Sem votos, oposição a Chávez pensa em nova abstenção

Por Miguel Lozano, de Caracas para a Prensa Latina*
Diante da considerável vantagem de Hugo Chávez, a proposta da abstenção na eleição presidencial venezuelana de 3 de dezembro ganha espaço na oposição. Segundo fontes do MVR (Movimento V República, pró

Neste encontro os partidários de Roisales vão avaliar a situação, marcada por um apoio a Chávez superior a 50%. O oposicionista, lançado por vários setores, aparece com 17%.



Última pesquisa: 54% a 17%…



Uma pesquisa do  Instituto de Análisis de Datos (Ivad), coletada no dia 15, aponta uma vantagem de 37,7 pontos de Chávez. Rosales é o seu mais próximo concorrente, mas o escore é de 55,4% a 17,7%. Duas dezenas de candidatos disputam a presidência da Venezuela.



As últimas caminhadas de Rosales por bairros populares demonstraram que sua proposta, de dividir o dinheiro do petróleo por meio de um cartão de crédito, não obteve os defeitos desejados.



Com o cartão “Mi Negra” [“Minha Negra”], que muitos economistas consideram uma idéia populista be irrealizável, Rosales tentou atrair os setores mais pobres. Mas tem recebido vaias que o obrigaram a trocas as caminhadas por carreatas em um possante veículo com tracnao nas quatro rodas.



Os bairros pobres recebem o candidato com gritos de Chávez”. Acusam-no de apoiar o golpe de Estado de 2002 e ter um passado vinculado à AD (Ação Democrática), um partido que é responsabilizado pelas políticas que empobreceram milhares de venezuelanos.



A opção abstencionista



Sem o apoio da maioria pobre, que tentou conquistar com o “Minha Negra”, é praticamente impossível Rosales superar a vantagem do presidente, cujos programas sociais redundam em substantivo apoio popular. Mas caso a oposição se retire não vai alegar a impossibilidade de vencer, e sim, como denunciou o próprio Chávez, pretextos como uma suposta falta de garantias.



Coincidentemente, outro candidato oposicionista, Benjamín Rausseo, apresentou na sexta-feira um recurso solicitando que não se use as máquinas capta-digitais no processo eleitoral. As máquinas, que registram automaticamente as impressões digitais dos votantes, visam evitar o voto duplo. Rausseo, um empresário e humorista conhecido como El Conde del Guácharo, porém, considerou-as “um fator de pressão psicológica”.



A posição do humorista coincide com a de dirigentes da campanha de Rosales. Eles avaliam que o uso da máquina atemorizaria os venezuelanos.



Nas últimas eleições parlamentares, as capta-digitais não foram usadas, por pressão da oposição. Esta argumentou com a violação do segredo do voto, embora tenha retirado os seus candidatos dias antes da votação.



Diante deste precedente, o Conselho Nacional Eleitoral anunciou que desta vez não vai recuar. Auditorias demonstraram que o uso da máquina não permite a identificação dos votos.



O dedo de Washington



Para o setor chavista, parece claro que estes movimentos visam justificar a abstenção no 3 de zedembro, como propõe o governo norte-americano, numa tentativa de tirar legitimidade do próximo mandato presidencial. A reeleição sem opositores, supostamente por falta de garantias, seria aprfesentada como a demonstração de que Chávez, que já venceu uma dezena de votações de diferentes tipos desde 1998, exerceria um mandato ilegal.



Diante disto, o presidente e seus seguidores projetam uma campanha praticamente casa por casa, para garantir uma vitória contundente e incontestável, mesmo no caso dos concorrentes se retirarem.



Neste quadro, a abstenção aparece como o verdadeiro rival de Chávez. A aspiração de conquistar um novo mandato parece imbatível e ele promete usá-lo para aprofundar o sentido socialista do processo de mudanças que chefia desde 1999.