Israel nomeia seu 1º ministro árabe muçulmano. Manobra?

O deputado trabalhista Ghaleb Majadleh, um árabe muçulmano de 53 anos, foi designado neste domingo (28/01) ministro sem pasta do governo de Israel. É a primeira vez desde a criação do Estado hebreu, em 1948, que um árabe israelense é convidado a integrar

Reunido em sessão semanal, o gabinete ratificou a nomeação de Majadleh como ministro sem pasta. Somente o ministro dos Assuntos Estratégicos, Avidgor Lieberman, chefe da aliança de extrema-direita Israel Beitenu, votou contra.


 


Majadleh manifestou seu desejo de que o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, lhe atribua rapidamente um ministério “para que a alegria e o acontecimento histórico de hoje sejam completos”. O deputado deve assumir o ministério da Cultura, da Ciência e dos Esportes.


 


A pasta ficou livre depois da saída do trabalhista Ophir Pinez Paz, que renunciou para protestar contra a entrada no governo de Lieberman, cujo partido de extrema-direita preconiza intercâmbios de populações entre israelenses e palestinos. Lieberman foi chamado de “fascista” e “racista” por deputados árabes.


 


Repercussão
A nomeação de Majadleh provocou reações distintas. “Trata-se de uma importante decisão histórica em favor da igualdade e da paz na região”, afirmou em comunicado o ministro da Defesa, Amir Peretz, líder do partido trabalhista.


 


“Hoje, os cidadãos árabes de Israel tiveram o sentimento de pertencer realmente ao país”, declarou o próprio Majadleh à rádio israelense. “A primeira designação de um árabe muçulmano na história de Israel representa um gesto na direção da comunidade dos árabes israelenses para defender suas reivindicações de igualdade social.”


 


Os árabes de Israel – que representam 20% da população do país, ou seja, 1,3 milhão de pessoas – são os descendentes dos palestinos que permaneceram no território do Estado judeu depois de sua criação, em 1948. Eles se consideram excluídos da sociedade israelense e dizem receber tratamento de segunda classe.


 


“A entrada no governo de Ghaleb Majadleh é prejudicial aos cidadãos árabes. Ela não muda nada a política de discriminação racista do Estado. Pior – ela a legítima”, declarou o deputado árabe Jamal Zahalka.


 


Luta interna
Para analistas políticos israelenses, a designação de Majadleh não passa de uma manobra do chefe do partido trabalhista, Amir Peretz, para se fortalecer dentro de seu movimento, depois das falhas cometidas por seu ministério durante a guerra no Líbano, em meados do ano passado.


 


Mas Majadleh minimizou a importância desses comentários. “Temos de nos concentrar no caráter histórico desta decisão e na cooperação com os árabes – e deixar de lado as considerações menores”, disse ele. “Vamos provar que os árabes são capazes de desempenhar qualquer função.”


 


Nascido em abril de 1953 na aldeia de Baqa al-Gharbiya, perto da Cisjordânia, Majadleh é um ex-empresário que foi eleito deputado em 2004. Antes de entrar no Parlamento, ele exerceu diversos cargos no poderoso sindicato israelense Histadrout, um reduto trabalhista que já foi dirigido por Peretz. Ghaleb Majadleh, é casado e pai de quatro filhos.