Diplomacia norte-coreana busca apoios no Brasil
Buscando clarear a posição da República Popular Democrática da Coréia (RPDC) com relação à crise nuclear iniciada em outubro pelos Estados Unidos, o embaixador Pak Hyok recebeu, em Brasília, na última semana, o secretário de Relações Internacionais do PCd
Publicado 31/10/2006 21:26
Durante a visita, Hyok detalhou a posição do país frente às investidas estadunidenses, que questionam o direito de o país asiático também possuir armas nucleares. O encontro faz parte de uma série de contatos que a diplomacia norte-coreana vem realizando no Brasil.
“O PCdoB luta pela abolição de todas as armas nucleares. O mundo nunca será pacífico enquanto o monopólio das armas estiver nas mãos das grandes potências e enquanto o imperialismo norte-americano usar suas armas para chantagear os povos e nações soberanas”, disse José Reinaldo. O dirigente comunista completou explicando que “o imperialismo não pode falar da desnuclearização da Península Coreana quando os Estados Unidos mantêm mais de mil ogivas baseadas na Coréia do Sul apontadas para a Coréia do Norte”.
O nó nuclear
Desde que deu início a seus testes nucleares, a Coréia do Norte vem sofrendo retaliações por parte do governo de George W. Bush. Embora seja um dos seis países que possuem armamento desta natureza – ao lado da Rússia, França, China, Reino Unido, Índia, Paquistão e Israel – os Estados Unidos questionam a legitimidade da arma nuclear alardeando o perigo que representaria para o mundo os testes dos norte-coreanos. Para pressionar o país asiático, Washington passou a exigir que a ONU interviesse através de um embargo comercial parcial à RPDC. O Conselho de Segurança da ONU votou no dia 14 de outubro a favor de impor sanções financeiras e de armas à Coréia do Norte, depois que ela realizou seu primeiro teste nuclear, no dia 9 de outubro.
Em resposta à ação da ONU, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores da RPDC divulgou documento em que classifica como “cruel” as sanções da organização. “Sendo uma ativa contramedida de caráter defensivo para salvaguardar a soberania do país, a vida e a segurança do povo frente à crescente ameaça da guerra nuclear e as manobras de sanção e pressão dos Estados Unidos, o exitoso teste nuclear de nosso país resulta em um exercício de direitos independentes e legítimos de um Estado soberano”, dizia a nota. Alegando ter realizado os testes dentro das normas internacionais, o ministério disse ainda que, por conta das ações norte-americanas, a Coréia do Norte se viu “obrigada a retirar-se legalmente do Tratado de Não Proliferação Nuclear”.
Numa reunião informal realizada recentemente em Pequim com representantes da Coréia do Norte, Estados Unidos e China – países que, ao lado de Coréia do Sul, Japão e Rússia estão envolvidos nas negociações – ficou acertada para breve a retomada do diálogo para o fim da crise.
Autodefesa
Em outro documento, datado de 3 de outubro de 2006, o ministério das Relações Exteriores da Coréia do Norte anunciou medidas que visavam incrementar as forças de defesa do país. A argumentação partia do princípio de que a “crescente ameaça de guerra nuclear e as cruentas manobras de sanção e pressão dos Estados Unidos hoje, na Península Coreana, violam gravemente os interesses supremos e a segurança do nosso Estado”. O documento explica as ações americanas como uma tentativa de “derrubar o sistema socialista escolhido pelo povo coreano ao encurralar e estrangular economicamente a RPDC” e, para isso, destaca, “empregam todos os recursos e métodos virulentos para internacionalizar a sanção e o bloqueio”.
Com relação ao conjunto de ações visando fortalecer as forças norte-coreanas de maneira a deter uma guerra, a nota destaca pontos como a continuidade dos testes “com garantias de segurança”, o compromisso de “nunca empregar armas nucleares primeiro, nem permitir a ameaça com estas armas e sua transferência”, e, por último, se compromete a “fazer esforços para realizar a desnuclearização da Península Coreana e promover o desarme nuclear no âmbito mundial e o desmantelamento total das armas nucleares”.
De São Paulo,
Priscila Lobregatte, com agências