Bolívia de Evo quer processar quatro ex-presidentes

O presidente da Bolívia, Evo Morales, voltou a dizer que seu antecessor, Eduardo Rodríguez, será submetido a um processo, a pedido da Corte Suprema. Rodríguez é acusado de ter entregue aos Estados Unidos 41 mísseis das forças armadas bolivianas. Outros tr

No encerramento de um congresso social, no departamento de Cochabamba, Morales classificou de “traição à pátria” o gesto de desarmamento da defesa nacional.
O presidente também afirmou que Rodríguez mentiu quando, ao ser interpelado sobre o episódio, disse que os mísseis terra-terra estavam desativados. “Não posso entender que um ex-presidente da Bolívia, um ex-presidente da Corte Suprema, um jurista minta”, disse Evo Morales.



Acusado de espionagem e submissão



O presidente também disse que nunca teve conhecimento da assinatura de um tratado com a Embaixada dos EUA entregando os mísseis em troca de US$ 400 mil. Informou que o embaixador dos EUA em La Paz, David Greenlee, não lhe entregou documentação neste sentido.



Rodríguez será processado sob acusação de espionagem e submissão a um governo estrangeiro. O indiciamento foi pedido à corte suprema do país e depende agora de aprovação pelo Parlamento para que o procersso tenha início. Morales disse que os parlamentares que defenderem o ex-presidente também serão acusados de traição à pátria.



Rodríguez nega ter entregue os mísseis, de fabricação chinesa. Já a embaixada dos EUA assegura que levou os artefatos, em outubro passado, a pedido do então presidente.



Parlamento se divide sobre permissão



Conforme a Constituição boliviana, o processo contra um ex-presidente requer aprovação de dois terços dos parlamentares. A bancada do MAS (Movimento Ao Socialismo, partido de Evo) já adiantou que votará a favor.



Já a coligação Podemos (Poder Democrático Social) e a UN (União Nacional), do empresário Samuel Doria Medina, anunciaram sua oposição ao processo. O Podemos, principal força da oposição conservadora, é a legenda do ex-presidente conservador Jorge Quiroga, também ameaçado por um processo que depende de aprovação parlamentar.



Outros processos ex-presidenciais



Esta atitude é vista por Evo Morales como mais uma manobra da oposição visando criar obstáculo à transparência defendeida pelo governo empossado em março.
Morales falou para milhares de dirigentes indígenas, camponeses e operários. Acusou Roidríguez e Quiroga, ao lado dos ex-presidentes Paz Zamora e Gonzalo Sánchez de Lozada, de promoverem uma campanha contra ele para evitar acusações feitas pela procuradoria.



Em agosto, o Ministério Público boliviano solicitou a abertura de um processo contra Paz Zamora, por vínculos com o narcotráfico, e outro contra Quiroga, acusado de prejudicar a Bolívia ao assinar contratos que dispensavam as multinacionais do petróleo de investir em suas concessões no país. Já a acusação contra Sanchez de Lozada é por delitos de genocídio e corrupção.