Cepal: ''populistas'' lideram crescimento do PIB na América Latina

Por Bernardo Joffily
Em 2006 a Venezuela e a Argentina, dois países que a ortodoxia neoliberal acusa de ''populistas de esquerda'', devem liderar mais uma vez as taxas de crescimento econômico latino-americano. Os dados constam do relatório apresentado

O relatório inclui também na linha de frente do ranking a República Dominicana, com estimativa de 8,0%, mas trata-se de uma economia pequena, com US$ 19 bilhões em ano passado.


 


A Cepal não inclui dados sobre Cuba, mas outras fontes indicam que a Ilha revolucionária também merece figurar entre os latino-americanos que mais crescem: segundo o insuspeito The World Factbook, da CIA, o PIB cubano cresceu 8,0% em 2005, alcançando US$ 39 bilhões (consulte em www.cia.gov/cia/publications/factbook).



Desempenho dos ''irresponsáveis'' não é de hoje



Completa-se assim o aparente paradoxo: os países amaldiçoados pelo ''consenso de Washington'', como ''populistas'' e ''irresponsáveis'', são os que apresentam maior crecimento. E não é a primeira vez. A Argentina de Néstor Kirchner, que comprou e venceu uma briga com o FMI em 2003, cresceu 9,0% em 2004 e 9,2% em 2005, segundo o relatório da Cepal. 


 


Porém a Argentina ficou em segundo lugar. O primeiro coube à Venezuela de Hugo Chávez — que disputa com Fidel Castro o título de Grande Satã latino-americano aos olhos de Washington. Em 2004 o PIB da Venezuela bolivariana cresceu nada menos que 17,9% e em 2005 9,3%, sempre conforme a Cepal.



A projeção para 2007 mantém os dois à frente do ranking. O PIB argentino deve crescer 7,5% e o venezuelano 7,0%, invertendo as duas primeiras colocações. A média latino-americana deve baixar para 4,6% e o desempenho brasileiro para 3,5%, avalia o estudo.



O mapa acima fornece uma síntese das previsões cepalinas para o ano. Os países estão representados de acordo com o tamanho do seu PIB em 2005. As colunas e as percentagens apontam os índices de crescimento previstos para 2006.



América do Sul cresce mais, México menos



O estudo avalia que há uma certa uniformidade no crescimento da região, que se beneficia de uma conjuntura internacional favorável. Aponta, porém, que a América do Sul cresce mais, tanto no Cone Sul como nos países andinos, enquanto os índices do México e América Central ''se situam abaixo da média''.



O relatório completo da Cepal (72 páginas, em inglêspode ser consultado em http://www.eclac.org/cgi-bin/getProd.asp?xml=/deype/agrupadores_xml/aes93.xml&xsl=/agrupadores_xml/agrupa_listado.xsl&base=/tpl/top-bottom.xslt.



Com informações da Cepal