Moradores de Nova Orleans colocam Bush contra a parede

O chefe da Casa Branca, George W. Bush, foi diretamente confrontado nesta terça-feira (29/8) por uma trabalhadora de um restaurante de Nova Orleans, que o criticou de forma bem-humorada pela tragédia que se abateu sobre a cidade há um ano, após a passagem

“Senhor presidente, o senhor vai me virar as costas de novo?”, perguntou em tom de ironia a garçonete Joyce Labruzzo a Bush, que abria caminho entre as mesas da Betsy Pancake's House. O restaurante foi inundado e só reabriu as portas em março deste ano.


 


Bush estava no modesto restaurante para fazer um lanche com o prefeito de Nova Orleans, Ray Nagin, no início de um dia de visita à cidade, quando todos recordam os mais de 1.500 mortos deixados pelo Katrina. Visivelmente constrangido, Bush respondeu que “Não madame, eu não o farei mais”.


 


Antes, pela manhã, o prefeito da cidade foi entrevistado pela emissora de televisão americana NBC, que fez uma pergunta unusual, ao questionar o prefeito se era verdade que os diques da cidade tinham sido deliberadamente destruídos para que os bairros dos brancos não fossem atingidos pela enchente causada pelo furacão.


 


Nagin respondeu a um dos âncoras da emissora, Matt Lauer, que a hipótese está sendo investigada e que “ainda não descobrimos nenhuma evidência nesse sentido”. Disse ainda que o furacão teria atingido a todos, desde brancos, negros, hispânicos e também asiáticos que moravam em Nova Orleans.


 


Entre a população negra da cidade acredita-se que alguns diques tenham sido explodidos, para evitar que a enchente inundasse primeiro os bairros mais ricos da cidade, onde moram predominantemente americanos brancos.


 


A visita de Bush aos estados atingidos pelo furacão começou ontem e é fortemente questionada pelos moradores de vários bairros de Nova Orleans. Um deles, Roy Quentin, lembrou que “enquanto Bush descansava em seu sítio e Condoleezza comprava sapatos em Nova York, pessoas pediam socorro e morriam sob as águas do furacão, sem que ninguém ajudasse”.


 


Segundo protestos dos moradores de várias cidades dos Estados de Louisiana e Mississipi, a administração Bush os deixou entregues à própria sorte em 2005, quando o Katrina atingiu o litoral no dia 29 de agosto. Neste dia, Nova Orleans foi inundada pelas águas liberadas pela ruptura dos diques. Um ano depois, o aniversário do Katrina reavivou as críticas, desta vez contra a lentidão da reconstrução.


 


Ele participará nesta terça-feira, declarada jornada nacional em memória do Katrina, de uma cerimônia religiosa na catedral de Saint Louis que será iniciada no momento em que, um ano antes, os diques começaram a ceder. Um ano depois do rompimento, os diques ainda não foram completamente reforçados e a cidade não tem um plano de reconstrução.


 



Bush, no restaurante onde fez um lanche com o prefeito de Nova Orleans