Brasil terá peça sobre últimas horas de vida de Che Guevara

O Rio de Janeiro vai conhecer as últimas horas da vida do revolucionário Ernesto Rafael Guevara de la Serna, ''ll Che'', morto no seu cárcere, em La Higueras, Bolívia, no ano de 1967. Este é o tema da peça Che Guevara, que fica em cartaz de 22

O guerrilheiro argentino, um dos principais líderes da Revolução Cubana (1959), será interpretado por John Vaz, o mesmo ator que encarnou João Goulart na ninissére JK, exibida pela TV Globo. Mais que um espetáculo, o que o espectador verá em Che Guevara é a reconstituição das últimas 18 horas de vida do revolucionário.


 


O texto foi baseado única e exclusivamente no interrogatório do guerrilheiro, liberado somente 30 anos após sua morte, e no depoimento da professora Júlia Cortez, última civil a estar com Guevara. ''O mais trabalhoso foi a pesquisa e a produção. Perto disso, interpretar Che ficou até fácil'', exagera John Vaz, que, além de atuar, assina a direção da peça.


 


Vaz é conhecido como ''o mil caras do teatro brasileiro''. Em sua galeria de personagens interpretados, há figuras como Juscelino Kubitschek, (premiado com a Medalha JK em 2002), João Goulart (no teatro e na minissérie global de Maria Adelaide Amaral), Chico Mendes, Antonin Artaud, Louis Althusser e Bispo do Rosário.


 


O ator – que perdeu 14kg, deixou barba e cabelos crescerem e aprendeu a fumar charuto – está impressionantemente parecido com Che. ''Muita gente pára em frente ao cartaz, que tem minha foto caracterizado de Che, e fala: 'Ah, essa foto dele não é muito conhecida, né?' Aí explico que sou eu.''


 


A peça é o resultado de uma pesquisa feita por ele e pelo dramaturgo Lula Dias. ''Havia uma total falta de informações sobre as últimas 18 horas da vida de Che', confirma o diretor. ''Só depois de 30 anos foi que a CIA e o exército boliviano liberaram relatórios.'' Che Guevara foi assassinado em La Higuera, na Bolívia, em 9 de outubro de 1967, um dia após ser capturado nas selvas bolivianas.


 


''Consegui também o depoimento da professora Julia Cortez – até hoje viva -, presente na sala de aula onde Che foi capturado'', revela Vaz. Durante as atividades, o público poderá também adquirir livros, charutos, bebidas e comidas típicas.


 


De posse desse material, Vaz montou o espetáculo, que reconstrói o interrogatório de Che e inclui o depoimento da professora. ''Quem for ao espetáculo para encontrar um Che de boina, com Fidel e fazendo discurso inflamado, vai se decepcionar''.