Militar torturador do Uruguai foge de hospital

O coronel da reserva Gilberto Vázquez, acusado de participar em 1976 do desaparecimento no Uruguai da nora do poeta argentino Juan Gelmán, fugiu hoje do Hospital Militar de Montevidéu, onde estava internado com problemas na próstata.

Vázquez estava à espera da conclusão de seu processo de extradição à Argentina. O coronel teve sua extradição requerida junto com outros quatro oficiais da reserva, um ex-capitão do exército e um ex-policial uruguaio, dentro das investigações do "caso Gelmán". Atualmente, permanecem detidos à espera da extradição os oficiais da reserva Ernesto Rama, José Gavazzo e Jorge Silveira; o ex-capitão do Exército José Ricardo Arab; e o ex-policial Ricardo Medina, que também respondem pela mesma causa.

Após a fuga, o Comando do Exército comunicou o fato à Justiça e à ministra da Defesa, Azucena Berrutti, que ordenou o fechamento das fronteiras para evitar a saída do foragido do país. Vázques conseguiu fugir ao se aproveitar do descuido de um de seus vigilantes, no momento em que era transferido da sala onde estava internado para uma dependência em que iria realizar uma análise especial. Os militares e o policial tiveram extradição pedida pelo juiz argentino Guillermo Montenegro, por sua participação no desaparecimento de María Claudia Irureta Goyena, nora de Gelmán.

Grávida

 


Montenegro também havia pedido a extradição do ex-chefe do Exército do Uruguai Julio Vadora, que faleceu há 17 meses. Os oficiais requeridos pela Argentina não foram julgados no Uruguai, devido à "Lei de Caducidade", que anistiou os militares acusados de violações aos direitos humanos durante o regime militar (1973-1985).  Os acusados no "caso Gelman", entretanto, podem ser extraditados, pois os crimes de seqüestro e desaparecimento, pelo quais são acusados, não está compreendido nas ações de violação aos direitos humanos pelo regime militar. María Claudia García Irureta, foi sequestrada em 24 de agosto de 1976 em Buenos Aires junto com seu esposo, Marcelo Gelman, filho do poeta, e cujo cadáver foi encontrado na capital da Argentina pouco após sua detenção.

A mulher estava grávida de sete meses quando foi transferida do centro de detenção clandestino "Automotores Orletti", em Buenos Aires, para Montevidéu, junto com um grupo de uruguaios que, após obterem a liberdade, a reconheceram e denunciaram a transferência. No Hospital Militar da capital uruguaia se soube do nascimento, em dezembro de 1976, de quem depois se comprovaria ser a neta do poeta. Após o parto, María Claudia García desapareceu, e sua filha foi adotada por um casal uruguaio. A neta de Gelman foi encontrada após uma investigação empreendida por seu avô, e apoiada pelo então presidente do Uruguai, Jorge Batlle, em março de 2000. Em junho desse ano, sua identidade foi comprovada, através de exames de DNA.

Com agências