Wagner Gomes: mobilização determinará vitória de Lula no 2º turno

Confira o artigo do vice-presidente nacional da CUT, Wagner Gomes, sobre a participação dos movimentos sociais no segundo turno das eleições 2006. Wagner defende uma campanha mais consistente e firme, que una preparo, politização e mobilização.

Mobilizar para garantir a vitória!


 


Por Wagner Gomes*


 


Que há uma violenta luta política entre as forças progressistas e as representantes da velha elite que sempre governou o país não é novidade para ninguém. O que merece ser salientado é o novo patamar que a contenta toma com a realização do segundo turno para a eleição presidencial. Enfrentar alguns desafios são essenciais para garantir a vitória das forças progressistas.


 


Enfrentar o debate ético, desmascarar o discurso tucano
Há que se enfrentar o debate ético. Afinal, o que se viu no reinado de FHC e nos doze anos de tucanato em São Paulo não lhes dá moral para pregar ética a ninguém. Basta relembrar: Proer (aquele programa para salvar banqueiro falido), compra de votos para a emenda da reeleição, 69 CPIs arquivadas na Assembléia Legislativa de SP, distribuição de recursos de publicidade da Nossa Caixa, entre tantos outros casos. Como se vê, nada que avalize os tucanos como graduados em moralidade, ética e trato da coisa pública.


 


As privatizações do período FHC foram o primado da corrupção. Até as paredes da catedral de Brasília sabem que a privataria tucana rendeu bilhões aos ''investidores'' estrangeiros. Tudo porque, não bastassem os preços de banana a que foram vendidas, boa parte do dinheiro para compra das estatais veio de financiamento do BNDES. Coisa inteligente, mais ou menos assim: Eu tenho um botequim que vale R$  80 mil, e que dá lucro mensal, mais uma poupancinha no banco de R$ 70 mil. Resolvo vender o bar. Aí empresto minha poupança de R$ 70 mil para o comprador e, o resto, ele paga em parcelas, graças ao lucro gerado pelo empreendimento. Genial.


 


A corrupção não foi inventada no governo Lula. Grande parte dos esquemas ilícitos já vem de muito tempo e vários governos atrás. O diferencial é que os instrumentos de combate e punição à corrupção agora funcionam. E funcionam para todos, independente das forças políticas ou econômicas as quais são ligados.


 


Quebrar o cerco da mídia e a hipocrisia moralista
Há que se fazer menção à nojenta campanha de mídia contra Lula e, conseqüentemente, a favor de Alckmin. Desde maio de 2005, a agenda única do país é corrupção. Como vimos, não é porque haja mais corrupção, mas porque há claramente manipulação dos fatos em prol do candidato das elites.


 


Primeiro, buscaram sangrar o governo aos poucos, à fim de deixar Lula em inanição política ou, se o povo entrasse de gaiato, golpeá-lo do poder. Não conseguiram graças à força política do presidente e da robusta base social que lhe dá sustentação. Agora as elites, com a cumplicidade cínica da grande mídia, impõem uma agenda negativa de campanha, buscando não dar espaço às comparações entre governos e projetos de país e deixar Lula em permanente defensiva. A agenda negativa é a mesma e monocórdia agenda moralista.


 


Seria risível, por hipócrita que é, o brio moralista das nossas elites. Tanta indignação talvez não resistisse a uma auditoria independente na maioria das empresas privadas do país, mas isso é outro assunto. O que se vê é a velha manobra direitista de utilizar a corrupção como forma de desmoralizar governos que não servem aos seus propósitos. Não é de todo errado, portanto, quando Alckmin fala de uma incerta ''militância cívica'' que apóia sua candidatura. É a mesmíssima desavergonhada ''militância cívica'' udenista que levou Vargas ao suicídio, ou aquela que saiu às ruas, em marcha com a Família e com Deus, para apoiar o golpe militar de 1964.


 


É urgente responder às falácias travestidas de argumentos que vociferam os cardeais direitistas e que, com o respaldo do uníssono da grande mídia, ganham ares de verdade para parcelas do povo.


 


Politizar a campanha e ampliar os apoios. Tomar as ruas para ganhar nas urnas
É preciso ampliar as forças da candidatura Lula nesse segundo turno. As parcelas de centro-esquerda e de esquerda que estavam dispersas têm de se coesionar, refutando o discurso que traça um sinal de igual entre Lula e Alckmin. Em sã consciência não se pode admitir que um líder popular com a trajetória de Lula seja colocado no mesmo patamar do ''simpatizante'' do Opus Dei.


 


A agenda tucana para o Brasil todos sabemos: volta das privatizações, Alca, corte de investimentos sociais, retirada de direitos. O que está em jogo são as mudanças iniciadas no primeiro mandato e os avanços almejados para o próximo. Está em jogo, por exemplo, uma inserção altaneira do Brasil no mundo ou à submissão abjeta aos interesses das grandes potências. A política de integração da América Latina contra o alinhamento automático aos Estados Unidos. A ampliação da democracia ou o recrudescimento no trato com os movimentos sociais.


 


O debate de programa favorece nosso campo. A comparação de governos e projetos para o país é, para nós, imensamente positiva. Temos que politizar a eleição, mostrar que somos, sim, diferentes. Que não é à toa que Lula é o candidato escolhido pelos mais pobres e pelos movimentos sociais, enquanto Alckmin é o candidato dos ricos.


 


Igualmente importante é inflamar a campanha de rua. A militância deve estar preparada para enfrentar nas ruas as provocações da direita e mostrar que a candidatura de Lula tem amplo apoio popular.


 


Não ao candidato dos ricos! É Lula de novo, com a força do povo!


 


* Wagner Gomes é metroviário, membro da CSC (Corrente Sindical Classista) e vice-presidente nacional da CUT