Diretora de ONG afirma que plantar milho transgênico é ato ecológico

Por Leonardo Severo e Norian Segatto
Parece piada de mau gosto no site da Radiobrás.A diretora-executiva do ''conhecidíssimo'' Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Alda Lerayer, ganhou destaque nesta quinta-feira (15) na página d

De acordo com Lerayer, ''ao plantar milho transgênico há a redução de milhares de quilos de inseticidas nas plantações e isso é muito importante para o meio ambiente. Não há a necessidade de aplicação desses produtos no combate a lagartas, pois o milho já é resistente, por isso apresenta uma qualidade superior''.


 


Completando a despretensionsa entrevista, a técnica afirmou que tem expectativa de que o uso do milho transgênico da Bayer seja liberado na reunião da Comissão Nacional Técnica de Biossegurança (CNTBio), marcada para a tarde desta quinta-feira (15).


 


Diga-me quem te financia e te direi quem és
Ora, mas qual é, de fato, o interesse dessa ''pesquisadora'' na liberação dos trangênicos. Uma possível resposta pode ser encontrada na própria página da dita ONG da qual Lerayer é diretora-executiva. O sítio é dedicado a duas tarefas importantíssimas: fazer auto-propaganda da pesquisadora e servir aos interesses de grandes multinacionais e entidades de agronegócios.


 


Entre os ''associados'' (nome simpático para designar financiadores) encontram-se além da própria Basf, empresas como a Cargill Agrícola, a Dow Agrociences, a Du Pont, a Monsanto e a Sociedade Rural Brasileira entre outras. A partir dessa lista é fácil compreender quais interesses defendem a dita pesquisadora. ''Um órgão de mídia do governo deveria ter o cuidado de informar seus leitores quem a entrevistada representa, em vez de apresentá-la, simplesmente, como dirigente de uma ONG'', afirma Rosane Bertotti, secretária de Comunicação da CUT Nacional, que complementa: ''No entanto, muito pior do que isso, foi a postura acrítica da matéria, realizada no mesmo dia em que a CNTBio iria discutir a liberação ou não do produto, isso parece lobby descarado e o jornalista, por inexperiência ou outro motivo qualquer, entrou de gaiato''.


 


A CUT sempre se posicionou contra a liberação dos produtos trangênicos, por entender que ainda não existem estudos suficientes que atestem a ausência de qualquer risco para a saúde da população. ''Até agora, quem apóia a produção de trangênicos são as grandes empresas multinacionais, o grande agronegócio brasileiro que, historicamente, nunca tiveram qualquer compromisso com a saúde e a segurança alimentar da população'', afirma Siderlei de Oliveira, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação (Contac/CUT) e do Instituto Nacional de Saúde do Trabalhador (INST). 


 


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