Chávez e médico reafirmam que estado de Fidel não é grave

A saúde do presidente licenciado de Cuba, Fidel Castro, voltou a ser alvo de especulações, por conta de uma notícia veiculada pelo El País nesta terça-feira (16/01). Segundo o jornal madrilenho, o estado de Fidel é “muito grave”. A informação, po

“Qualquer declaração que não seja da equipe médica (de Fidel) não tem fundamento”, afirmou Sabrido, chefe de cirurgia do hospital Gregorio Marañon de Madri. Assim o médico refutou a versão publicada no El País, segundo a qual “uma série de atuações médicas equivocadas agravou o estado de Fidel”.


 


Sabrido viajou a Havana em dezembro, quando examinou Fidel no lugar não-revelado, onde o presidente convalesce, após a operação à qual foi submetido e anunciada em agosto passado. Nesta terça, o médico concedeu entrevista coletiva na capital espanhola, onde negou que o presidente sofra de algum tipo de câncer ou doença terminal – versão na qual a imprensa norte-americana tanto insistiu nos últimos meses.


 


O El País atribuiu o estado de saúde de Fidel a “uma grave infecção no intestino grosso, pelo menos três operações equivocadas e várias complicações”. De acordo com o diário – que cita como origem da informação duas “fontes médicas do hospital Gregorio Marañon de Madri” -, Fidel “está debilitado com um prognóstico muito grave”.


 


Falácia imperialista
A exemplo de Sabrido, também Hugo Chávez se pronunciou sobre a reportagem. Segundo o presidente venezuelano, Fidel passa por um lento processo de recuperação, que não está isento de riscos. Chávez também disse que o “imperialismo” está empenhado em matar seu aliado cubano, mas que Fidel “nunca morrerá”.


 


Em visita ao Equador, o líder venezuelano reiterou que Fidel “não está (em situação) grave como dizem, nem tem câncer”. Segundo Chávez, “é um lento – ele mesmo diz – um lento processo de recuperação, não isento de riscos. São 80 anos (a idade de Fidel)“.


 


Chávez disse ter conversado há “oito ou dez dias” com aquele que considera seu mentor ideológico. “Falei com ele mais de meia-hora por telefone – e falamos normalmente”, destacou. Fidel está afastado do poder desde 31 de julho por causa da doença, cuja origem nunca foi oficialmente revelada.


 


Um diplomata cubano disse na segunda-feira que Fidel tem problemas de cicatrização na ferida deixada pela primeira cirurgia intestinal que sofreu. O governo cubano não comenta o estado de saúde de Fidel, mas deixa claro que o socialismo não depende da sobrevivência de seu líder.


 


Constatação ou torcida?
Os rumores sobre a saúde do chefe da Revolução Cubana têm gerado depoimentos que, por vezes, soam mais como torcida do que evidência. Segundo os Estados Unidos, ao líder cubano sobram “meses, e não anos de vida”. Havana garante, no entanto, que o presidente se recupera, embora não se sabe quando vai reassumir o poder do país.


 


O anticastrista Rigoberto Carceller, dirigente de uma organização de exilados cubanos na Espanha, sustenta – sem dar prova alguma – que Fidel está em estado “gravíssimo” ou já morreu. Carceller diz possuir informações desde Havana, enquanto os médicos que atendem o presidente estariam “completamente isolados, assim como seus familiares”.


 


Em sua última mensagem divulgada, em 30 de dezembro, Fidel cumprimentou o povo cubano pelos 48 anos do triunfo da revolução em 1º de janeiro, e assegurou que sua recuperação está “longe de ser uma batalha perdida”.


 


A tese do El País
De acordo com o jornal espanhol, após extirpar parte do intestino grosso de Fidel, os médicos cubanos tentaram conectá-lo diretamente ao reto, mas a operação fracassou e filtrou material fecal para o abdômen, causando outra infecção.


 


“Os médicos limparam e drenaram a zona infectada e realizaram uma ileostomia (a abertura de um orifício no abdômen e a instalação de uma bolsa que recolhe as fezes)“, disse a versão on-line da publicação.


 


Isso também não teria dado resultado – e Fidel, segundo o El País, voltou à mesa de cirurgia para a instalação de uma prótese, que também não funcionou e teve de ser substituída por uma fabricada na Espanha.


 


A saúde de Fidel é tratada como segredo de Estado, por ordem dele mesmo, devido à ameaça do império norte-americano. O governo de Cuba afirma que seu líder foi alvo de 637 tentativas de assassinato – muitas delas tramadas pela CIA.