Candidatos intensificam contatos e correm por votos finais

Na reta final para a escolha do novo presidente da Câmara dos Deputados, candidatos e partidos se movimentam para acertar os apoios ainda não-declarados. A eleição ocorre na próxima quinta-feira (1º/02). Segundo pesquisa feita pelo jornal O Estado de

Na terça, o PDT se reúne em Brasília para definir seu candidato. A tendência é que os 24 parlamentares da bancada pedetista apóiem um dos dois candidatos da base governista – o atual presidente e candidato à reeleição, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) ou o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP).


 


Aldo passa a semana em Brasília intensificando os contatos com parlamentares. Até o dia da eleição, a agenda de Chinaglia também será dedicada a contatos com deputados, pessoalmente ou por telefone, de seu gabinete em Brasília. Já o candidato da “terceira via”, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), vai fazer corpo-a-corpo junto a parlamentares, para detalhar suas propostas para a gestão nos próximos dois anos.


 


Os três candidatos participam na segunda-feira (29) de um debate às 11 horas, transmitido ao vivo pela Rádio e TV Câmara. Além do PCdoB, Aldo tem apoio assegurado do PSB e do PFL. Já Chinaglia recebeu a adesão pública de PT, PP, PTB, PMDB e do bloco PL-Prona-PSC. Gustavo Fruet conta com o apoio do PPS e do PSDB.


 


Enquete
A entrada de Fruet na briga pelo comando da Câmara pulverizou os votos e deve empurrar a disputa para o segundo turno. A quatro dias da eleição, Chinaglia (SP) desponta à frente de seus adversários, conforme a enquete do Estadão. Mas o petista não tem apoio para vencer em uma única votação.


 


Chinaglia obteve 174 votos (41,8%), seguido por Aldo, com 113 (27,2%), e Fruet, com 80 (19,2%). Para se eleger, será necessário atingir a maioria absoluta de 257 votos – metade dos deputados mais um. No segundo turno, vale a maioria simples.


 


Todos os deputados eleitos ou reeleitos em 2006 foram procurados para opinar, entre os dias 22 e 26, sob a condição de não terem o nome publicado. Dos 513 parlamentares, 97 não responderam ou não foram localizados. Em sondagem anterior – feita na primeira semana de janeiro e com Fruet fora da corrida -, Chinaglia já aparecia à frente, com 35,9%. Aldo tinha 27,2%.


 


Possibilidades
Enquanto o candidato petista cresceu e segue na lideranã, a briga pelo segundo lugar pode surpreender. Há 11,3% de indecisos e, matematicamente, Fruet pode superar Aldo. Além disso, qualquer um dos dois – se abocanhar os votos do derrotado e dos indecisos – pode derrotar Chinaglia num provável segundo turno.


 


O apoio do PMDB foi crucial para o petista. Na enquete, Chinaglia foi apoiado por 41 peemedebistas, que reforçam os 75 votos do próprio PT e os 58 das demais legendas. Mesmo assim, o PMDB não aderiu em bloco, como havia anunciado. Há 9 indecisos e 11 admitem a preferência pela reeleição de Aldo.


 


Já a candidatura do atual presidente da Câmara depende substancialmente do PFL, que lhe assegurou 41 votos. PSB e PC do B reforçaram sua artilharia, com um total de 31 votos.


 


Alardeando ser o único representante da oposição na disputa, Fruet tem sua base no próprio PSDB, com 58 votos, escorados por 15 votos do PPS e sete de outras siglas. Dos entrevistados, só dois pretendem votar em branco e 47 esperam orientação de seus partidos ou ainda não definiram o voto.


 


Discrepância entre estados
Ainda segundo a enquête do Estadão, Chinaglia vence em 14 Estados (Acre, Bahia, Rio, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rondônia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina).


 


Aldo, por sua vez, lidera em oito (Alagoas, Amazonas, Amapá, Ceará, Maranhão, Piauí, Sergipe e Tocantins). Curiosamente, Fruet vence apenas em São Paulo – estado que elegeu os dois principais candidatos. Houve empate de Aldo e Chinaglia em Mato Grosso e na Paraíba; entre Chinaglia e Fruet no Paraná e entre os três candidatos em Roraima.


 


A comparação com a enquete anterior indica reviravolta em 9 estados, com desvantagem para Aldo. Ele perdeu a liderança em São Paulo, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Roraima. Chinaglia desceu para segundo no Piauí e deixou a briga empatar no Paraná, terra de Fruet. No Tocantins, a disputa estava indefinida na primeira semana de janeiro, mas hoje Aldo venceria.


 


De olho em um dos cargos de maior visibilidade no País, os candidatos apostam em outro ingrediente, que pode interferir na última hora – o voto secreto. A enquete aponta, por exemplo, o voto de um petista e dois tucanos em Aldo. O PFL apóia Aldo, mas dois pefelistas preferem Chinaglia. E restam quatro dias.


 


Campanhas menos custosas
Temendo o fantasma do empresário mineiro Marcos Valério, que trabalhou ativamente nas campanhas da Casa de 2003 e 2005, os três candidatos resolveram fazer uma campanha sóbria. O exemplo mais concreto foi a campanha de Chinaglia. Orçados inicialmente em R$ 200 mil, os custos já caíram à metade.


 


Preocupado com a possibilidade do surgimento de um novo escândalo envolvendo o seu partido, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou o PT para que não transformasse a disputa numa campanha muito cara e que levasse o partido a ser obrigado a dar explicações sobre os gastos.


 


No custo da campanha também estarão incluídos gastos com assessoria de imprensa, despesas como a impressão e distribuição de material, caso da carta com os compromissos do petista.


 


Aldo usou na última sexta-feira uma passagem para participar de um debate em São Paulo. Fora isso, deve ter poucos custos. Até o momento foram gastos R$ 1.300 com adesivos, R$ 94 com papel para enviar carta e R$ 130 com Correios.


 


A mesma linha é adotada por Fruet. Suas despesas são bancadas pelo diretório do PSDB do Paraná. Segundo ele, até o momento, o maior gasto foi com o uso de um jatinho no trajeto São Paulo-João Pessoa-Recife, orçado em R$ 20 mil. Ele estima que também já gastou em hospedagem R$ 1 mil, além de R$ 2 mil para a confecção de 500 cartazes em preto e branco.