Brasil trabalha para resolver diferenças e fortalecer o Mercosul

Está tudo pronto no Rio de Janeiro para a 32ª Reunião de Cúpula do Mercosul. Além de fazer o papel de anfitrião do encontro, caberá ao Brasil chamar para si a responsabilidade de resolver algumas divergências existentes entre os membros do bloco, com o in

O encontro começa nesta quinta-feira (18/1) e vai até amanhã. A entrada da Bolívia no bloco como membro pleno, a criação de um Banco do Sul, o funcionamento do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul, a desdolarização dos países da região e o estímulo à agricultura familiar são alguns dos temas que serão tratados pelo presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Néstor Kirchner (Argentina), Tabaré Vásquez (Uruguai), Nicanor Duarte (Paraguai) e Hugo Chávez (Venezuela), além de Evo Morales (Bolívia), ainda na condição de membro associado.



O presidente Lula e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, têm desempenhado um papel importante nas últimas semanas para tentar apagar algumas arestas existentes no bloco. Argentina e Uruguai, por exemplo, vivem um momento difícil, em virtude da crise na fronteira entre os dois países, devido à construção de uma fábrica de celulose em território uruguaio. O governo paraguaio não aceita a desdolarização, pois crê que somente Brasil e Argentina teriam vantagens com essa medida. E, embora de modo velado, há resistências por parte do governo argentino em aceitar a Bolívia como membro pleno do Mercosul.



Integração é prioridade
Apesar desse tipo de divergências, os cinco membros plenos do Mercosul encampam com entusiasmo a idéia da necessidade de integração sul-americana. Hugo Chávez defende a necessidade de o bloco tomar um ''viagra político'', para que seja criado, de fato, um contraponto aos Estados Unidos no continente americano.



Com a adesão da Bolívia, o Mercosul será composto por praticamente três quartos dos países da América do Sul. O presidente boliviano, mesmo antes de se tornar um membro pleno, manifestou-se um entusiasta dessa integração. ''Se a Bolívia entrar para o Mercosul, será para ajudar a fazer profundas reformas na região, para buscar soluções para os setores historicamente mais abandonados do continente'', disse.



Compensações
O Brasil defende que Paraguai e Uruguai não sejam mais submetidos a determinados tipos de tributação para alguns de seus produtos. A medida compensará perdas comerciais significativas que os dois países vêm tendo nos últimos anos e, provavelmente, fará com que diminua o ímpeto de setores uruguaios e paraguaios que defendem um tratado de livre comércio com os Estados Unidos, ao molde de nações como o Chile e a Colômbia.



Alguns números comprovam que o Brasil dispõe dos meios necessários para intermediar esses tipos de acordo na região. O Brasil vendeu para a Argentina, no ano passado, mais de US$ 11,71 bilhões, o que representa um crescimento de 18,14% em relação ao ano de 2005. Já as importações ficaram em US$ 8,05 bilhões no ano passado, com um crescimento de 29,09% em relação a 2005. Um saldo no comércio entre os dois países para o Brasil de US$ 3,65 bilhões.



Já as exportações brasileiras para os outros parceiros do Mercosul (Paraguai, Uruguai e Venezuela) ficaram em US$ 1,23 bilhão, US$ 1 bilhão, US$ 3,55 bilhões respectivamente. O Brasil importou dos parceiros em 2006: US$ 295,90 milhões do Paraguai, US$ 618,22 milhões do Uruguai e US$ 591,57 milhões para a Venezuela.



Em todos os casos, os números mostram que o Brasil tem saldo positivo na balança comercial com seus parceiros, condição que lhe permite abrir mão de alguns ganhos para que o bloco se fortaleça.



Algumas dessas medidas já foram tratadas em dezembro, na última reunião do Conselho do Mercosul. Na ocasião, Celso Amorim, havia afirmado que o Brasil está disposto a flexibilizar regras e impostos de importação, para impulsionar as economias parceiros menores do bloco.