que se deu nos descontos da partida, e à do governador do Piauí, Welington Dias; que dias antes da eleição era candidato a senador: "Vamos lutar até o final. É questão de bom senso de nossa parte e da parte do PMDB".
Outra decisão tomada ontem pelo PCdoB em Brasília foi a manutenção da candidatura do ex-ministro dos Esportes Agnelo Queiroz ao governo de Brasília, independentemente do apoio do PT. O caso do Rio de Janeiro está definido porque o PT decidiu apoiar o nome de deputada federal Jandira Feghali como candidata a senadora.

PMDB dividido entre Cid e Lúcio

Ontem, os deputados estaduais do PMDB reagiram às declarações do secretário geral da legenda, João Melo, descartando a possibilidade de liberação dos filiados para voto em qualquer dos candidatos ao governo estadual. Os integrantes da bancada peemedebista, notoriamente divergentes em relação ao apoio a um dos blocos que disputam o governo estadual, apontaram tanto a legitimidade da posição do dirigente quanto sua arbitrariedade.
"Ele é um homem muito atrasado, e usou de um pensamento totalitário, digno da França antiga", criticou o deputado Carlomano Marques, referindo ao dirigente de seu partido. "Ele está ferindo a liberdade de escolha (dos peemedebistas) e prefiro acreditar que tenha ocorrido um lapso da parte dele", prosseguiu o deputado, que sugeriu a pura e simples desobediência ao dirigente como reação. "Para palavras loucas, ouvidos moucos", metaforizou.
Melo disse que os filiados ao PMDB no Estado receberão um chamamento para apoiarem a chapa encabeçada pelo ex-prefeito de Sobral, Cid Gomes, ao governo estadual. Ele afirmou ainda que a desobediência à advertência pode significar processo disciplinar contra filiados dissidentes.
A possibilidade de punição de "desobediências" foi descartada pelo deputado Guaracy Aguiar. Ele lembra que nas eleições de 2002 o deputado Domingos Filho "acompanhou a candidatura de Wellington Landim (então no PSB) ao governo estadual, quando o peemedebista Sérgio Machado também concorria, e nada demais ocorreu". Guaracy Aguiar diz considerar a discussão infrutífera, na medida em que as bases do PMDB estarão divididas na campanha, independentemente da posição oficial adotada na disputa eleitoral. "Independente de como o partido fica nestas eleições uma parte do PMDB não seguirá a decisão oficial, seja para um apoiamento a Cid Gomes ou Lúcio Alcântara", constatou.
A leitura é compartilhada pelo deputado Manoel de Castro Neto. "É legítima (a postura de João Melo), mas pode-se dizer que é arbitrária. Não quero me colocar como rebelde, mas isso precisa ser conversado com as bases antes de se dar declarações como essas", opinou o deputado.
O líder do PMDB na Assembléia Legislativa, deputado Sávio Pontes, avaliou como legítima a postura do dirigente estadual da agremiação. Ele acredita que as declarações de João Melo assinalam a posição oposicionista do partido na disputa desse ano.
"Acredito que a postura do secretário é totalmente legítima. Cada um pode expressar sua preferência, mas uma vez definida a posição do partido, essa decisão tem que ser respeitada", afirmou. Segundo Sávio Pontes, a decisão do partido já é conhecida, e confirma o apoio da legenda ao candidato de oposição, Cid Gomes.
O deputado Domingos Filho adotou um tom conciliador, e defendeu que os integrantes do PMDB busquem um entendimento por meio do diálogo. "É razoável que haja a discussão. Todos tem dito o tempo todo que vão obedecer à decisão única do partido. Essa unidade só será construída no diálogo", apontou, pouco antes de viajar ao município de Pedra Branca, onde encontraria o candidato ao governo Cid Gomes.

Fonte: Diário do Nordeste