Trabalhadores pedem a estatização de três empresas privadas

Vindos de vários estados do Brasil, cerca de mil trabalhadores protocolaram nesta terça-feira (18/07), em Brasília, uma carta em que pedem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a estatização das fábricas catarinenses Cipla e Interfibra, além da paulista

Na carta, entregue por um grupo representante de 300 operários à Assessoria Especial do Gabinete Pessoal do Presidente da República, eles pedem a Lula que 'salve 1.500 empregos'. E explicam que é necessária uma ação 'rápida' para suspender imediatamente as ameaças de prisão dos trabalhadores que assumiram a direção das empresas. Os antigos patrões deixaram dívidas com os ministérios da Fazenda e da Previdência Social. Ao abandonarem as empresas, estavam devendo INSS, Fundo de Garantia e impostos.


 


O coordenador do movimento, Evandro Luís Pinto, informou que os trabalhadores 'ocuparam essas fábricas em 31 de outubro de 2002 e não têm a menor responsabilidade sobre essas dívidas'. Os funcionários afirmam ainda que as empresas 'podem produzir milhares de casas populares e saneamento para milhões de brasileiros'. Tentavam um encontro com o presidente Lula, para pedir oficialmente que o governo assuma essas empresas.


 


Segundo o movimento, é a maneira de garantir mais de mil empregos diretos e 35 mil empregos indiretos. 'Estamos aqui exigindo que o governo estatize essas empresas porque é a única ação realista para salvar os empregos, manter as fábricas funcionando e inclusive para que o governo receba os débitos que tem a receber', afirmou o coordenador do Conselho de Fábricas Ocupadas, Serge Goulart.


Promessas
De acordo com ele, as dívidas chegam a R$ 800 milhões em impostos federais e encargos sociais que não eram recolhidos pelos antigos donos. Em 2003, os funcionários tiveram um encontro com Lula, que teria criado uma comissão para avaliar a situação das fábricas.


 


'A comissão formada por BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], BRDE [Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul], Badesc [Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina], três bancos estatais de desenvolvimento, concluiu o trabalho dizendo que as empresas são viáveis, são boas, que os trabalhadores fizeram uma excelente administração', disse Goulart. 'O que pesa são as dívidas.'


 


A ocupação das fábricas pelos trabalhadores resolveu parte do problema. 'Assumimos as empresas quando elas estavam fechando, com faturamento de R$ 900 mil. Hoje o faturamento delas é de R$ 60 milhões graça aos esforços dos trabalhadores a capacidade que nós tivemos de reerguer as empresas'. Para Goulart, as dívidas devem ser cobradas dos antigos donos. 'É responsabilidade do governo (cobrar as dívidas) porque não fiscalizou as empresas e as deixou funcionado sem recolher imposto'.


 


Da Redação, com Agência Brasil