PCdoB enfrenta as Oligarquias catarinenses
Partido luta de forma ampla para que não voltem às velhas oligarquias ao Governo
A Oligarquia (do grego, oligoi: poucos, e arche: governo) significa, literalmente, “governo de poucos”. No entanto, como aristocracia significa, também, governo de
Publicado 05/09/2006 18:43 | Editado 04/03/2020 17:15
Em geral as oligarquias caracterizam-se pela manutenção do poder pela violação de métodos democráticos: a oligarquia política. Um exemplo notório da dita forma de oligarquia política ocorre na sucessão de Epitácio Pessoa. A candidatura de Artur Bernardes, contra a qual se levantou a Reação Republicana que lançou a candidatura de Nilo Peçanha. Era oligarquia contra oligarquia.
Em Santa Catarina não foi diferente. A característica do histórico processo de predomínio da oligarquia no Estado, cujos fatores políticos e econômicos sempre uniram seus mais variados setores, marcaram uma clara e nítida luta de classes, entre o povo e os setores da elite dominante.
O estudo da educação e da política na história de Santa Catarina, realizado pelo Professor Nilson Thomé da Universidade do Contestado (UNC) revela-nos a reprodução desta dominação, fruto do coronelismo e do sistema oligárquico que predominava. O poder político era disputado entre os coronéis, que se dividiram, pelas raízes históricas, cronologicamente, entre farroupilhas e legalistas, entre pica-paus e maragatos, entre defensores do Império e da República e, pela natureza política, entre os partidos políticos que disputavam o poder e distribuíam as benesses, primeiro entre liberais e conservadores, em seguida entre os federalistas e republicanos e, depois, entre republicanos e liberais.
Nas áreas pastoris de Santa Catarina, em que predominava o coronelismo rural, sua representação política, que não era partidária, mas familiar, apoiou as alas “laurista” e “hercilista” do Partido Republicano Catarinense, contribuiu para a formação das duas oligarquias estaduais, que se revezariam no poder político central catarinense. Este poder esteve nas mãos do grupo de Lauro Müller e Vidal Ramos Júnior até 1917, ano que marcou a ascensão da oligarquia Luz, esta caracterizada como uma corrente igualmente coronelista, mas tida como “urbana”, por ter surgido em zonas predominantemente industriais, nas cidades do Litoral e na Capital.
As oligarquias catarinenses se envolveram no desenvolvimento regional, cada qual favorecendo seus “currais eleitorais” ou seus “pátios de fábricas” municipais, enquanto revezavam-se no poder. O Senador do PFL, Jorge Bornhausen é um dos herdeiros de duas tradicionais famílias da política catarinense – os Konder e os Bornhausen.
Com muita habilidade, conseguiram manter sua influência política e dominação. O quadro político eleitoral no Estado de Santa Catarina em 2006 revela esta afirmativa. O possível retorno das forças oligárquicas (PFL e a família Bornhausen) ao Governo do Estado pelos braços de Luis Henrique da Silveira (LHS) do PMDB. Este quadro evidenciou a necessidade de derrota das forças políticas conservadoras oligárquicas, capitaneadas pelo senador catarinense Jorge Bornhausen (PFL) aliado a nova direita neoliberal comandada pelo Senador Leonel Pavan (PSDB).
A história política das últimas décadas em SC mostra que a disputa pelo governo sempre alternou entre a direita conservadora e o centro. As vitórias do centro (PMDB) historicamente se deram com o apoio dos partidos de esquerda e do chamado campo democrático-popular, ao passo que seus governos sempre tiveram por base de apoio setores da direita, sendo cooptados pelos setores da Oligárquicos.
O ex-presidente estadual do PCdoB e um dos quadros que reorganizaram, na década de 80 o Partido no Estado, João Ghizoni, destaca que as oligarquias sofreram derrotas importantes ao longo das últimas décadas, no entanto não foram destruídas. “O PCdoB desde sempre combateu as oligarquias catarinenses, com movimentos políticos e eleitorais que contribuíram significativamente para o propósito de destruição desta forma atrasada e decadente de governo”, afirma Ghizoni.
O PMDB foi uma força política de centro que enfrentou com grandes possibilidades as oligarquias em Santa Catarina, elegendo já em 1985 o Prefeito da Capital, Florianópolis, com o apoio dos comunistas. A eleição de Edson Andrino foi um marco da luta popular contra as oligarquias.
No entanto, nestas eleições de 2006, o ex-governador Luis Henrique da Silveira (LHS) deslocou o PMDB catarinense para a direita, aliando-se já de primeira hora com o PFL de Bornhausen e com o PSDB de Leonel Pavan, postando-se no apoio à candidatura neoliberal de Geraldo Alckmin para o Governo Federal. No quadro da disputa eleitoral figura ainda o candidato do PP, Esperidião Amin, que conta com apoio de alguns setores oligárquicos e está bem situado nas pesquisas de opinião.
As forças de esquerda nunca ocuparam o governo estadual. O PCdoB luta pela eleição de um governo de esquerda em Santa Catarina, comprometido com o projeto de mudanças. Compôs uma frente com o PT, PL e PRB, tendo o ex-Ministro e ex-prefeito de Chapecó José Fritsch como candidato a Governador e a Deputada Federal do PT, Luci Choinacki ao Senado. O PCdoB indicou para a 1º Suplência do Senado o vereador de Criciúma, cidade do sul de Santa Catarina, Douglas Mattos.
O projeto político eleitoral dos comunistas catarinenses é de eleição de no mínimo um(a) Deputado(a) Estadual e conquistar o máximo possível de votos na chapa federal contribuindo para o desafio de enfrentar a cláusula de barreira. Diante disso lançou a candidatura de César Valduga e Tiago Andrino a deputado federal e de Ângela Albino e Paulinho da Silva a deputado(a) estadual.
Segundo o presidente do Comitê Estadual do PCdoB, Jucélio Paladini, a militância está chamada à campanha, ''pois o país precisa, para derrotar o retrocesso e as forças conservadoras, da pujança, da posição avançada dos militantes do PCdoB'', afirma Paladini.
Segundo o dirigente comunista ao longo da história, as eleições para o governo do estado sempre foram polarizadas entre direita e esquerda, e sempre que o centro juntou-se à direita venceu a eleição, da mesma forma que quando o centro aliou-se a esquerda também venceu as eleições. Paladini destaca que nestas eleições o alinhamento do PMDB com as velhas oligarquias de Santa Catarina é um componente novo no processo eleitoral do Estado. Avalia que essa realidade é fruto do perfil próprio do ex-governador Luis Henrique, que não tem um projeto nacional. “O LHS pensa da ótica dele e caminha no sentido de nunca perder uma eleição. Para isso trabalha para abrir portas. As eleições em Joinville (maior cidade catarinense) muito particularmente as duas últimas eleições dele e de modo ainda especial à reeleição dele, foi um pouco da construção que ele fez no Estado agora” considera Paladini.
O PCdoB luta pelo avanço e trabalha de forma ampla para que não voltem às velhas oligarquias ao Governo. O ''tucanato'' e o PFL são um retrocesso para o Brasil. Diante do quadro formado, concentra todas as energias, amplia e trabalha para conseguir unificar os setores democráticos e populares, trazendo inclusive parte da base do PMDB, a militância do ''velho MDB de guerra'' que identifica as oligarquias e a atual quadra de disputa no Estado: de um lado os setores democráticos e populares de outro lado às oligarquias. Unir forças para que possa compor e apoiar a candidatura de Lula para Presidente e a candidatura da deputada federal Luci Choinacki ao Senado da República.
Extraído do Jornal
A Classe Operárica