Após divergências, Bolívia retoma processo de nacionalização

O recém-empossado ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, e o presidente da petrolífera estatal, Manuel Morales Olivera, começaram nesta segunda-feira (12/2) a preparar um plano de médio prazo para reativar o processo de nacionalização do

Evo conseguiu superar no final de semana as divergências com esses dois membros do governo. Villegas, que havia renunciado na quinta-feira, teve seu nome ratificado pelo presidente depois de uma reunião no domingo, em que Evo renovou a confiança naquele que “é uma pessoa-chave para que a nacionalização continue”.



“Conversamos sobre diferentes assuntos ligados aos hidrocarbonetos e, bem, ele não aceitou a minha renúncia”, declarou o ministro Villegas para a agência de notícias oficial do governo. “Eu fico, e meu compromisso com o presidente Morales é trabalhar pensando em concretizar a nacionalização”.



Tanto Villegas quanto Morales Olivera se reuniram nesta segunda-feira para resolver problemas do setor e apresentar na quarta-feira seu programa de trabalho.



Críticas
A designação de Olivera é questionada tanto por trabalhadores quanto pela oposição, pois não cumpre o requisito de ser técnico no setor e ter dez anos de experiência mínima, como impõe o estatuto da Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB).



Os rumores sobre a renúncia de Villegas se mostraram impossíveis de serem confirmados, apesar de circularem desde quinta-feira na Bolívia. Eles surgiram quando o ministro Villegas declarou estar “tremendamente desconfortável” pela demora em fazer os novos contratos entrarem em vigor.



“Quando a documentação se atrasa, os contratos também atrasam. Por isso hoje estou tremendamente desconfortável, porque me disseram desde o princípio que não haveria problemas, e eu não sei as razões (para este atraso)”, afirmou o ministro na quarta-feira.



Depois de anunciar que manteria Villegas, o presidente Evo atribuiu a notícia da renúncia a outras causas. “Fizemos uma reunião e, na verdade, o ministro apresentou na quinta-feira a sua renúncia, devido aos conflitos de Camiri”.



Divergências
Depois da reunião com Evo, Villegas não especificou por que apresentara sua renúncia, mas reconheceu que teve divergências com o presidente da YPFB. “É muito difícil que todos pensemos igual em qualquer processo”.



“O importante, eu acho, é que haja coincidência em pontos centrais, nos quais o fundamental é a nacionalização. Em conseqüência, vamos trabalhar para cumprir e concretizar todos os temas ligados à nacionalização”, afirma o ministro.



Villegas citou, entre outras coisas, a intenção de solucionar “as razões que estão impedindo que assinemos” os 44 contratos firmados com 12 petrolíferas estrangeiras. Todos eles são responsabilidade da presidência da YPFB.



O ministro menciona ainda, como pautas, a necessidade de resolver as causas pelas quais se “interrompeu o processo de licitação” e o aumento na produção de gás para cumprir o contrato de exportação da Argentina, que é de 27,7 milhões de metros cúbicos diários até 2010, assim como a negociação para aumentar o preço do gás que é vendido ao Brasil.