Amorim não vê problemas no processo de mudanças da Venezuela
Em sua primeira manifestação pública depois do anúncio de que a Venezuela pretende reestatizar e nacionalizar empresas, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta terça-feira (16/1) que “não se arrepende de jeito nenhum” pela inclusão d
Publicado 17/01/2007 13:55
“Para os interesses do Brasil, foi ótimo. E eu não tenho de defender os interesses dos Estados Unidos e da Europa”, disse Amorim em entrevista coletiva, comentando possíveis efeitos das medidas anunciadas por Chávez no humor dos investidores estrangeiros em relação à América do Sul.
Às vésperas da reunião de Cúpula do Mercosul, que será amanhã e sexta-feira, no Rio, Amorim citou o significativo aumento das exportações brasileiras para a Venezuela nos últimos quatro anos: eram, segundo ele, de cerca de US$ 500 milhões a US$ 600 milhões e pularam para praticamente US$ 4 bilhões em 2006.
Pelos últimos números oficiais, o volume foi de US$ 3,3 bilhões de janeiro a novembro, sem contabilizar ainda dezembro. No mesmo período, as importações foram de apenas US$ 548 milhões, com um superávit na balança a favor do Brasil de US$ 2,7 bilhões.
“É nisso que os empresários brasileiros devem estar interessados”, disse Amorim, fazendo ressalva indireta em relação a Chávez: “Desde que não queiram exportar modelos para nós”. Ele descartou a possibilidade de a Venezuela “contaminar” os países vizinhos, como a Bolívia de Evo Morales e o Equador de Rafael Correa.
Boa influência
Segundo ele, vivem perguntando sobre a influência da Venezuela, mas o Brasil é o maior país da região e tem mais lógica ter mais influência sobre os outros e não o contrário. “Uma influência positiva”, frisou.
Na sua opinião, sempre falam nos prováveis impactos da Venezuela sobre o Mercosul, “mas o Mercosul vai ter impacto na Venezuela também”. Para Amorim, os projetos na região “não são antagônicos”. “O que vejo são matizes para a reforma social dentro de caminhos e formas democráticas. Todos voltados para o desenvolvimento com justiça social.”
Como comparação, o ministro disse que a Venezuela não tem obrigação de consultar os sócios do Mercosul sobre a nacionalização, como o Brasil também não consultou ninguém quando fez as privatizações no governo Fernando Henrique Cardoso.