Evo Morales quer mudar história da Bolívia com Constituinte

A Assembléia Constituinte, a oitava da história da Bolívia, foi instalada neste domingo na cidade de Sucre, 746 km ao sudeste de La Paz, com a finalidade de “reestruturar” o país mais pobre da América do Sul.

O presidente boliviano, Evo Morales, está inaugurando neste domingo a Assembléia Constituinte, um marco de seu governo, em meio a uma festa popular na cidade colonial Sucre, tomada por indígenas que celebram o que vêem como uma realização de uma reivindicação histórica.


 


A Assembléia, eleita pelo voto popular, tem o poder de redigir uma nova Constituição com a qual Morales busca integrar a enorme maioria indígena do país, que há séculos vive excluída e na pobreza.


“Não é uma constituinte qualquer. Começam novos tempos, tempos de mudança, de justiça social”, disse Morales, emocionado, num ato que antecedia a instauração da Assembléia.


 


Os 255 integrantes do grupo que vai redigir o documento têm entre seis meses e um ano para criar a nova Constituição, que será submetida a referendo popular. Devem ser tratados temas como o uso da terra, demandas de autonomia regional e o reconhecimento dos povos indígenas.


 


“Somos apenas do povo…eu confio que Evo (Morales) nos dará uma vida melhor. Imagine, quando pensamos que poderíamos estar aqui?”, disse Juan Sesgo, um indígena de Tarabuco, sentado num palanque de honra armado especialmente para os povos indígenas para acompanhar a inauguração da Assembléia.


 


Mulheres com bebês nas costas dançavam nas ruas do centro de Sucre ao ritmo de tarcas, um instrumento andino, e tambores.


 


Morales, um ex-líder cocalero, chegou ao poder há pouco mais de seis meses com apoio de indígenas, sindicalistas, mineiros, entre outros que viram nele uma saída para sucessivas crises políticas e sociais. Seu Movimento ao Socialismo (MAS) tem 137 assentos na Constituinte.


 


Desde que estabeleceu alianças com a Venezuela e Cuba, seu governo têm obtido alguns avanços rápidos no atendimento de saúde aos mais pobres, além de ter promovido uma abrupta mas muito bem recebida nacionalização dos recursos de petróleo e gás.


 


As bandeiras coloridas, símbolo da diversidade dos povos indígenas da Bolívia, tremulavam no alto das construções coloniais brancas de Sucre. “Não temos nada a perder, señorita, por isso estamos aqui”, disse Sesgo, enquanto mastigava folha de coca, utilizadas para reduzir os efeitos da altitude ao corpo e com propriedades medicinais.


 


Um exemplo da diversidade e da integração que Morales pretende fazer com a Assembléia foi a eleição de Silvia Lazarte para presidir a Casa, uma mulher indígena que veste “polleras” (saias) coloridas e longas tranças escuras no cabelo. Ela se destacou como dirigente de movimentos de base.


 


“É a vez das mulheres, é a vez dos excluídos”, declarou Lazarte ao ser proclamada presidente da Constituinte boliviana.


 


Fonte: Reuters