Internacionalismo é pauta de encontro da Escola Nacional
Durante palestra feita hoje, 31, em Guarulhos, na Grande São Paulo, durante 5º Encontro de Professores da Escola Nacional do PCdoB, o secretário de Relações Internacionais do partido, José Reinaldo Carvalho, tratou do internacionalismo e disse que Fidel C
Publicado 31/01/2007 19:33
Dentro da variada pauta de assuntos tratados no 5º Encontro Nacional de Professores da Escola Nacional, não faltou espaço para o internacionalismo. O tema foi tratado nesta quarta-feira, 31, pelo secretário de Relações Internacionais do PCdoB, José Reinaldo Carvalho.
No início de sua palestra, o dirigente partidário evocou, como “fato dos mais auspiciosos”, a notícia que correu o mundo entre a noite de ontem e o dia de hoje de que Fidel Castro, está de pé e recuperando-se. “Começo a palestra homenageando Fidel, uma força da natureza, uma força do pensamento revolucionário, pois é um intérprete dos valores humanistas, revolucionários e internacionalistas da atualidade. Mesmo com idade avançada e em situação de saúde delicada, Fidel golpeia o imperialismo”, disse o comunista. Para ele, a imagem do líder cubano de pé, ao lado do outro comandante revolucionário latino-americano, Hugo Chávez, “simboliza uma derrota para o imperialismo”.
José Reinaldo abordou o tema de sua apresentação a partir de aspectos como o caráter e a trajetória internacionalista do PCdoB, o balanço da atual etapa das relações exteriores do partido a partir do 8º Congresso (Brasília, 1992); os temas candentes da atividade partidária nessa área e a análise da atual conjuntura internacional.
Natureza de classe
“O internacionalismo é um traço essencial da política, da ideologia e da atividade prática do PCdoB”, disse Zé Reinaldo na introdução. “Corresponde à natureza de classe do partido, à sua identidade comunista e ao caráter de sua missão histórica como força de vanguarda na luta pelo socialismo”. Segundo ele, isto resulta da “identidade de interesses entre os trabalhadores e os povos de todo o mundo, gerada pela exploração capitalista e a espoliação imperialista em escala planetária”. De acordo com o dirigente, “isto é ainda mais verdadeiro hoje, quando vivemos a época histórica imperialista, de capitalismo globalizado, transnacionalizado, quando o capital financeiro exerce seu poder através de políticas globais e supranacionais”.
O responsável pelas relações internacionais do PCdoB aproveitou para realçar que isto em nada contradiz o caráter patriótico do partido, como força enraizada no solo brasileiro, nas massas trabalhadoras nacionais e que toma a luta nacional como um dos principais vetores da revolução brasileira. Ele comenta que no Brasil, “as classes dominantes abandonaram os interesses nacionais, atando seu destino ao do imperialismo e a seu sistema econômico internacionalizado”. O comunista, foi neste aspecto, particularmente cáustico com o entreguismo da grande burguesia monopolista associada ao capital financeiro internacional: “A política das classes dominantes vinculadas ao imperialismo é de aviltamento, fragilização e comprometimento da soberania nacional. Nada soa mais falso do que o ‘nacionalismo’ das classes dominantes”.
Com isso, o secretário do PCdoB explicou que a luta patriótica, nacional do proletariado e das demais classes trabalhadoras e camadas populares, é simultaneamente uma luta de classes. Luta que, para ser conseqüente, se volta contra o imperialismo e seu sistema político-econômico internacional.
José Reinaldo fez toda uma digressão histórica, circunstanciando o quanto é longa a trajetória internacionalista do PCdoB, a qual remonta “à própria gênese do partido, nascido sob o influxo da grande Revolução Socialista de Outubro”, que comemora seu nonagésimo aniversário neste ano, e da ação da Internacional Socialista. Ressaltando que é uma trajetória que enche de orgulho os comunistas brasileiros, o palestrante não deixou de assinalar que foram cometidos erros, alguns graves, como o seguidismo, o dogmatismo, e o unilateralismo.
Marco para a atividade internacional
Quanto à nova fase inaugurada no 8º Congresso, o dirigente do PCdoB disse que a partir desse marco, “o PCdoB exerce uma ampla, intensa, complexa, diversificada e profícua atividade internacional”. Ele informou os quadros partidários que o PCdoB multiplicou suas relações bilaterais e multilaterais com os partidos comunistas e revolucionários no poder e fora do poder, participa de encontros multilaterais – nomeadamente o Encontro de Partidos Comunistas e Operários, de cujo Grupo de Trabalho organizador José Reinaldo faz parte.
O PCdoB participa também de fóruns mais amplos e plurais, com o Fórum de São Paulo, que reúne o conjunto das forças de esquerda da América Latina, está atento e inserido nos fóruns e encontros de massas como Fórum Social Mundial e uma diversificada gama de encontros e campanhas de solidariedade internacional. Neste aspecto, o dirigente partidário realçou a importância do movimento mundial pela paz, contra a guerra imperialista e o papel que nele desempenha o Cebrapaz.
Centro estratégico
Reinaldo prosseguiu a palestra destacando os conteúdos principais da luta internacionalista do PCdoB. “O centro de nossa estratégia e tática é derrotar os planos e as políticas do imperialismo norte-americano, destacadamente seu belicismo e suas políticas neoliberais e neocolonialistas”, disse. “É em torno desse eixo que gira a nossa política, que concertamos alianças e entramos em ação”, enfatizou. Por isso, os conteúdos principais são a luta pela paz, contra a militarização, o belicismo e as agressões imperialistas, a luta contra as políticas neoliberais anti-nacionais e anti-sociais, o apoio a todos os movimentos de resistência contra as ocupações e agressões às soberanias nacionais, o fortalecimento dos processos de integração latino-americanas, como a Alba, a Casa e o Mercosul, imprimindo-lhes caráter antiimperialista, o respaldo às lutas das classes trabalhadoras em todo o mundo, aos países socialistas e revolucionários, apoio a todos os povos e nações em luta contra o imperialismo, além da judiciosa exploração das contradições geopolíticas entre os blocos imperialistas.
Finalmente, o dirigente comunista, ao referir-se ao atual quadro mundial, chamou a atenção para a crise sistêmica do capitalismo, a crise estrutural do imperialismo norte-americano e realçou que “estamos vivendo uma época em que despertam muitas potencialidades revolucionárias e vão reunindo-se, pouco a pouco, condições para resistir com maior vigor à ofensiva imperialista”. Para ele, são particularmente favoráveis as situações em desenvolvimento das lutas dos povos na América Latina e no Oriente Médio.