Lula x Alckmin: o debate visto pela mídia latino-americana

Um giro pelas manchetes internacionais de alguns veículos de comunicação da América Latina nesta segunda-feira (9/10) mostra como os jornalistas de outros países observaram o debate entre os candidatos Lula e Alckmin. Enquanto a mídia brasileira abusou da

A reportagem do argentino Clarín definiu o debate como ''duríssimo'', mas a correspondente do jornal observou outros detalhes curiosos, especialmente no comportamento do candidato tucano. ''O ex-governador de São Paulo deu um tom de agressividade muito pouco freqüente na sociedade brasileira, colocando-se no limite do respeito, tratando Lula como mentiroso […] Foi então que Lula, em sua réplica, lhe disse: 'Não seja leviano. Assim você não vai convencer a ninguém'''.



A Agência Prensa Latina, de Cuba, destacou o caráter histórico do debate. ''Pela primeira vez na história um presidente brasileiro em exercício aceitou participar de um debate com seu principal oponente na televisão''. O site destacou também a diferença de posicionamento dos dois candidatos em relação à política externa do país, criticada por Alckmin em virtude das mudanças vividas pela Bolívia nos últimos meses: ''Não estamos mais na Guerra Fria. Não vou invadir a Bolívia e nem seguir a política de barbárie dos Estados Unidos contra o Iraque'', disse Lula, na fala reproduzida pela Prensa Latina.



O mexicano La Jornada focou sua reportagem no comportamento dos dois candidatos. Enquanto Alckmin procurou adotar um tom duro em todo o debate, ''Lula manteve sempre a calma diante do agressivo rival''. O texto aponta também que Alckmin soube ser duro quando tocou no assunto da corrupção, mas não manteve o mesmo tom quando perguntado a respeito da política de privatizações de seu partido.



O El Tiempo, da Colômbia, destacou o tom ''aguerrido'' dos dois candidatos, mas lamentou que grande parte da discussão tenha ficado presa a questões referentes à corrupção no país. ''Lula recebeu ataques por casos que envolveram seus colaboradores e replicou atacando Alckmin com episódios relacionados ao governo social-democrata''.



Críticas
No Uruguai, o El País optou por descrever a repercussão do debate. A matéria lembra da velha mania de ambos candidatos e suas respectivas equipes de declararem-se como vencedores. Entre outros, foram ouvidos Aldo Rebelo e Tarso Genro, pelo lado da candidatura de Lula, enquanto José Serra falou pelos tucanos.



No argentino Página 12, o que se viu foi uma crítica ainda mais dura aos dois candidatos. Com o título ''Um debate agressivo e sem propostas'', o texto critica o excesso de acusações mútuas entre Lula e Alckmin, mas não deixa de destacar que, após o segundo bloco, o petista ''soube responder melhor as acusações e comparou seu oponente a George W. Bush'', assegurando que as críticas de Alckmin em relação à política externa brasileira são coincidem com os motivos que levaram os Estados Unidos a atacar o Iraque.



Da redação
Fernando Damasceno