“Não vou levar desaforo para casa”, diz Lula em entrevista

O presidente e candidato à reeleição pelo PT concedeu entrevista HOJE à rádio Capital AM, de Brasília. Ele afirmou que a linha do seu programa eleitoral na TV já está definida e consiste em mostrar o que o governo fez. “Não falarei mal de nenhum

O presidente da República e candidato à reeleição pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, disse em entrevista à rádio Capital AM nesta quarta-feira, que não falará mal de ninguém durante a propaganda eleitoral gratuita em rádio e TV que começa na próxima semana, mas salientou que não levará desaforo para casa. Segundo ele, seus programas já estão definidos e consistirão em mostrar o que foi feito durante o seu mandato.


 


“Não falarei mal de nenhum candidato, não falarei mal de nenhum governo, não falarei mal de nenhuma pessoa, não levantarei denúncias contra ninguém. Agora, a única coisa que eu digo é a seguinte: não levarei desaforo para casa. Portanto, quem fala o que quer, ouve o que não quer”, destacou Lula.



Segurança


 



Lula aproveitou a entrevista para rebater as críticas do Secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, de que o PT estaria por trás dos ataques realizados pela organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no Estado. De acordo com o presidente, o secretário paulista, em vez de falar, deveria, de forma mais humilde, perceber que houve uma falha no sistema prisional estadual. “Ao invés de tentar acusar quem quer que seja, deveria tentar evitar que essas coisas estivessem acontecendo em São Paulo”, alfinetou.


 



Programa de governo


 



“Eu já tenho uma definição do programa que eu quero fazer. Um programa em que a gente vai aproveitar para conversar com o povo brasileiro e mostrar as coisas que foram feitas, e que nem sempre foram divulgadas com a dimensão que mereciam”, comentou.


 


De acordo com Lula, ele se comportou “com toda a paciência do mundo” durante o sem mandato e, em eleições anteriores, também nunca baixou o nível da campanha. “Já falaram baixarias e mais baixarias, já disseram até que iam me bater e eu fiquei quieto. A minha campanha vai ser como eu fiz a vida inteira. Já disputei muitas eleições, já fui atacado muitas vezes e, em nenhum momento, eu baixei o nível da campanha.”


 



Comparação com Vargas


 



O presidente insistiu que há muitas realizações para mostrar à população e que existem resultados que podem ser comparados desde o governo do presidente Getúlio Vargas. “Eu tenho coisa para mostrar e vou mostrar ao povo brasileiro o que nós fizemos. Mostrar com muita tranqüilidade, porque eu tenho o que mostrar, eu tenho números, eu posso fazer comparações”, comentou.


 


“Posso fazer comparações desde Getúlio Vargas até agora para a gente ver o que aconteceu neste País nesses quatro anos”, afirmou Lula.


 



Pesquisas


 



Lula também afirmou que é positivo receber a notícia de que está bem colocado nas pesquisas de intenção de voto à Presidência, mas ressaltou que não considera os resultados como decisivos.


 


Disse que aprendeu a acreditar nesses levantamentos no início de sua carreira política, mas também a observar que eles apenas retratam o momento atual da disputa entre os candidatos.


 


“Eu aprendi muito cedo a não desacreditar em pesquisa. Agora, também eu não trato a pesquisa como fato consumado”, comentou Lula, um dia após as pesquisas Datafolha e CNT-Sensus apontarem ampliação de sua vantagem sobre o seu principal rival na disputa, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).


 


“A pesquisa é uma fotografia momentânea. Você vai para a fotografia e hoje ela aparece de um jeito. Daqui a um mês você vai para a fotografia e vai aparecer de outro jeito, melhor ou pior”, acrescentou.


 



Casamento


 



Lula foi indagado sobre temas mais populares e um pouco diferentes em relação às tradicionais entrevistas e apresentações das quais participa. No início da conversa com o radialista Paulo Barboza, ele foi questionado sobre os 32 anos de casamento com a primeira-dama Marisa Letícia.


 


“É um sustentáculo para as coisas que eu faço”, respondeu, complementando que Marisa é sempre muito interessada nos assuntos políticos.


 



Economia


 



Lula também disse que depois de passar quatro anos tentando recuperar a economia nacional, o País vive uma combinação perfeita nesta área, que teria entrado num processo de crescimento. Ele afirmou que a situação favorável permitirá que, em um eventual segundo mandato, ele possa promover o desenvolvimento com distribuição de renda, seguido de uma educação de qualidade.


 


“O Brasil hoje vive a mais perfeita combinação da macroeconomia. Tudo está confluindo de forma positiva”, avaliou. “Foi um trabalho muito duro. Sabe Deus quantas vezes em deitei olhando para o teto, conversando com a Marisa e, às vezes, preocupado que a gente não fosse conseguir vencer os obstáculos”, lembrou.


 


De acordo com Lula, a economia brasileira ficou praticamente 20 anos estagnada e, somente agora, apresenta uma quantidade de resultados satisfatórios para o desenvolvimento almejado. “Temos recorde de exportação, temos grande importação, superávit de balança comercial. Nós temos superávit em conta corrente, aumento de salário, aumento de emprego, temos a inflação controlada e o risco país estava em 214 pontos ontem, quando nós já chegamos a mais de 2 mil pontos”, comentou.


 



Governo FHC


 



Numa comparação com o governo Fernando Henrique Cardoso, Lula mencionou que, nos oito anos de mandato de seu antecessor, foi gerada uma média de 8 mil empregos mensais, e durante o governo atual, esta média seria de 103 mil empregos mensais. “São empregos positivos, a diferença de quem sai e quem entra. Isso fez com que quase 5 milhões de pessoas já tivessem emprego de carteira profissional assinada, fora o trabalho que fizemos na agricultura familiar, que gera postos de trabalho, o empréstimo consignado e o microcrédito”, listou.


 


 


Uma das grandes diferenças positivas para a economia nacional, segundo o presidente, é que nós próximos anos o Brasil não correrá o risco de sofrer uma grande desvalorização cambial, como a que aconteceu após a reeleição de FHC, no início de 1999.


 


Fonte: Ag. Estado