A Abin espiona o Movimento dos Atingidos por Barragens?

Jornal mineiro afirma que Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Polícia Federal e os serviços de informações do Exército e das polícias Militar e Civil estariam investigando o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Minas Gerais.


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Segundo matérias publicadas pelo jornal Estado de Minas no início desta semana, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Minas Gerais estaria sendo alvo de investigações sigilosas por parte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), da Polícia Federal, dos serviços de informações do Exército e das polícias Militar e Civil do Estado. O motivo seria uma suposta articulação do movimento para danificar o Centro de Operação do Sistema da Cemig, “setor que controla 97% do fornecimento de energia elétrica de Minas e a transmissão de energia que passa por 20 outros Estados”.


 


De acordo com o jornal — que afirma ter acessado um documento confidencial das investigações –, haveria a suspeita de uma “ameaça de atentado” que teria levado o Exército e a PM a colocarem tropas de prontidão. Considerando as suspeitas de sabotagem fantasiosas, o MAB acredita que a clara tentativa de criminalizar o movimento seria parte de uma estratégia da Cemig para desacreditar a série de mobilizações que estão sendo organizadas este mês em vários estados do país.


 


Em seu encontro nacional, realizado em março último em Curitiba (PR), o MAB definiu como principal campanha para este ano a integração dos setores urbanos no debate sobre o modelo energético do país, a começar pela cobrança das taxas de energia que, segundo levantamentos do movimento, seriam exorbitantes e diferenciadas para empresas e consumidores domésticos — com ônus muito maior para os últimos.


 


Para julho, o movimento programou três grandes marchas — em Rondônia, no Ceará e em Minas Gerais. Esta última, que sai de Rio Doce, na Zona da Mata, no próximo dia 21, e segue até a região de Governador Valadares, no dia 28, pretende fazer uma série de debates nos municípios sobre o preço da energia, com denúncias contra a Cemig.


 


Na campanha, o movimento também reivindica taxas iguais para consumidores domésticos e indústrias, 100 kw de energia gratuita para as famílias de baixa renda, e elevação para 200 kw da Tarifa Social, conforme determinação do juiz federal Charles Renaud em Ação Civil Pública deferida em 20/04/2006. A Cemig teria dado um prazo até esta terça (18) para responder às demandas do MAB.


 


Ofensiva calculada
Segundo o coordenador estadual do movimento, Antonio Claret, esta campanha seria a principal motivação da ofensiva dos organismos de inteligência, aliados com a Cemig, contra o MAB. “Vamos passar longe de Belo Horizonte e das instalações da Cemig. O que está acontecendo é uma ofensiva para desacreditar o movimento e evitar que verdades cheguem à população. As suspeitas [de ação nas instalações da empresa] são plantadas e construídas com objetivos claros”, garante Claret.


 


Ainda segundo ele, o MAB deve discutir de que forma cobrará do governo a responsabilidade pela espionagem do movimento pela Abin e demais órgãos citados pela imprensa. Ele confirma que houve “indícios de espionagem” na sede do movimento, como ligações telefônicas de uma pessoas que às vezes se dizia jornalista e fazia perguntas sobre os dirigentes e o financiamento da marcha.


 


“Conseguimos detectar o número do telefone que fez a chamada e constatamos que era da Secretaria de Defesa do Estado. Repetimos sempre que o MAB é um movimento social sustentado pelas suas bases, e veremos de que forma cobraremos o governo pela responsabilidade da criminalização”, diz Claret.