Para diplomata cubano, bloqueio dos EUA piorou com Bush

As novas propostas do Congresso norte-americano, agora de maioria democrata, para aliviar as sanções contra Cuba não passariam de uma confrontação com a Casa Branca, disse nesta quinta-feira (8/2) o principal diplomata da ilha caribenha nos EUA.

Dagoberto Rodríguez, chefe da Seção de Interesses de Cuba em Washington, disse que as iniciativas legislativas para acabar com as proibições de viagens a Cuba provavelmente seriam bloqueadas por um veto do presidente George W. Bush.



Outras propostas incluem suavizar as restrições de viagens de famílias cubano-americanas e o envio de dinheiro à ilha, assim como reduzir as exigências de pagamento para as exportações de alimentos a Cuba, numa exceção ao embargo comercial em vigor.



“Qualquer passo na direção de uma comunicação com Cuba vemos como positivo, e aplaudimos o esforço do Congresso. Achamos que é o correto a se fazer”, disse Rodríguez na entrevista.



Mas o diplomata acrescentou que, na opinião do governo cubano, “sob esta administração seria muito difícil uma mudança de política.”



Regime fortalecido
Rodríguez disse que Cuba está estável e que seu sistema socialista deve continuar, apesar de seu líder histórico, Fidel Castro, estar afastado do poder há seis meses por problemas de saúde.



Raúl Castro, irmão de Fidel e presidente interino do país, se disse publicamente aberto a negociações com os EUA, desde que a soberania cubana fosse respeitada.



Na quinta-feira, o secretário norte-americano de Comércio, Carlos Gutiérrez, que nasceu em Cuba, disse que o embargo permanece até que os cubanos tenham mais liberdade. “Gostaríamos de nos concentrar na gente de Cuba, afinal de contas são eles que estão sofrendo”, afirmou.



Na opinião de Rodríguez, “realisticamente, este governo (de George W. Bush) não está interessado em dialogar” e pretende “recolonizar” a ilha ao destinar 80 milhões de dólares nos próximos dois anos para financiar dissidentes e aumentar a propaganda anticomunista. Cuba acusa os dissidentes, dos quais cerca de 300 estão presos, de serem “mercenários contra-revolucionários” a serviço EUA. Rodríguez disse que Washington teria feito o mesmo e prendido qualquer grupo árabe que recebesse verbas de um Estado inimigo.



Washington rompeu relações diplomáticas com Havana dois anos depois da revolução que levou Fidel ao poder, em 1959. Em 1977, os dois países abriram seções de interesses nas respectivas capitais, estabelecendo alguma representação diplomática mesmo na ausência de relações formais.