Tarso não descarta “dedo da oposição” no caso do Dossiê
Referindo-se aos responsáveis pela tentativa de comercialização de um dossiê contra o tucanato, o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) disse ao blog do jornalista Josias de Souza que pode ter ocorrido “uma operação para prejudicar o governo e
Publicado 19/09/2006 19:42
“O que eu gostaria”, completou o ministro, “é que isso fosse investigado com toda a profundida e que se alguma dessas pessoas mencionadas estão envolvidas, se descobrisse também quem são os mandantes, quem é que autorizou isso aí. Porque aqui do Palácio, do círculo do presidente, das pessoas que convivem com o presidente isso não saiu isso. Todos ficamos aterrados. O presidente ficou estarrecido. Então é preciso saber quem foi que criou clima, quem criou a possibilidade e quem orientou pessoas a fazerem esse tipo de operações Tabajara (referência às Organizações Tabajara do humorístico Casseta & Planeta)”.
Segundo Genro, Lula e todo o governo gostaria que fossem respondidas algumas “questões cruciais”: “A quem interessa acontecer uma coisa como essa nesse instante? Interessaria ao presidente da República, que está com 20 pontos na frente [nas pesquisas]? Certamente não. Então, isso tem que sair aqui do Palácio [do Planalto], tem que sair aqui de Brasília. As pessoas devem responder onde haja motivação e responsabilidade, não aqui.”
No instante em que conversou com o blog, Genro ainda não havia tomado conhecimento da nota divulgada pela Época, segundo a qual o deputado Ricardo Berzoini, presidente do PT e coordenador nacional da campanha de Lula, sabia que haveria uma reunião de integrantes do Pt com a revista Época, apesar de desconhecer o conteúdo do encontro. Rapidamente, a imprensa tratou de trabalhar a “informação” de Época como “evidência” da participação de Berzoini no epísódio, um procedimento que produz um movimento inverso ao pretendido pelo ministro: em vez de afastar-se, o caso se achega cada vez mais a Brasília.
Genro disse não acreditar no envolvimento do PT, “como instituição”, no caso do dossiê. Afirmou que, se for confirmada a participação de pessoas vinculadas ao partido, elas “agiram individualmente, não em nome da instituição partidária”. O ministro completou: “Nenhum organismo do PT deliberou sobre isso. Isso é atitude de indivíduos que, se têm responsabilidade, devem assumi-la”.
O ministro não exclui de suas cogitações a hipótese de envolvimento do lado adversário: “É um fato que pode ter sido criado para prejudicar o [Geraldo] Alckmin ou até para prejudicar o próprio presidente Lula. Em qualquer hipótese é condenável. Onde tem dinheiro e dossiês tem corrupção. O que pode ter ocorrido nesse processo? Pode ter ocorrido que gente, no meio desse mundo obscuro, tenha tido uma atitude dupla. Então, pode ter ocorrido, sim, uma operação para prejudicar o governo e para tentar reerguer a candidatura do Alckmin. Não estou dizendo que tenha relação com o Alckmin ou com o PSDB. É que esse mundo tem leis próprias”. Em campanha no rio, Alckmin remou em sentido inverso. Vinculou o caso ao Planalto.
Acha que haverá prejuízo para a candidatura Lula? “É difícil de dizer. Até aqui, veicularam-se várias denúncias, todas destinadas a atingir o presidente e, independentemente do seu mérito e da sua justeza, não têm atingido. A população dá um voto de confiança ao caráter do presidente, à sua história. E sabe que hábitos ilegais no Estado não são novidade. Sabe também que o sistema de corrupção está sendo desvendado por conta de uma ação do governo Lula. As coisas se compensam”.
De resto, disse Tarso Genro, “a oposição, na sua fúria, vem colocando fatos graves, importantes e sérios e fatos secundários, irrisórios e calúnias num mesmo plano, esvaziando a carga das denúncias. A população deixou de levar a sério por identificar na exaustão do denuncismo interesses eleitoreiros”. O ministro considera relevante também investigar os dados contidos no dossiê que foi ao balcão. “A investigação”, disse ele, “tem interesse público em todas as suas dimensões.”
Com informações do Blog do Josias