CSC vence eleição sindical dos Metalúrgicos de Volta Redonda

Num dos maiores feitos de sua história, a Corrente Sindical Classista (CSC) confirmou o favoritismo e venceu as eleições para a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda e Região. A apuração dos votos ocorreu no Ginásio do Recreio do Trabal

'Com muito empenho e unidade classista, conseguimos uma importante vitória, que demonstra o caminho de garra e solidariedade de todos que lutam por mudanças na sociedade', declarou Roque Tarugo, coordenador nacional da CSC no Ramo Metalúrgico. 'Vamos reconstruir e dar o rumo classista para o Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda.'


 


De 5.459 votos apurados, 2.037 (37,31%) foram para a Chapa 3, encabeçada pela CSC. Com a confirmação da vitória, os classistas abriram mão da contagem dos últimos 460 votos, insuficientes para alterar o resultado. O cipista Renato Soares, da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), tornou-se o novo presidente do sindicato. O mandato será de quatro anos.


 


As duas candidaturas concorrentes – que abusaram de manobras para fraudar o resultado da eleição – acabam a disputa praticamente empatadas. A Chapa 2, da Força Sindical, conquistou a votação de 1.559 metalúrgicos (28,56%). Logo em seguida, liderada pela Articulação Sindical e apoiada pela CUT-RJ, veio a Chapa 1, que não passou dos 1.547 votantes (28,34%). Houve ainda 217 votos nulos e 99 em branco.


 


CSC mais forte
O êxito em Volta Redonda comprova o fortalecimento do sindicalismo classista. Em junho, no 9º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (Concut), 20% dos delegados eram da CSC – contra 16% no 8º Concut, de 2003. O crescimento garantiu à corrente mais três vagas na nova direção nacional cutista, saltando de cinco para oito cargos.


 


Há 11 dias (03/07), uma chapa encabeçada pela CSC assumiu o maior sindicato têxtil da América Latina – o Sintrafite (Sindicato dos Trabalhadores nas Industrias Têxteis de Blumenau e Região). A entidade conta com 22 mil sócios de uma base de 35 mil trabalhadores. São da corrente comunista sua nova presidente, Vivian Kreutzfeld Bertoldi, e também o novo secretário-geral, Márcio Lueders.


 


Agora, a CSC está à frente de mais uma categoria operária. Os metalúrgicos da região de Volta Redonda formam uma base com mais de 40 mil trabalhadores. A representatividade do sindicato se espalha por Volta Redonda, Barra Mansa, Resende, Quatis, Itatiaia, Porto Real e Pinheiral.


 


O entidade aprovou, recentemente, a filiação sindical à CUT. Apesar da adesão, a maior central sindical do Brasil não conseguiu lançar uma única chapa nas eleições. No fim, acabou por apoiar a chapa da Articulação, que não vingou.


 


Processo tumultuado
Apesar de ter ampla aceitação da categoria metalúrgica, a CSC correu o risco de perder o pleito devido às falcatruas das outras chapas. A eleição em Volta Redonda, marcada inicialmente para 6 de abril, foi suspensa pela Justiça, mediante uma liminar. Os metalúrgicos só foram às urnas três meses depois, nos dias 6 e 7 de julho. A chapa 3, encabeçada pela Corrente Sindical Classista e considerada favorita, alertou a categoria para o risco de fraude.


 


Articulação e Força Sindical estavam dispostas a recorrer à fraude e à violência para burlar a vontade dos trabalhadores e a soberania das urnas, distorcendo artificialmente os resultados finais. A tentativa de intimidação transpareceu na contratação de bate-paus, que usaram de violência fascista para impedir a campanha dos militantes da Chapa 3 nas fábricas.


 


Durante a coleta inicial dos votos, uma série de manobras fraudulentas e mafiosas foi adotada por membros da Articulação Sindical. Na opinião das lideranças classistas, ocorreu um festival de patifarias – atraso na saída das urnas do sindicato, impossibilitando o pessoal do turno de zero hora de votar; listagens incompletas, principalmente nas urnas da Companhia Siderúrgica Nacional; urnas sem cédulas; repressão das gerências e chefias; urnas com listagens semelhantes para facilitar a fraude, além de outras manobras.


 


Intervenção judicial
O presidente da chapa, Renato Soares, denunciou ao Ministério Público que o pleito foi prejudicado por uma série de irregularidades. Na última sexta-feira (07), Linda Brandão Dias, da 1ª Vara do Trabalho, decidiu suspender a apuração dos votos e deixar as urnas acauteladas sob guarda da Polícia Federal até o anúncio de uma decisão.


 


Depois de analisar toda a documentação apresentada pelo sindicato, a juíza determinou, na quinta-feira (13), a contagem dos votos. Segundo Linda Brandão, o material não comprova a acusação de irregularidade durante o processo eleitoral. Por isso, as urnas saíram nesta sexta-feira da sede da Polícia Federal de Volta Redonda e foram direto para o local da apuração. No final, mesmo sob fogo cerrado das concorrentes, a CSC conquistou um resultado histórico.


 



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