Bucci desmente boatos sobre “partidarização” da Radiobrás
O presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci, disse em entrevista ao site Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim, que o governo federal não interfere na linha editorial dos veículos de comunicação mantidos pela Radiobrás. Bucci confirmou qu
Publicado 16/11/2006 17:25
“Eu não conheço alguém da direção do PT ou alguém que ocupe um posto-chave no governo que tenha feito restrição a essa nossa linha editorial”, disse Bucci. Segundo ele, a condução da Radiobrás, de forma independente ao governo, está baseada na lei.
Eugênio Bucci explicou que a Radiobrás é uma empresa pública que não tem atribuição de fazer assessoria de imprensa, Relações Públicas ou propaganda do governo. “A Radiobrás está a serviço do público, como uma escola pública está a serviço do público. Ela tem o dever de ser apartidária”, explicou Bucci.
Segundo Bucci, não há no governo a intenção de “partidarizar” ou aparelhar a Radiobrás. “Não há esta intenção no governo e não é possível esse aparelhamento”, disse Eugênio Bucci.
Veja a íntegra da entrevista de Eugênio Bucci:
Paulo Henrique Amorim: A notícia é que você entregou ao presidente – ou fez chegar ao presidente Lula – que vai deixar a Radiobrás. Você vai deixar a Radiobrás?
Eugênio Bucci: Paulo, o que eu fiz foi comunicar ao presidente Lula e ao ministro Luiz Dulci, dois dias após o segundo turno, que meu cargo de presidente da Radiobrás estava à disposição do governo. Eu acredito que, ao fim do mandato, estando já há três anos e dez meses presidindo uma estatal, é tempo de se reavaliar as coisas, cumprido o compromisso. E disse ao presidente, com cópia para o ministro, que eles podem dispor no meu cargo no momento em julgarem mais adequado.
Paulo Henrique Amorim: Você acha que está na hora de você deixar a atividade pública?
Eugênio Bucci: A minha sensação é que cumpri um compromisso. Eu fui convidado pelo presidente Lula e pelo ministro Gushiken para integrar a equipe da administração indireta – porque uma estatal não é da administração direta – durante o primeiro governo. Portanto, este compromisso está cumprido. E este é o melhor momento para que o presidente, num momento de vitória, para ele reavaliar quais são as pessoas da nova equipe. Eu sinto que cumpri meu compromisso segundo o que tínhamos falado há quatro anos e tenho uma sensação de realização muito grande, uma alegria intensa com relação a tudo que pudemos fazer ali.
Paulo Henrique Amorim: E se o presidente Lula disser que você tem que ficar?
Eugênio Bucci: Ah não, Paulo Henrique, isso é uma especulação que até atrapalharia o meu raciocínio. Acho que a minha oferta é a de que ele disponha do meu cargo.
Paulo Henrique Amorim: Você disse que nestes três anos e dez meses você fez um trabalho do qual você se orgulha. Do que você se orgulha mais à frente da Radiobrás?
Eugênio Bucci: Eu enfrentei uma situação de uma empresa com inúmeras dificuldades orçamentárias, até mesmo de destinação, ou seja, de clareza com relação à sua própria missão. E, ao longo destes três anos, em primeiro lugar, eu reuni uma equipe da qual me orgulho muito. Entre eles o Celso Nutti, ex-diretor de desenvolvimento editorial da Editora Abril, um dos maiores expoentes de planejamento editorial do nosso país; o Pedro Frazão, que é o nosso diretor financeiro, também fez carreira na Abril e esteve conosco algum tempo na diretoria comercial Carlos Chinapi, agora está o José Alberto da Fonseca, ex-vice presidente da Sales, um profissional de grande respeitabilidade no mercado; Henri Cobata, que também fez carreira na Abril como diretor de tecnologia da informação, diretor de serviços editoriais; também temos um diretor jurídico que é um talento jovem e ao mesmo tempo de grande maturidade, com experiência, doutorando na PUC-SP, que é o doutor Bruno Vichio; nosso diretor de operações é um quadro de carreira da Radiobrás, Roberto Gontijo, é um dos melhores operadores do Brasil. Com isso nós capacitamos a Radiobrás, o jornalismo começou a trilhar o caminho da objetividade e o impensável começou a acontecer. Até prêmios de jornalismo os jornalistas da Radiobrás colecionam. Nós temos um aumento expressivo dos meios de comunicação que usam o conteúdo da Radiobrás. É muita coisa, são cerca de 200 notícias por dia na internet, nas duas agências que temos; são 90 horas de televisão por semana, quase tudo reportagem e informação. São vários canais, emissoras de rádio. Isso tudo me enche de orgulho, sobretudo a quando vejo a auto-estima da casa e a cabeça erguida dos profissionais que lá estão.
Paulo Henrique Amorim: Você disse uma palavra-chave nesta conversa que é o fato de você considerar que fez um jornalismo objetivo. Você de alguma maneira sofreu pressão ou recriminação do governo ou de membros da base parlamentar, de petistas, quanto à objetividade da Radiobrás, que dava notícias inclusive que não eram do interesse do governo?
Eugênio Bucci: Surgiram informações a este respeito e eu tenho que dizer que eu não conheço ninguém da direção do PT ou peça-chave do governo, que tenha feito restrição a essa nossa linha editorial. Porque ela está baseada estritamente na lei. A Radiobrás é uma empresa pública que não tem a função de fazer assessoria de imprensa, de fazer relações públicas ou propaganda do governo. Propaganda do governo é de competência de um órgão da administração direta, no caso a Secom. A assessoria de imprensa do presidente é de uma secretaria vinculada diretamente à própria presidência da República, e assim por diante. A Radiobrás administra um conjunto de emissoras de rádio e televisão que está sujeita aos princípios e determinações legais que servem a todas as outras emissoras. Ela não pode sonegar uma informação de grande relevância para o público, e nós trabalhamos a partir destas diretrizes e elas atendem às melhores expectativas da idade atual da democracia no Brasil e às necessidades e direitos do cidadão. Uma empresa pública de comunicação não pode ser tratada, como infelizmente são muitas delas, como se fosse uma assessoria particular do chefe de governo, dos ministros e das autoridades. Ela não é uma instituição de assessoria pessoal, ela está a serviço do público, como um hospital está a serviço do público, como uma escola pública está a serviço do público. Não há diferença, portanto o critério deve ser público. E para ser público, para ser condizente com o princípio da impessoalidade, que é constitucional, ela tem o dever de ser apartidária. Não é ‘mais apartidária’. É apartidária, ponto. Não pode ser diferente. Eu nunca conheci alguém do PT ou do governo dizendo que tem que ser apartidária. O que acontece é que muitas vezes, em algumas coberturas, surgem insatisfações, isso acontece nos veículos da Radiobrás e acontece… eu fui diretor da Superinteressante, acontecia na Superinteressante. Fui diretor da Quatro Rodas, acontecia na Quatro Rodas. Fazia colunas de jornais, acontecia. Você está lidando com conflitos, com opiniões diferentes. Mas é da natureza e da normalidade deste tipo de trabalho.
Paulo Henrique Amorim: Se você sair da Radiobrás, você teme que o governo Lula e o PT aparelhem, partidarizem a Radiobrás?
Eugênio Bucci: Não temo e não considero possível, a democracia não vai permitir. Temos ali uma empresa com seis emissoras de rádio, três de TV, duas agências de notícias, não seria possível. Além disso, tenho que deixar aqui muito claro, não há esta intenção no governo. Eu não conheço esta intenção. Eu não sei quem alega alguma pressão.
Paulo Henrique Amorim: O senador Suplicy deu uma declaração ao Estadão dizendo que ele temia o aparelhamento da Radiobrás.
Eugênio Bucci: Eu acho que ele não disse que teme, o que me parece que ele disse é que defende a linha de objetividade e apartidarismo que foi adotada nesta gestão.
Paulo Henrique Amorim: Você é um jornalista – que não vou chamar de experiente para não dar idéia da sua idade, você é tão jovem – mas você já viu muita coisa em jornalismo. Como você vê o papel da Radiobrás numa situação como a que o presidente Lula viveu no primeiro mandato, e provavelmente viverá no segundo, que é a quase completa oposição dos órgãos de imprensa, com pequenas exceções? Falo principalmente da mídia impressa. Com se sai dessa?
Eugênio Bucci: Isso é um dado da configuração da imprensa no país e isto não deve impactar – no sentido positivo ou negativo – a administração de uma empresa pública no que se refere a seus deveres. Um dos equívocos que podem ocorrer é alguém imaginar que os órgãos públicos devam atuar como uma espécie de contrapeso em relação a um equilíbrio virtual que se estabeleça na sociedade. Isso é um equívoco. O que deve pautar a conduta da informação produzida pela empresa pública de comunicação é o princípio objetividade. Eu sei que muitos apontam ‘senões’ com relação a esta palavra, mas eu insisto que, embora em conheça muitos destes ‘senões’ e comungue com algumas restrições – sei que é impossível, sei que a subjetividade sempre aparece de uma maneira ou de outra – temos que nos lembrar que a objetividade numa empresa pública é o melhor parâmetro para impedir que a opinião ou a interpretação direcionem informações que são de direito do cidadão. A informação produzida pela Radiobrás não é opinativa, não é interpretativa até onde o limite humano consegue preservá-la, até onde as ferramentas de edição, apuração, conseguem ser eficientes para impedir que uma visão ideológica, partidária ou de governo, que estas coisas interfiram na qualidade do que é feito. O filé mignon da Radiobrás é o arroz com feijão. O que ela tem de melhor para fazer é fornecer informação em primeira mão, exclusiva e básica, para que depois outros veículos e cidadãos possam formar sua opinião, trabalhar em cima. E isso estamos conseguindo fazer em várias áreas. Nós informamos antes e com a devida profundidade. Onde entra mais a questão da objetividade, é algo que eu quria citar. Nós nunca publicamos nada sem fonte autorizada e declarada.
Paulo Henrique: Não tem off na Radiobrás?
Eugênio Bucci: Não tem off. A Radiobrás não tem off. Nenhuma informação assim: “o presidente dará uma entrevista amanhã…”. Se não tem fonte, essa informação não vai para o ar. Você não vê mais aquela coisa que aparecia antes assim: “a Radiobrás informou que o presidente viaja amanhã…”. Nós fizemos um grande trabalho para deixar muito claro que a Radiobrás não é fonte de informação, ela é veículo. Ela busca informação junto à fonte autorizada. A Radiobrás sequer é governo. Ela é uma empresa da administração indireta, cuja direção é nomeada pelo governo. Essa sutileza faz toda a diferença quando nós estamos falando de objetividade da informação.
Paulo Henrique : Outra coisa, Eugênio. Você acha que tanto a Radiobrás quanto o governo – me permita aí falar do governo – precisariam dar um salto tecnológico em direção à divulgação de informação via internet?
Eugênio Bucci: Eu tenho certeza de que sim. Vivo a experiência que me afirma enfaticamente que sim. Nós precisamos levar em conta que informação não é mercadoria, não é um luxo, não é enfeite, não é figurinha colorida que se compra numa banca ou que se vê na televisão aberta – engraçado que as pessoas vêem a televisão aberta achando que ela é de graça. Ela não é. Mas a informação é um direito. E no nosso país, Paulo Henrique, eu pude ver, nós abrimos agora uma emissora em Tabatinga, no extremo oeste do estado do Amazonas, onde não há emissoras brasileiras. As pessoas ouvem cotidianamente emissoras em FM da cidade de Letícia, na Colômbia. Porque Tabatinga fica ali no limite, na fronteira. E a comunidade precisa de comunicação. E nós vemos que em muitas regiões, em muitas camadas da população brasileira, há bolsões de desinformação. Eu designo dessa forma: bolsões de desinformação. O que quer dizer que as pessoas estão condenadas à desinformação. Ora, havendo desinformação existe uma assimetria gravíssima no que se refere ao exercício dos direito. E a democracia sequer funciona onde há desinformação. Em vários lugares, a atividade de reportagem não é uma atividade economicamente interessante, ela não tem viabilidade de mercado, viabilidade econômica. Então, não estou falando de todo tipo de informação, mas aquela informação que diz respeito a direitos das pessoas, desde a vacinação, mas não estou falando apenas de vacinação, estou falando de corrupção que precisa ser noticiada, estou falando de apuração de corrupção, identificação dos candidatos, em quem votar, como votar, que horas votar, como avaliar a performance dos que foram eleitos e tudo isso. Isso precisa ser informado. Em muitos lugares, só a informação produzida na empresa pública pode alcançar essa população. Nós temos uma rádio de ondas curtas na Amazônia, que cobre toda a Amazônia, Nacional Amazônia, que recebe Paulo Henrique, veja só, uma emissora em ondas curtas, nós recebemos mais de duas mil cartas por mês dos ouvintes dessa emissora. Só ela consegue alcançar essa população. Então em muitos casos é preciso produzir informação para alcançar as pessoas. Ora, cada vez mais a internet está presente na vida brasileira, em várias faixas de renda e a internet gera efeito multiplicador. Nós temos um atraso tecnológico na distribuição desse tipo de informação. Então, se nós entendermos e assumirmos que informação é gênero de primeira necessidade, informação é um direito tão importante quanto educação, quanto saúde ou em algumas situações é precedente em relação aos outros, porque é a partir da informação que o sujeito busca o que lhe é de direito, nós precisamos ter sistemas apartidários, objetivos, impessoais de informação com grande tecnologia. Nós temos hoje condições de distribuir vídeo, por exemplo, mas não temos tecnologia para fazê-lo. Então são dois caminhos: é preciso ter um incremento tecnológico e é preciso haver uma congregação, uma reunião, cooperação entre todas as emissoras públicas no Brasil.
Paulo Henrique: Você acha isso possível?
Eugênio Bucci: É possível, eu trabalhei bastante nisso. Nós criamos a Associação das Emissoras Públicas de Rádio, que não existia. É a ARPUB (Associação das Rádios Públicas do Brasil). E eu também acabei entrando com a Radiobrás, com a TV Nacional na Associação Brasileira das Emissoras Públicas e Culturais, que é a ABEPC. A Radiobrás não fazia parte dessa associação. E agora, no Ministério da Cultura, nós estamos convocando – e eu participo do grupo executivo desse fórum – um fórum das TV’s públicas para discutir a situação das TV’s públicas e ver o que elas têm em comum e onde elas podem se ajudar e que políticas públicas elas podem propor. Nós já fizemos várias reuniões com a ABEPC, com as associações das TV’s universitárias, com as TV’s comunitárias. Está vindo aí um livro que é um relatório, que é um caderno de debates que vai ser lançado até o fim do mês com um diagnóstico sem precedentes desse setor. É um terreno muito difícil, mas que é possível. É possível essa associação.
Paulo Henrique: Deixa eu só fazer aqui uma pitada de incredulidade desse seu raciocínio. Eu trabalhei, como você sabe, durante algum tempo na Fundação Padre Anchieta e fiz com muito prazer e com orgulho um programa na TV Educativa aqui de São Paulo.
Eugênio Bucci: Eu me lembro, estive lá com você e gostava.
Paulo Henrique: Isso. E eu trabalhei durante a gestão Covas. E devo dizer que nessa época eu não percebi, não vi, não senti, nenhum. Eu quero dizer NENHUM, com caixa alta. Nenhum tipo de pressão, sugestão, interferência do governo Covas no meu programa ou em qualquer programa jornalístico da TV Cultura naquela época. Gestão do Jorge Cunha Lima e Marco Antônio Coelho Filho. Não houve, parecia que Covas não governava São Paulo. Porém, a gente conhece da história da TV Cultura de São Paulo e teme que no futuro da TV Cultura de São Paulo essa pressão esteja atrás da porta. Como nós tínhamos notícias lá de que nas TV’s educativas estaduais, elas eram isso que você acabou de dizer aí, instrumento da assessoria de relações públicas, da assessoria de imprensa, da assessoria pessoal dos governadores. Os governadores entravam no ar nas TV’s educativas dos estados com a maior naturalidade. “Me dá aí, vamos entrar no ar agora que o governador precisa falar isso aqui…”. Você acha possível, de fato, impor ou persuadir as TV’s públicas estaduais com esse tipo de raciocínio, esse tipo de filosofia, que você imprimiu na Radiobrás na sua gestão?
Eugênio Bucci – Eu acho totalmente possível. E a gestão da qual eu participei é uma prova disso. E o que nós fizemos lá nós não fizemos contra o governo, nós fizemos sob a supervisão legal, nos termos da lei do governo, porque uma empresa pública da administração indireta tem que ser por lei supervisionada, controlada e coordenada pelo ministério ao qual ela se vincula. Na época era a Secom e hoje é a Secretaria Geral. Isso é legal, estou falando nos termos da lei. Existe também um conselho de administração que em sua maioria é nomeado pelo governo. Em sua totalidade é nomeado pelo governo, porque eu sou membro nato, mas eu sou presidente da Radiobrás, escolhido pelo presidente da República e pelo seu ministro de Estado. E há vários mecanismos de supervisão. O que aconteceu na Radiobrás e que avançou nitidamente nessa direção, avançou, aconteceu sob a supervisão do governo federal. Não foi um acidente o que aconteceu na Radiobrás. Eu estou lá há quatro anos, ou três anos e dez meses. Eu vou dar alguns exemplos: a TV Nacional, TV de sinal aberto do Distrito Federal, que corresponde a uma TV educativa do Distrito Federal. Melhor dizendo, é a TV Educativa do Distrito Federal. Essa televisão, até algum tempo atrás transmitia atos oficiais do governo. Nós interrompemos essa prática. Passamos a exibir programas de dez estados diferentes. Vários programas de debates políticos com várias posições. Isso aconteceu normalmente sem nenhum tipo de recriminação. Outra coisa: nós criamos na Radiobrás um programa de televisão chamado Diálogo Brasil, apresentado pelo Florestan Fernandes Junior, que é um programa exibido em todas as TV’s educativas ou em praticamente todas as TV’s educativas do Brasil e sempre tem alguém do governo e alguém da oposição falando, dentro da Radiobrás e exibido voluntariamente em outras emissoras. Isso é inédito dentro da história da Radiobrás, mas se incorporou à vida normal da Radiobrás. Nós criamos em parceria com a TV Câmara um programa chamado Ver TV, apresentado pelo Laurindo Lalo Leal Filho, que discute abertamente temas da televisão, mesmo temas delicados. E isso tudo é natural. Agora, há uma mudança de cultura, é claro que há uma mudança de cultura. Existem idas e vindas. Você dá um depoimento de que no seu tempo não havia interferência do governo, mas também concede que essa pressão pode estar logo atrás da porta. É preciso mudar essa cultura e o processo de mudança da cultura ele é mais lento, ele tem idas e vindas. Eu acredito que isso é possível porque em outras democracias isto se fez. No Brasil, nós estamos caminhando nessa direção e a opinião pública em breve não vai mais aceitar aparelhamento da informação feita com equipamentos públicos, do mesmo jeito que já não aceita o aparelhamento no hospital ou numa escola. Isso acontecerá. Ora, quando a gente fala em democratização dos meios de comunicação, nós precisamos levar em conta que isso também precisa começar pelos meios de comunicação das instituições públicas.
Paulo Henrique – Agora, Eugênio, rapidamente, quais são as principais emissoras e atividades da Radiobrás para que o nosso internauta tenha uma idéia simplificada do alcance da Radiobrás?
Eugênio Bucci – Olha, as pessoas conhecem a Radiobrás por causa da Voz do Brasil. É uma operação que nos ocupa ali, claro que toda a reportagem da Radiobrás, mas tem umas 12 pessoas mais diretamente envolvidas e que fazem várias outras coisas também dentro da Radiobrás. E a Radiobrás só faz 25 minutos da Voz do Brasil, os primeiros 25 minutos. Os outros são feitos pela Câmara e pelo Senado. Agora, o que tem a Radiobrás? A Radiobrás tem duas emissoras de rádio importantes em Brasília. A Nacional FM de Brasília é uma das referências em programação musical para todo o Brasil. A Nacional AM é mais jornalística e com alguns programas destinados a regiões mais profundas do Brasil porque ela é uma emissora com sinal muito forte. Temos a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que este ano foi restaurada, recuperada com um acordo que nós fizemos com a Petrobras. E está lá o auditório, tem programas no auditório, ela está em franca renovação e se renovando progressivamente. Os transmissores, os estúdios, tudo isso foi recuperado. Nós temos três emissoras de televisão. A NBR, onde o telespectador do cabo pode ver notícias do governo federal, assim como existe a TV Câmara e a TV Senado que dão notícias dessas Casas e a TV Justiça, vinculada ao Supremo. A NBR dá informações sobre o governo federal e transmite atos oficiais do presidente da República. E temos a TV Nacional, uma TV estritamente pública, não governamental.
Paulo Henrique – A TV Nacional entra na TV aberta ou entra no cabo?
Eugênio Bucci – A TV Nacional entra apenas em TV aberta. Alguns programas dela são exibidos por outras emissoras educativas do Brasil. E criamos este ano, a TV Brasil, Canal Integracion, que começou a transmitir há pouco mais de um ano conteúdos em espanhol e português com cerca de 45 parceiras em todo o continente. Então essa TV recebe programas de todo o continente praticamente. Já é exibida 24 horas por dia, em algumas boas dezenas de operadoras a cabo no continente sulamericano e na América Central e ainda não está num canal 24 horas por dia no Breasil, não conseguimos ainda esse canal. E temos também duas agências de notícias, a Agência Brasil e a Rádio Agência Nacional, que é uma agência de notícia com conteúdos para rádio. E há uma série de outros serviços que a Radiobrás faz. É uma empresa com 1150 funcionários que produz tudo isso e presta ainda uma série de outros serviços.
Fonte: Conversa Afiada