Brasil planeja retomar investimentos em energia nuclear

Primeira central deve ser instalada no Nordeste. Viabilidade do programa depende da retomada das obras de Angra 3.

A proposta de retomada dos investimentos em energia nuclear no Brasil prevê, além da conclusão de Angra 3, uma nova usina a cada três anos, até que a tecnologia responda por 5% do parque gerador. Está prevista a construção de quatro a seis usinas, a partir da próxima década, até 2030, em duas centrais de porte semelhante à de Angra dos Reis.


 


Esse é o teor do programa de energia nuclear já encaminhado para avaliação do governo, segundo o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Odair Gonçalves. A primeira central seria instalada no Nordeste e a segunda, em local a ser definido.


 


Viabilidade


 


A viabilidade do programa, porém, depende da decisão sobre a retomada das obras de Angra 3, remanescente do programa nuclear da década de 70, com capacidade de 1,3 mil megawatts (MW).


 


O tema seria discutido em reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) no dia 31, que foi adiada. Técnicos do setor acreditam que, após os alertas sobre o aquecimento global, a tecnologia ganha espaço ante alternativas como petróleo e carvão.


 


Responsável pela formulação de políticas e fiscalização do setor nuclear brasileiro, a CNEN elaborou um projeto detalhado sobre o futuro da tecnologia no país. Nele, diz Gonçalves, há soluções para problemas polêmicos, como o destino dos rejeitos radioativos, principal crítica de grupos ambientalistas, e fontes de recursos para o desenvolvimento das tecnologias necessárias.


 


Segundo o executivo, o Brasil deve se tornar exportador de urânio para financiar os US$ 500 milhões necessários em equipamentos para produzir combustível nuclear para todas as centrais. Atualmente, apenas 6% das necessidades das usinas de Angra 1 e 2 são totalmente produzidas no Brasil.


 


“O tema é polêmico”, admite o presidente da CNEN. “Mas precisa ser aprovado ainda neste governo, já que leva tempo para construir usinas.” Gonçalves trabalha com o prazo do Plano Nacional de Energia 2030, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que lista a energia nuclear como alternativa para a geração de 4 mil MW novos no período.


 


Angra 3


 



No setor, é dada como certa a aprovação de Angra 3 na próxima reunião do CNPE, o que abriria espaço para as discussões sobre as novas centrais. “Está na hora de o Brasil debater o tema”, concorda o físico Luiz Pinguelli Rosa, do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.


 


Atualmente, a ministra de Meio Ambiente, Marina Silva, é a única voz contrária à conclusão do projeto no conselho, formado por sete ministros, um representante dos Estados e dois da sociedade civil.


 


A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, teria mudado de opinião após a divulgação de novos cálculos sobre o preço da energia de Angra 3, a R$ 138 por MWh, próximo dos padrões dos últimos leilões de energia.


 


Fonte: Agência Estado