Educadores debatem estratégias para valorização profissional
Estratégias para valorização e formação dos professores da rede pública estiveram entre os principais assuntos debatidos por profissionais da educação convidados para a abertura do Fórum Interinstitucional sobre Educação Pública, realizado nesta segunda-f
Publicado 18/12/2006 23:43 | Editado 04/03/2020 16:37
Durante o encontro, foi destacada a necessidade de avaliação dos professores e gestores como mecanismo para diagnosticar problemas e prioridades no setor. “Uma avaliação deve servir como um ponto de partida. Muitos dos problemas que se supõem serem problemas de aprendizagem, na verdade, são de ensino”, defendeu Ana Maria Iório Dias, pró-reitora de Graduação da Universidade Federal do Ceará (UFC). Para o deputado Artur Bruno (PT), presidente da comissão de Educação, Cultura e Desporto da Assembléia Legislativa, a avaliação é uma boa ferramenta para que os docentes conquistem o “respeito da sociedade”. “Ao mostrar os resultados e buscar a melhoria do trabalho, conseguiremos maior apoio dos pais de alunos para nossas próprias demandas”, argumentou o parlamentar.
A necessidade de melhor formação profissional foi abordada pelo diretor do Centro de Educação da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Nelson Arruda. Segundo ele, é preciso analisar a situação de disparidade entre a formação docente, que recebe cada vez mais incentivos dos governos, e o baixo nível de aprendizagem dos alunos. “As universidades e os professores têm que discutir
o que está havendo”, afirmou ele.
Segundo Ana Iório, há necessidades que, se contempladas, poderiam contribuir para uma melhoria no ensino. “Pouco se vê, por exemplo, a existência de livros voltados para professores nas bibliotecas das escolas. É preciso um suporte pedagógico bom, o docente não pode ser cobrado sozinho”, defendeu ela.Para o vice-presidente do Sindicato Apeoc, Reginaldo Pinheiro, uma melhor qualificação deve, necessariamente, estar associada a melhores condições de trabalho para educadores. “Como alguém pode buscar formação tendo que passar por jornada tripla de trabalho, de manhã até a noite?”, questionou. Ele afirmou, porém, ver uma melhor perspectiva para a categoria com a aprovação da Lei do Fundeb, que aponta para uma maior quantidade de investimentos no setor e o estabelecimento de um piso salarial nacional para a categoria.
“Não é possível avançar sem uma política definida de cargos e carreiras, de ascensão funcional”, afirmou Nelson Arruda. “Vemos, com freqüência, pessoas que abandonam a profissão por conta das condições precárias. Muitos até chegam a correr risco de vida com a violência nas escolas onde atuam”, enfatizou. A defesa de melhores condições de trabalho recebeu apoio do vice-reitor da Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA), Gregório Maranguape. “Hoje, a maioria de nossos professores do Interior ministram aulas por vocação mesmo, porque os salários são muito baixos. Isso tem que ser mudado, toda categoria tem direito a ter seu piso salarial”, disse ele. Gregório também cobrou uma política específica para suprir a carência de profissionais em determinadas áreas, como matemática, física e química.
No encerramento do debate, o deputado Chico Lopes (PCdoB) conclamou os profissionais da educação a “buscarem estímulo” para a defesa do setor. “Esta é a nossa profissão e não podemos nos limitar apenas à discussão salarial. Há várias outras questões de fundo”, defendeu Lopes.
Fonte: Coordenação de Comunicação da Assembléia Legislativa