Foro de São Paulo termina pregando unidade latino-americana

Por Altamiro Borges*, de San Salvador


O ato de encerramento do Foro de  São Paulo, realizado no domingo (14/01) num estádio lotado de San Salvador, foi um momento emocionante de reforço à unidade e à luta das forças de esquerda e progressi

Antes da leitura das resoluções finais, os participantes cantaram o hino de El Salvador e o ''hino da unidade dos povos latino-americanos''. Também ouviram várias músicas revolucionárias executadas por três grupos artísticos – um de El Salvador e dois da Venezuela.


 


Na seqüência, foram apresentadas as 16 moções aprovadas no encontro – contra o criminoso bloqueio a Cuba; em solidariedade ao povo rebelado de Oaxaca; contra a política migratória dos Estados Unidos e seu ''muro da morte''; em apoio a Evo Morales para Prêmio Nobel da Paz; pela solução negociada do conflito armado na Colômbia; pela retirada das tropas de agressão no Iraque e contra o bárbara execução de Saddan Hussein; em defesa da reunificação da China; entre outras.


 


O futuro socialista
Quatro delegações estrangeiras, três delas de fora do continente, fizeram saudações especiais aos presentes. O primeiro foi o representante do PC da China – que, num fluente espanhol, desejou, ''em nome do povo chinês, do governo e do Partido Comunista, êxitos a integração dos povos deste continente e êxitos aos companheiros da revolucionaria FMNL nas eleições de 2009''. Já o representante do PC do Vietnã afirmou estar ''impressionado com a unidade alcançada pelos partidos membros do Foro de  São Paulo. Ela é fundamental para o avanço das esquerdas nesta região''.


 


O representante do governo da Líbia trouxe ''a solidariedade do presidente Muamar Kadaf aos esforços dos partidos de esquerda pela integração regional''. Por último, o dirigente do PC de Cuba apresentou a ''saudação internacionalista, revolucionária e socialista do povo cubano, do Partido Comunista e do comandante Fidel Castro aos participantes do Foro. O futuro dos nossos povos depende da integração da região, e o futuro da região pertence ao socialismo''.


 


Os desafios da integração
Apos a execucao de varias músicas em homenagem ao legendário líder revolucionário de El Salvador e dirigente da FMLN, Schafik Handal – que faleceu em janeiro do ano passado -, alguns membros do Grupo de Trabalho do foro fizeram breves intervenções. Entre eles, os dirigentes da FMLN, do PC do Chile, do movimento pela independência de Porto Rico, do Pólo Democrático da Colômbia e da Frente Ampla do Uruguai.


 


Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais do PT e coordenador-executivo do Foro de  São Paulo, agradeceu a hospitalidade do povo salvadorenho e destacou as principais resoluções do encontro. ''O avanço das forças de esquerda e progressistas em nosso região e o processo de integração dos nossos povos são marcados por muitas contradições. Chegamos aos governos de vários países, mas não podemos subestimar da capacidade das forças de direita e do capital'', disse Pomar. ''Para avançar ainda mais, é indispensável a nossa unidade, é preciso cultivá-la sempre. É preciso saber combinar a luta eleitoral, as lutas sociais e as ações dos nossos governos. Ou caminhamos todos juntos no rumo da integração, ou nenhum de nossos países se libertará sozinho''.


 


Resoluções
A resolução final do encontro está disponível no site da FMLN (clique aqui para ler). Num primeiro bloco, antes de descrever, brevemente, a realização  dos quatros painéis de debates e de várias oficinas, o texto apresenta os números finais do encontro:


 


''De 12 a 14 de janeiro de 2007, reunidos em San Salvador, El Salvador, com a Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional como anfitriã, se desenvolveu o 13º Encontro do Foro de  São Paulo com a participação de 596 delegados, 219 deles representantes de 58 partidos e movimentos políticos, sociais e igrejas, procedentes de 33 países e 54 convidados de outras regiões de mundo''.


 


O segundo bloco apresenta uma leitura otimista sobre os avanços das esquerda na América Latina e Caribe. ''Em que pese que o neoliberalismo segue sendo a doutrina hegemônica imposta pelos centros de poder mundial, o enfrentamento em ascenso dos povos as suas seqüelas de concentração da riqueza e de massificação da exclusão social favorece uma acumulação política sem precedentes por parte das esquerda latino-americana'', afirma a resolução.


 


Segundo o foro, ''esse enfrentamento é um dos fatores fundamentais que explicam os triunfos eleitorais mais recentes colhidos pela esquerda latino-americana e caribenha''. Num enfoque plural e amplo, são apresentadas as várias vitórias e açoes destes governos de esquerda e progressistas.


 


Condições propícias
Por último, o documento apresenta o plano de ação dos partidos de esquerda e centro-esquerda do continente, com destaque para a luta contra o neoliberalismo, o combate ao imperialismo e a busca da integração regional soberana. ''Os avanços no terreno político e eleitoral criam condições favoráveis sem precedentes para avançar até a derrota política e ideológica definitiva do neoliberalismo em nossa região'', sustenta o texto.


 


A resolução finaliza com uma importante ressalva: todos esses avanços ''ao mesmo tempo comprometem os partidos e os movimentos políticos de esquerda a atuar de acordo com as expectativas depositadas neles pelo povo, sob pena de que seus governos sejam somente um breve lapso de tempo no qual se recicle a dominação neoliberal''.


 


* Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB e editor da revista Debate Sindical