Evo aceita proposta para legalizar colheita de coca por cotas

O presidente da Bolívia, Evo Morales, aceitou a proposta dos cocaleiros do país de legalizar as cotas de colheita de coca que atualmente são permitidas por convênio, mas considerou necessário mudar em 2007 a lei antidrogas para que a situação seja resolvi

Em discurso no encerramento de um congresso das federações cocaleiras, na cidade de Cochabamba, Morales disse que uma resolução do encontro foi legalizar a colheita de coca, numa superfície de 1.600 metros quadrados por filiado.



A planta é um arbusto original dos Andes, empregado pelos povos indígenas do território como remédio, alimento e em rituais. Mas também é usada pelos traficantes de para a produção de cocaína.



Morales, cuja carreira política começou nos sindicatos de cultivadores da planta na zona central de Chapare, afirmou que a legalização deve ser feita modificando ou derrubando a lei antidrogas 1.008, que impõe restrições às plantações.



“Para legalizar, é preciso revisar a lei 1.008. Há uma equipe que está trabalhando no assunto, mas seria importante que os companheiros dirigentes das seis federações entregassem a resolução para que no próximo ano comecemos a modificar a lei”, disse Morales.



A embaixada dos Estados Unidos critica as cotas porque considera que elas vão contra a legislação sobre o controle de entorpecentes, embora reconheça que contribuiu para a paz social na região de Chapare.



Diferença numérica



O cultivo foi autorizado pelo ex-presidente Carlos Mesa, por meio de um convênio assinado em outubro de 2004 com os sindicatos liderados por Morales. O documento aceitou a existência de um total de 3.200 hectares da planta na região de Chapare.



Em junho, o Escritório das Nações Unidas contra as Drogas afirmou que, em 2005, em todo o território boliviano houve uma queda de 8% das plantações, de 27.700 para 25.400 hectares. Dias depois, a embaixada dos EUA respondeu que os cultivos aumentaram em 8% em 2005, em vez de diminuir.



Morales defende a industrialização da coca, mas depende de um estudo, projetado pela União Européia, para mudar o status legal da planta.