Mercadante lança programa e questiona ligação entre tucano e sanguessugas
Na tarde desta terça-feira (19), ao lançar seu programa de governo, Aloizio Mercadante afirmou: “não fui ministro da Saúde, não foi durante a minha gestão que houve a liberação de 70% das ambulâncias do Vedoin e não existe fita nem foto minha com os Vedoi
Publicado 19/09/2006 21:15
Em resposta à série de acusações de que sua campanha poderia se beneficiar com o uso do dossiê ligando José Serra à máfia das ambulâncias, o candidato ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, reagiu afirmando que “em 12 anos de vida pública não há qualquer indício de irregularidade, não há um real em emenda para nenhum parafuso de sequer uma ambulância do esquema das sanguessugas”. Para o petista, é importante que a Polícia Federal investigue a fundo as acusações, sem deixar de lado aquilo que o material apreendido retrata: a possível ligação entre o ex-ministro da Saúde e a máfia encabeçada por Luiz Antonio Vedoin. “Não fui ministro da Saúde, não foi durante a minha gestão que houve a liberação de 70% das ambulâncias do Vedoin e não existe fita nem foto minha com os Vedoin”, disse o petista, deslocando o foco das discussões para as possíveis relações entre tucanos e sanguessugas durante a gestão de José Serra á frente do ministério. As declarações foram dadas a jornalistas durante o lançamento do programa de governo de Mercadante, que aconteceu na tarde desta terça-feira, 19, na capital paulista.
Quanto à suposta ligação do presidente da República com o episódio, alardeada por setores da oposição, Mercadante lembrou que “Lula perdeu três eleições que coordenei para a Presidência e nunca tivemos nenhum tipo de atitude neste sentido. Como é que um presidente que não fez isso quando estava para perder a eleição faria agora, que está vencendo?”. O candidato disse ainda que os petistas que possam estar envolvidos devem ter “a coragem de vir a público assumir o que fizeram”, mas enfatizou que o episódio do dossiê não deve ser usado como “um instrumento de luta política”.
Mercadante também criticou a forma como Freud Godoy, ex-assessor presidencial, tem sido exposto pela mídia e por tucanos e pefelistas. O candidato lembrou que, logo após ter seu nome envolvido com as negociações para a obtenção do dossiê, Freud pediu exoneração de sua função e foi à Polícia Federal fazer uma acareação com seu acusador, Gedimar Passos, que na ocasião não confirmou as acusações feitas contra o ex-assessor. “Ora, não é possível tratar este cidadão com o nível de suspeição com o qual ele está sendo tratado”, afirmou, ressaltando que “é preciso cautela” para que “nesse clima de campanha graves injustiças não sejam cometidas”.
Disputa programática
Abrindo a apresentação do programa de governo da coligação Melhor para São Paulo (PT-PCdoB-PL-PRB), Nádia Campeão (PCdoB/SP), candidata a vice de Mercadante foi enfática ao contrapor o projeto tucano ao projeto do campo progressista para a administração do estado. Sobre a polêmica do dossiê, Nádia disse que “nunca precisamos de nenhum outro expediente que não fosse a luta do povo brasileiro para alcançar governos municipais, estaduais e federal. Mas nós, que temos feito uma campanha sem agressões ou calúnias, não vamos aceitar tratamento diferenciado perante as instituições e a imprensa brasileira”, advertiu. “Os políticos do PSDB parecem não gostar de ser investigados. Por que todos podem ser alvo de investigação neste país e eles não?”, questionou Nádia em referência aos ataques sistemáticos da oposição ao governo Lula. A comunista lembrou ainda que “durante o governo Lula, chegamos a ter três CPIs simultâneas, mas nos governos de FHC e de Alckmin não podia ter CPI!”. Ela finalizou dizendo que “não vamos ter medo de disputar a eleição pelo governo de São Paulo ou pela presidência do Brasil com aqueles que tiveram a oportunidade de fazer bons governos e não o fizeram”.
Ao apresentar resumidamente o programa para as centenas de militantes e convidados que lotaram o auditório do Sindicato dos Engenheiros, Mercadante destacou pontos como investimento em infra-estrutura, educação e segurança. O petista sugere, em seu plano de governo, a criação, logo no primeiro ano de mandato, do Mutirão Escola de Leitura e Redação. O projeto seria um esforço concentrado de professores de todas as disciplinas em atividades que estimulem a leitura e a redação e, ao mesmo tempo, meça o grau de dificuldades dos alunos. “O objetivo é superar o sistema de aprovação automática, em que os alunos passam de ano sem saber ler nem escrever. Vamos repor um direito que foi tirado de toda uma geração que está nas escolas públicas”, disse o petista.
Na área de segurança pública, Mercadante pretende priorizar, entre outros pontos, o desenvolvimento da inteligência nas polícias Civil e Militar. “A polícia moderna e eficiente é aquela que investe em inteligência. E aqui rendo minha homenagem à polícia federal que fez nos últimos anos mais de 300 operações, com mais de 3 mil pessoas presas e nenhum tiro precisou ser disparado nessas ações. Isso porque se investiu em inteligência e planejamento. E é isso que queremos trazer para São Paulo”. Ao finalizar seu discurso, Mercadante pediu ao povo paulista a oportunidade de ocupar o Palácio dos Bandeirantes: “Lula fez em menos de quatro anos mais pelo Brasil do que FHC em oito anos e eu farei muito mais pelo futuro desta sociedade do que o PSDB e o PFL fizeram em 12 anos”.
Leia aqui o programa de governo da candidatura de Aloizio Mercadante e Nádia Campeão
De São Paulo,
Priscila Lobregatte, com fotos de Celso Ogata