Após conversa com Lula, presidente do PT sublinha coalizão
O presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, saiu da audiência de dirigentes petistas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira (16) com um discurso afinado com o do Planalto sobre a formação da próxima equipe ministerial. Sublin
Publicado 16/11/2006 18:31
O presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, saiu da audiência de dirigentes petistas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira (16) com um discurso afinado com o do Planalto sobre a formação da próxima equipe ministerial. Sublinhou o termo “governo de coalizão”, usado por Lula, e “como pregou o PT”. E afirmou que “o PMDB para nós não é problema, é uma grande solução”.
Os membros da Comissão Política Nacional do PT (órgão mais restrito que a Executiva) estiveram por quase duas horas com Lula, fundador, principal figura e presidente de honra do partido. “Lula enfatizou sua disposição de ter um governo de coalizão e que nós possamos avançar na questão da reforma política, que será importante não só para o país, mas também para o partido”, afirmou, ao fim da audiência.
“Participação não se mede com fita métrica”
Conforme Garcia, “o PT estava aqui não para reivindicar cargos nem discutir questões de varejo político, mas para discutir grandes orientações do segundo mandato”. E em outro trecho: “Não queiram impor uma problemática que não foi discutida. Não queiram fazer uma reunião que não houve.”
Os jornalistas queriam saber da participação petista no próximo governo. “O tamanho da participação do partido no governo não se mede com fita métrica, com aritmética vulgar, é através de um conjunto de fatores. A participação se mede pelo engajamento do governo com as políticas defendidas pelo partido e nesse sentido nós nos sentimos representados”, respondeu Garcia.
“O presidente saberá contemplar a todos”
Diante da insistência dos repórteres sobre o “espaço” do PT em relação ao PMDB, que deve integrar o novo governo com posições reforçadas, Marco Aurélio reiterou: “Não me obriguem a aceitar essa tese” de perda de espaço. “Tenho radical desacordo com essa visão geométrica dos senhores a respeito de espaço”, disse ainda.
Na fala que deu início à coletiva, ele já havia ironizado a visão “de arquiteto”, que mede o espaço no governo “em metros quadrados e metros cúbicos”.”O espaço de um partido não se mede em número de ministros e cargos, mas pelo engajamento nesse governo, pela política”, ainda Garcia. “O presidente saberá contemplar não somente o PT, mas todos os partidos que fazem parte da coalizão no segundo mandato”, afirmou.
“Foi uma reunião positiva, na qual foi reafirmada, da parte dele (Lula) e da nossa, a disposição de constituir um governo de coalizão, um governo fruto do segundo turno vitorioso, que aplastou a oposição no país”, afirmou ainda o dirigente petista. Mas em seguida atenuou a força do verbo: “Aplastou politicamente: ela (a oposição) terá vida institucional e espero que seja bastante ativa”.
Diretório Nacional será termômetro
Estiveram presentes ao encontro, além de Garcia, o deputado federal eleito Jilmar Tatto (SP), a deputada Maria do Rosário (RS), o secretário de Finanças do PT, Paulo Ferreira, o secretário de Relações Internacionais, Valter Pomar, o deputado estadual Renato Simões (SP), a líder do partido no Senado, Ideli Salvatti (SC), e os ministros Tarso Genro (Relações Institucionais) e Luiz Dulci (Secretaria Geral).
Esta representação compreende diferentes correntes e grupos de pressão no interior do partido. Muitas delas manifestaram nos últimos dias reivindicações de participação no governo e sentimentos de contrariedade quanto a um eventual crescimento da participação de forças aliadas. A julgar pelas declarações de Marco Aurélio Garcia, o PT enquanto partido pode não se somar ao movimento reivindicatório.
No fim da semana que vem (dias 25 e 26) o PT reúne em São Paulo o seu Diretório Nacional (DN). Marco Aurélio anunciou que Lula comparecerá à reunião. Será a primeira reunião pós-eleitoral da instância, que é superior à Executiva e à Comissão Política, e também mais diversificada, tanto em termos geográficos como de representação de tendências.
No DN ficará mais claro até que ponto o coletivo petista seguirá a linha pró-coalizão apontada na coletiva de hoje. “Nós somos um partido plural, todos podem ter sua opinião”, comentou Garcia, sobre as declarações recentes de petistas sobre o tema.
Com agências
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