ONU teve 22 funcionários assassinados em 2006

Vinte e dois funcionários da Organização das Nações Unidas e de suas missões de paz foram assassinados em cinco países em 2006, um dos anos mais fatais para o pessoal da ONU. As mortes aconteceram no Afeganistão, Haiti, República Democrática do Congo, Sud

Além disso, no ano passado foram cometidos 215 ataques violentos contra pessoal da ONU e 93 assaltos a mão armada para roubar bens da organização, bem como cinco violações e outras nove agressões sexuais contra pessoal das Nações Unidas. “somente podemos esperar que a violência aumente, pois cresce nossa presença no mundo”, afirmou Vijay Nambiar, representante do secretário-geral da ONU, Ban Kin-Moon, perante a 7ª Cúpula sobre Segurança do Pessoal da ONU e seus Associados.



Nesta conferência, encerrada terça-feira (16), foram discutidas as crescentes ameaças à segurança que o pessoal enfrenta diariamente no cumprimento das tarefas encomendadas pelos Estados-membros. “A cúpula oficia de lembrança as obrigações dos Estados-membros”, disse à IPS o ex-vice-presidente do Sindicato de Trabalhadores da ONU, Guy Candusso. “Esperamos que os países-membros continuem comprometidos”, afirmou. “Devemos denunciar os que se negam a reagir perante as ameaças contra nosso pessoal, como seqüestro, agressões físicas, assalto, roubo, assédio e detenções”, ressaltou Dimitri Samaras em sua exposição.



Os governos anfitriões têm a principal responsabilidade da segurança dos funcionários, disse Samaras, presidente do Conselho de Pessoal do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), do Fundo das Nações Unidas para a População (Unfpa) e do Escritório de Serviços de Projetos (Unops). “O sistema da ONU continua enfrentando dificuldades para conseguir autorizações a tempo para importar equipamentos de rádio”, disse Sâmaras. Algumas das nações doadoras seguem “sem aceitar a inclusão de custos de segurança como parte do orçamento dos projetos”, acrescentou.



A participação das delegações governamentais na cúpula foi pobre. Apenas meia centena enviou representantes. A ONU tem 192 países-membros. Dos cinco países onde morreram assassinados funcionários da ONU, somente o Haiti enviou um representante. Apenas 81 nações ratificaram a Convenção sobre Segurança do Pessoal da ONU, aprovada em 1994. Trinta e quatro Estados assinaram o Protocolo Opcional da Convenção que amplia as proteções legais a todas as operações da ONU, incluídas as humanitárias, de desenvolvimento e outras não vinculadas à manutenção da paz, não compreendidas no acordo original.



Candusso se mostra otimista. “Houve delegações suficientes na cúpula para se conseguir as 22 ratificações necessárias para que o Protocolo Opcional entre em vigor”, afirmou. Após a sessão plenária da conferência houve uma discussão sobre assuntos de segurança específicos. A difícil situação dos voluntários internacionais foi destacada por todos os participantes, especialmente os contratados no âmbito local. “Os ataques duplicaram nos últimos 10 anos”, disse Abby Stoddard, pesquisadora do Centro de Cooperação Internacional da Universidade de Nova York. “Desde 1997, mais de 500 voluntários perderam a vida”, acrescentou.



A maioria das vítimas é do pessoal local dos países em questão, segundo o informe apresentado na conferência intitulado “Ajudar em ambiente inseguros: Tendências em política e operações”. As agencias humanitárias “fracassaram totalmente na consideração dos princípios éticos de transferir os riscos ao pessoal do país ou de organizações locais”, diz o documento. Quando se deterioram as condições de segurança, o pessoal internacional se retira e passa suas responsabilidades ao pessoal local, disse Stoddard. “É uma prática reativa e ad-hoc”, destacou.



“Não se considera o pessoal local quando é preciso evacuar, e sua segurança não é levada a sério antes disso”, afirmou Massood Ahmed, representante do pessoal do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Funcionários da ONU são obrigados a solicitar o status de refugiado porque a organização não pode protegê-los, disse um representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. “A grande maioria dos incidentes foi contra os voluntários”, indica o informe da Universidade de Nova York.



Foi difícil para os Estados-membros chegarem a um acordo sobre como evacuar, do ponto de vista logístico e legal, os trabalhadores locais das zonas de conflito. As contrapartes nacionais recebem menos capacitação em matéria de segurança. Poderiam ser deixados equipamentos de rádio e veículos melhores, depois da evacuação do pessoal estrangeiro, sugere o informe. Os projetos também deveriam incluir melhor avaliação dos riscos para o pessoal local.



Fonte: http://www.envolverde.com.br