Bolívia estabelece meta de livrar um milhão do analfabetismo

Para tirar mais de um milhão de bolivianos do analfabetismo, o presidente Evo Morales relançou nesta quinta-feira (1º/3) o plano educacional “Sim, eu posso”, que já ensinou a ler e a escrever mais de 90 mil pessoas em 2006, com a ajuda de Cuba e Venezuela

Na nova etapa, se juntarão ao projeto de alfabetização de 60 mil a 80 mil educadores bolivianos, que trabalharão ao lado de profissionais cubanos e venezuelanos. Será implementado ainda o ensino bilíngüe, acrescentando o quíchua ou o aimara, além do espanhol.



Assim explicou o coordenador da missão cubana, Javier Lavrava, que destacou que, uma vez superada a fase “experimental” de 2006, o plano “recupera força e energia” para poder declarar o país “território livre de analfabetismo” em 2008.



Cuba foi o primeiro país da América Latina a proclamar a erradicação do analfabetismo, em 1961, ao tempo que a Venezuela o fez em 2005. O Ministério da Educação da Bolívia calcula que, se cada um dos 60 mil novos docentes envolvidos no programa alfabetizar pelo menos 15 pessoas, em pouco mais de trinta meses, 900 mil pessoas terão aprendido a ler e a escrever. A elas, se somarão mais de 200 mil bolivianos, que já assistem a aulas desde o ano passado.



Durante um ato na cidade de Cochabamba, Evo afirmou que, dentro de poucos meses, o país não terá mais analfabetos. Números oficiais assinalam que o país possui, atualmente, cerca de 1,2 milhão de analfabetos.



Demanda
Junto com as mulheres, os idosos das zonas rurais são os que mais interesse demonstram em aprender a ler e escrever. “Queremos um país educado, mas livre. Está em nossas mãos”, disse Evo, acrescentando que os professores devem ser “instrumento de libertação do povo”.



Por isso, se comprometeu a aprovar este ano um aumento salarial para os professores superior ao de 2006, que foi apenas 1% acima da inflação. Evo também expressou seu desejo de fazer com que a educação pública boliviana seja melhor do que a privada.



O método de alfabetização “Sim, eu posso”, é audiovisual, e começou a ser implantado em março de 2006, nos nove departamentos do país, usando painéis solares nos municípios que não têm energia elétrica.



O embaixador cubano em La Paz, Rafael Dausa, reconheceu que a meta de erradicar o analfabetismo na Bolívia “está longe” de ser atingida, mas se mostrou confiante.



Apoio total
Além de assessores, Cuba e Venezuela enviarão ao projeto televisores, aparelhos de vídeo, cartilhas didáticas, painéis solares e manuais para os educadores. A colaboração entre os três países não se limita somente ao âmbito educativo, já que centenas de médicos de Cuba também trabalham na Bolívia.



Além disso, os presidentes de Cuba, Fidel Castro, e da Venezuela, Hugo Chávez, amigos e aliados de Evo, enviaram doações nos últimos dias para atenuar os danos causados pelas inundações que alagaram grande parte do oriente boliviano.