Sem categoria

Agnelo Queiroz une esquerda no DF e enfrenta favoritismo de Roriz

Dando prosseguimento à série de matérias sobre as eleições nos estados, o Partido Vivo mostra hoje o cenário no Distrito Federal. Lá, mesmo com candidato preparado para disputar o governo – o ex-ministro do Esporte e deputado federal,

Por Márcia Xavier, de Brasília

Aliado tradicional do PT, o PCdoB não fugiu à regra no Distrito Federal e se coligou ao Partido dos Trabalhadores em torno da candidatura de Arlete Sampaio ao governo do estado. Embora com candidato preparado para disputar o Governo do Distrito Federal (GDF), o ex-ministro do Esporte e deputado federal, Agnelo Queiroz, o partido abriu mão de sua candidatura e resolveu lançá-lo ao Senado, com a incumbência de unir a esquerda no DF e enfrentar o favoritismo do peemedebista Joaquim Roriz.


Nas eleições proporcionais para a Assembléia Distrital, os comunistas se uniram ao PSB, PV e PRTB  e dobraram o número de candidatos com relação às últimas eleições de 2002. “Estamos competitivos em todas as vagas que disputamos”, resume Alan Bueno, secretário de Juventude e Formação do PCdoB-DF, na longa avaliação que faz do quadro político-eleitoral deste ano, com o conhecimento de quem acompanhou de perto as negociações, no período de formação das chapas. Ele admite que a campanha eleitoral é difícil e toda disputa é de risco. Ao mesmo tempo, destaca “a capacidade política do PCdoB, que nos garantiu aliados, apoiadores e amigos” e o posicionamento correto do partido no DF e no Brasil. 


Alan Bueno reconhece que a crise política ocorrida em função das denúncias de corrupção, que atingiram grande número de partidos políticos, não alcançou o PCdoB, mas o partido não vai usar o discurso ético no centro do debate. “Nós vamos dialogar com sociedade brasileira e apresentar projeto de desenvolvimento para o Distrito Federal”, afirmou.


É com esse projeto que Agnelo Queiroz pretende se distinguir na campanha eleitoral, inverter o favoritismo do adversário e ganhar a eleição. Além do projeto consistente de desenvolvimento para o Distrito Federal, com ênfase na criação de emprego – a cidade detém o terceiro lugar em índice de desemprego entre as capitais brasileiras – Agnelo Queiroz conta com outras grandes vantagens, destaca Alan Bueno.


Viva a diferença


A marca principal nessa eleição é a divisão da direita, avalia Alan, destacando, ao mesmo tempo, a unificação da esquerda. Segundo ele, ao abrir mão da candidatura ao GDF e se coligar com o PT, saindo como candidato ao Senado, Agnelo Queiroz demonstrou grandeza. E garantiu a construção de aliança para garantir competitividade à chapa da esquerda.


Alan Bueno lembra que o projeto do PCdoB no DF era lançar Agnelo Queiroz ao GDF, buscando alianças, principalmente com o PT, que possibilitassem o lançamento de chapa competitiva, com tempo de TV e candidatos proporcionais. As negociações foram difíceis e demoradas. O dirigente comunista disse que “apesar do presidente Lula e lideranças do Partido concordarem que Agnelo era o nome mais amplo, o PT defendeu a idéia de que precisava de candidato próprio para salvar-se dos ataques”.


Para Alan Bueno, esse primeiro momento da construção do projeto político eleitoral permitiu a busca de aliança com outros partidos, que resistiam à idéia de se coligar com o PT. Após o acordo, que uniu PT, PCdoB, PSB, PRTB e PV, Alan identifica Agnelo Queiroz como “o fiador dessa aliança”. Ele construiu a ponte que ligou os partidos de esquerda e ampliou a chapa com legendas de centro.


Enquanto a esquerda se uniu e ampliou suas alianças, a direita se dividiu em duas chapas – José Roberto Arruda, do PFL, e Maria de Lourdes Abadia (PSDB). Joaquim Roriz (PMDB), que concorre ao Senado, recebeu apoio das duas chapas e, ao mesmo tempo duvidiu o apoio às duas, embora tenha declarado preferência pela governadora, Maria de Lourdes Abadia. Para Alan Bueno, essa divisão do PFL, PMDB e PSDB fragiliza a direita, e com isso a esquerda se fortalece. “A divisão deixou seqüelas pela disputa de poder no campo interno, que dificulta a campanha”, afirmou.


Para o segundo turno, ele avalia que “é outra eleição, porque nós vamos unificar ainda mais o nosso campo, que está dividido em três, aumentando aliança com os candidatos derrotados”.

Experiência e liderança


Além da característica de liderança política da cidade, demonstrada nas negociações pré-campanha, e densidade eleitoral, que ostenta nas quatro vitórias eleitorais – uma para deputado distrital e três para federal, Agnelo possui experiência administrativa como Ministro do Esporte do Governo Lula.


“Um dos elementos que compõem a campanha do Agnelo Queiroz é que ele defende o governo Lula. Roriz, por sua vez, é o candidato do Alckmin”, explica Alan Bueno, acrescentando que “vamos mostrar a experiência legislativa do Agnelo Queiroz em contraposição à inexperiência do Roriz”.


A plataforma política de Agnelo se traduz no projeto estratégico do PCdoB para o DF, que será defendido por todos os demais candidatos nestas eleições – Fredo Ebling para deputado federal e oito candidatos à Assembléia Distrital. “Nós temos um projeto de geração de emprego, aproveitando a vocação da cidade para o turismo, agroindústria e informática”, afirma Alan Bueno, enfatizando que o partido no DF também defende as políticas públicas do governo Lula.


Agnelo Queiroz disse, no lançamento de sua candidatura, que “precisamos construir uma unidade total com uma única candidatura de centro-esquerda para que possamos efetivamente fortalecer a disputa no DF. É necessário não abrir mão de um cenário tão positivo para o PCdoB, que abrange amplos setores da sociedade”. Segundo Agnelo, o projeto político para o Distrito Federal deve ser inovador e eficaz. “Precisamos apresentar alternativas de poder que animem a sociedade.”


Para enfrentar o favoritismo de Roriz, o candidato do PCdoB tem ainda em mãos um espaço de 40% do eleitorado que faz parte do índice de rejeição do candidato do PMDB. “São votos que podemos buscar, já que não tem outro candidato competitivo contra Roriz”, explica Alan Bueno.


Outra questão que favorece a candidatura de Agnelo Queiroz, na avaliação de Alan Bueno, mais uma vez, é a divisão da direita. Três partidos – o PP de Benedito Domingos; o PPS, de Augusto Carvalho e o PSC, do Pastor Ronaldo – não estão na aliança de esquerda, mas declararam apoio a Agnelo. Também a Confederação Nacional dos Evangélicos (CONAE), que reúne 150 igrejas, e representa uma força política significativa, com 1/3 do eleitorado brasiliense, apóiam Agnelo.


“Esse eleitorado faz Agnelo entrar na base da direita, porque esses partidos sempre estiveram com a direita”, explica Alan Bueno, lembrando ainda outro detalhe que considera importante: “Historicamente a disputa se polariza muito e, na última eleição, o Roriz ganhou com menos de 1% dos votos”.

Ampliando espaços

O projeto político-eleitoral do PCdoB para o Distrito Federal inclui a manutenção da vaga na Câmara dos Deputados que o partido conquistou ao longo dos anos. Este ano, o candidato do partido, Fredo Ebling tem à seu favor uma “dobrada competitiva”, como define Alan Bueno a aliança com o PT, PSB, PV e PRTB; um bom posicionamento nas intenções de voto, considerando os 300 mil votos que recebeu nas eleições passadas para o Senado e o apoio e trabalho de todos os oito candidatos a deputados distritais.


O número de candidatos distritais dobrou este ano com relação à última eleição. O PCdoB pode ampliar a participação na Câmara Distrital. Para isso, não foi fechada aliança com o PT. “Os candidatos petistas têm muita densidade e a competitividade poderia prejudicar os comunistas”, avalia Alan Bueno. “Saímos da coligação do PT na disputa proporcional para distrital e fechamos com PSB, PV e PRTB. Todos os candidatos disputam com igualdade de condições e temos condições de fazer de dois a três distritais”, afirmou.

Número recorde


O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) divulgou a lista oficial dos candidatos que concorrerão aos cargos de senador, governador, deputado federal e distrital no Distrito Federal. Ao todo serão 820 pessoas disputando algum cargo eleitoral. Seis concorrem à vaga de governador, 11 ao Senado, 112 à Câmara Federal e 691 à Câmara Legislativa.


Em comparação com as eleições de 2002, há 100 concorrentes a mais. O aumento mais chamativo é o do número de deputados – distritais e federais. Hoje, há 863 candidatos, contra 750 das últimas eleições. Apolinário Rebelo, presidente regional do PCdoB, ele mesmo um dos candidatos à Câmara Distrital, aponta, dentre as principais razões do aumento de candidatos, a ampliação do interesse pela participação política, a existência de várias candidaturas competitivas ao governo, além da necessidade de renovação do Parlamento, bastante desgastado nos dias atuais.


Conheça abaixo os candidatos majoritário e proporcionais do PCdoB no Distrito Federal.


Candidato ao Senado


Nome: Agnelo Queiroz 
Idade: 48
Profissão: médico
Onde atua: deputado federal pelo PCdoB/DF e ex-ministro do Esporte
Função no PCdoB: é membro do Comitê Central do PCdoB e da direção do PCdoB/DF
Quando ingressou no partido: 1985


Candidato a deputado federal


Nome: Fredo Ebling
Idade: 50
Profissão: economista e assessor parlamentar concursado na Câmara dos Deputados
Onde atua: chefe de gabinete da Presidência da Câmara dos Deputados
Função no PCdoB: foi membro da direção executiva e presidente do partido em Brasília no período entre 2001 e 2003
Quando ingressou no partido: 1979


Candidatos a deputado distrital


Nome: Lene Santiago
Idade: 40
Profissão: professora
Onde atua: é professora efetiva da Fundação Educacional do DF. Em 2004, assumiu a coordenação do Programa Segundo Tempo no DF.
Quando ingressou no partido: 1981


Nome: Moyses Leme
Idade: 34
Profissão: cursa o quinto semestre na faculdade de Direito, onde pretende se especializar nas áreas trabalhista e previdenciária
Onde atua: é presidente do Sintect/DF.
Quando ingressou no partido: 1992


Nome: Apolinário Rebelo
Idade: 44
Profissão: jornalista
Onde atua: foi chefe de gabinete da Liderança do PCdoB na Câmara dos Deputados (2003/2006)
Função no PCdoB: é presidente do PCdoB/DF
Quando ingressou no partido: 1980


Nome: Cícero Sobrinho
Idade: 51
Profissão: profissional da área de saúde
Onde atua: como administrador do Gama, cidade satélite de Brasília, no período do governo Cristóvam Buarque (1996-1998), foi o primeiro membro do PCdoB no Brasil que exerceu cargo no Executivo.
Função no PCdoB: foi presidente regional do Partido duas vezes e agora é vice-presidente
Quando ingressou no partido: 1986


Nome: Ismael da Estrutural
Idade: 34
Profissão: líder comunitário e estudante
Onde atua: foi prefeito comunitário e se licenciou para disputar um mandato de deputado distrital
Quando ingressou no partido: 2005


Nome: Zé Antônio
Idade: 53
Profissão: professor de Educação Física
Onde atua: em 2004 foi reeleito no Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) para o triênio 2004 a 2007, sendo coordenador da Secretaria de Assuntos Jurídicos e componente da Direção Executiva.
Quando ingressou no partido: durante a ditadura militar


Nome: “Cilon” –  Waucilon Carvalho de Sousa
Idade: 51
Profissão: formado em Ciências Contábeis
Onde atua: Tribunal de Contas da União
Quando ingressou no partido: 1994


Nome: João Dias
Idade: 34
Profissão: profissional da área de educação física
Onde atua: é policial militar