PCdoB/AM protesta contra cláusula de barreira  

A cláusula de barreira foi motivo de protesto, na manhã de ontem, no plenário Ruy Araújo, da Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas. PCdoB, PRB, PV e P-Sol foram os responsáveis pela manifestação, que teve repercussão em toda a mídia local.

 


Presidentes das siglas, vereadores e deputados, lideranças sindicais, estudantis, juvenis, de mulheres e comunitárias participaram do ato público que reuniu aproximadamente 200 pessoas e lotou o plenário e a galeria da ALE.


 


As organizações da sociedade civil demonstraram solidariedade e disposição para se engajar na luta em defesa da democracia e da livre organização partidária. Se dispuseram, inclusive, a liderar campanha para denunciar o ataque aos pequenos partidos, coletando milhares de assinaturas para a elaboração de uma emenda popular para derrubar tal dispositivo.


 


Para a presidente da Federação Comunitária e Desportiva do Amazonas (FCDA), Lindalva Rocha, está na ordem do dia a luta das comunidades contra a cláusula de barreira. “É uma medida espúria, anti-democrática, que vai contra os anseios de mudança da população”, comentou. Ela especulou o possível impedimento do PCdoB – principal porta voz dos movimentos sociais – em defender suas bandeiras, na ALE e Câmara de Vereadores de Manaus.


 


Como forma de reconhecer a importância da luta dos pequenos partidos que não alcançaram a cláusula de barreira, o presidente da Casa Legislativa, Belarmino Lins (PMDB), participou da abertura do ato público.


 


O deputado estadual e membro da direção nacional do PCdoB, Eron Bezerra, afirmou que, a cláusula no Brasil, não passa de uma “trama que visa a suprimir a democracia”. Ele afirma que os partidos ameaçados lutarão nas esferas judicial, política e popular para denunciar o golpe.


 


Segundo o deputado comunista, não há nenhuma legenda que possa ser considerada “um grande partido” no Brasil. “Vide o PMDB. Só teve 15% dos votos e é considerado o maior do País. Para ser considerado um grande partido é necessário ter 40%, 50% ou 60%”, enfatizou.


 


Segundo ele, o PCdoB elegeu 13 deputados federais e dois senadores, mas corre o risco de desaparecer. “O PRB, por exemplo, elegeu o vice-presidente da república, mas não serve para nada, conforme a cláusula de barreira. O P-Sol recebeu 6% dos votos do País e também não serve para nada”, explicou.


 


Eron deixou claro que, embora a cláusula os obrigue a fusão, o PCdoB não deixará de existir. “Nós temos um programa. Não dá para se misturar às outras legendas como numa salada”, disse.


 


O representante do PV, Everaldo Farias, compartilha da mesma opinião de Eron. “Nosso país precisa de uma reforma política democrática e pluripartidária. Somando o PT, PMDB, PSDB e PFL não dá nem 50% dos votos dos eleitores”, afirmou.


 


O presidente do P-Sol, Gerson Medeiros, classificou a cláusula como um “atentado à liberdade e à democracia”. Já o deputado Carlos Alberto, do PMN, se solidarizou com os membros dos partidos ameaçados pela cláusula de barreira. “Embora não faça parte das legendas que passam por problema, quero desejar que todos sejam bem sucedidos”, comentou.


 


“PCdoB não aceita, não pode e não quer ser tratado como sigla de aluguel”


O presidente do PCdoB/AM, Antônio Levino, diz que a história de partidos como o dos comunistas não deve ser jogada no lixo. “Foi por não concordar com idéias atrasadas que partidos como o nosso surgiram. Essa assembléia jamais foi a mesma depois que elegemos Eron para atuar aqui dentro”, disse.


 


Segundo ele, o maior exemplo de legendas de aluguel é o PFL que “tudo faz para eleger seus representantes”. “O PCdoB não aceita, não quer e não pode ser tratado como sigla de aluguel”.


 


Antônio Levino cobrou posicionamento claro do PT ante a cláusula de barreira que ameaça seu principal aliado (PCdoB) na base de sustentação do governo Lula.


 


De Manaus,


Mariane Cruz