Sanguessugas: Oposição quer desviar investigações do governo FHC/Serra

A deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) defende a existência da CPI dos Sanguessugas, que apura as denúncias de compra superfaturadas de ambulâncias com recursos de emendas parlamentares do orçamento da União. “Uma denúncia impactante como essa não po

Para Vanessa, essa situação se alterou quando ficou claro que o esquema começou no governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso, a ponto do dono da Planan, Luiz Antônio Trevisan Vedoin, cabeça do esquema, ter dito, em depoimento na Polícia Federal, que torcia para que José Serra, do PSDB e ex-ministro da Saúde, ganhasse as eleições presidenciais, em 2002, para não haver desmanche do esquema.


 


A partir daí, segundo conta Vanessa,  “começou a guerra da oposição para envolver o governo (Lula), mas é uma tese que não se sustenta porque é parcial e tem mira”. A deputada comunista se envolveu em uma discussão dentro da CPI com o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), porque não aceita tratamento diferenciado ao ex-ministro Saraiva Felipe, que a CPI quer convocar para depor, ao mesmo tempo que isenta o ex-ministro José Serra de qualquer responsabilidade.


 


A parlamentar lembra que o papel do Ministério (da Saúde) é liberar recursos, mas mostra documentos recebidos da Controladoria Geral da União (CGU) que demonstra que o maior número de convênios – 317 – entre o Ministério da Saúde e a Planan, para compra de ambulância, ocorreu exatamente no ano de 2002, período de campanha eleitoral, em que o ministro José Serra era candidato à Presidência. Segundo conta ainda Vanessa, nesse período, foram entregues 100 ambulâncias antes mesmo de concluído o processo de venda.


 


Para ela, “quem quer apartar uma situação da outra é mau intencionado e quer fazer da CPI palco de campanha eleitoral”.


 


Para evitar a contaminação


 


As denúncias de corrupção envolvendo tão grande número de parlamentares, na avaliação de Vanessa, “afeta diretamente o processo eleitroal, mas não podemos deixar contaminar a todos”, alerta, criticando as listas que circulam na mídia sem que se tenha prova das acusações. “O desmentido não tem a mesma força da acusação”, lembra.


 


No entanto, ela defende a utilização, de forma correta, das informações para esclarecer o eleitor. “A população precisa tomar conhecimento das pessoas envolvidas para saber como escolher nas eleições”, afirmou, apontando, entre os 90 parlamentares que estão sendo investigados pela CPI, aqueles contra os quais existem provas documentais de que estão envolvidos no esquema (veja lista abaixo).


 


Compromisso com apuração


 


Ela destaca que as investigações tiveram início no Governo Lula. A partir da fiscalização feita pela CGU, por meio de sorteio, nas prefeituras municipais, a documentação analisada apresentava indícios de corrupção pela presença frequente das mesmas empresas vencedoras das licitações para compra de ambulância, como é o caso da Planan.


 


A documentação foi encaminhada ao Ministério Público e à Polícia Federal, que rcomeçaram as investigações. Segundo Vanessa, essas investigações tinham sido iniciadas em 2002, mas foram suspensas, sem que se soubesse o porquê. Desta vez, a investigação foi até o final para desmontar o esquema.


 


Para Vanessa, “todos os governos são vulneráveis à corrupção, o que diferencia um do outro é o compromisso com a apuração, investigação e punição e esse governo (Lula) é mais aberto à isso”, garante a parlamentar.


 


Elo forte


 


Quanto mais informações recebe – a CPI está aguardando a documentação completa das investigações feitas pela CGU – fica claro que o esquema de compra superfaturada de ambulância com emendas parlamentares tinha força no meio empresarial e parlamentar, avalia Vanessa. Mas ela não descarta a possibilidade de envolvimento do Executivo, por isso defende a investigação também nesse setor, mas insiste de que “o elo mais forte era entre empresários,  parlamentares e prefeitos”.


 


Esta semana, a CPI mista dos Sanguessugas se reunirá para definir uma agenda de trabalhos. A reunião, marcada para esta terça-feira (1o) foi adiada. Também foi adiado um novo depoimento de Vedoin, na Polícia Federal, quando seria ouvido pelos membros da CPI. O presidente da comissão, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), continua a defender que o relatório final da CPI seja votado até o final de agosto.


 


Lista dos 40 parlamentares que a CPI dos Sanguessugas investiga e já possui provas documentais do envolvimento no esquema de compra superfaturada de ambulâncias a partir de emendas parlamentares:


 


PTB
Alceste Almeida (RR)
Carlos Dunga (PB)
Edna Macedo (SP)
Eduardo Seabra (AP)
Elaine Costa (RJ)
Fernando Gonçalves (RJ)
Iris Simões (RR)
Jonival Lucas Junior (BA)
Josué Bengtson (PA)
Neuton Lima (SP)
Nilton Capixaba (RO)


 


PP
Enivaldo Ribeiro (PB)
Érico Ribeiro (RS)
Ildeu Araujo (SP)
João Batista (SP)
Lino Rossi (MT)
Reginaldo Germano (BA)
Vanderlei Assis (SP)


 


PL
Almeida De Jesus (CE)
Amauri Gasques (SP)
Heleno Silva (SE)
João Caldas (AL)
Jorge Pinheiro (DF)
Maurício Rabelo (TO)
Raimundo Santos (PA)
Ricardo Rique (PB)
Wanderval Santos (SP)


 


PFL
César Bandeira (MA)


 


PSDB
Helenildo Ribeiro (AL)
Itamar Serpa (RJ)
Paulo Feijó (RJ)


 


PMDB
Cabo Júlio (MG)
Marcelino Fraga (ES)
Senador Ney Suassuna (PB)


 


PSB
Marcondes Gadelha (PB)


 


PRB
José Divino (RJ)
Vieira Reis (RJ)


 


PSC
Pastor Amarildo (TO)


 


PT
João Grandão (MS)
Senadora Serys Slhessarenko (MT)


 
De Brasília
Márcia Xavier