Deputadas na direção da Casa pedem mais espaço para atuar

As deputadas brasileiras estavam, nesta quarta-feira (7), onde lutam para estar permanentemente – na mesa diretora da Câmara dos Deputados, presidindo a sessão. Era a sessão solene em homenagem ao Dia da Mulher.

Entre os assuntos que persistem na pauta de reivindicações das mulheres está a participação efetiva das mulheres nas instâncias de poder. Entre elas, a direção das casas legislativas.



A deputada Luiza Erundina (PSB-SP), coordenadora-geral provisória da bancada feminina, alertou para o fato de que as mulheres não garantirão seus direitos se não tiverem poder. “Precisamos conquistar espaço de poder nos partidos, nas instituições políticas, na sociedade, nas mesas diretoras da Câmara e do Senado”, defendeu.



Ela lembrou que tramita na Câmara Proposta de Emenda à Constituição que cria um cargo a mais nessas mesas, destinado a uma mulher. Erundina também defendeu a importância de assegurar espaço para a mulher na reforma política. “Queremos igualdade de direitos, principalmente igualdade de espaço político, para que nossa cidadania política seja assegurada e respeitada”, disse.



A sessão foi aberta pelo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que reafirmou o compromisso da Casa com a emancipação feminina no Brasil, por meio de mudanças na legislação e o apoio às ações para consolidar direitos da mulher.



Pacto da domesticidade



As deputadas do PCdoB confirmaram a tradição de luta em favor das mulheres. A maioria delas ocupou a tribuna para se manifestar sobre o assunto, destacando o compromisso do partido com a questão, anunciando a realização da primeira conferência nacional partidária sobre a questão da mulher e lembrando que o Partido é o único que tem quase metade de sua bancada formada por mulheres.



A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), uma das integrantes da mesa que dirigiu os trabalhos, destacou que “é preciso encarar a bandeira do feminismo como luta pelos direitos humanos e pela emancipação de toda a sociedade no mundo”.  Ela anunciou que “o PCdoB, com longa história na defesa da emancipação da mulher no Brasil – realizará sua primeira conferência nacional partidária sobre a questão da mulher”.



Segundo a deputada comunista, “precisamos resolver o novo pacto da domesticidade no Brasil, que ensinará meninos e meninas que todos varrem casa, lavam pratos, com vista a mudar a cultura de exploração e pôr fim à segunda jornada de trabalho da mulher. Isso está diretamente ligado à mídia, à cultura popular e à educação”.



Para Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), “a bancada feminina, que enfrentou tantos problemas para chegar a este Parlamento, temos que discutir com o Poder Executivo a realização de uma campanha, em âmbito nacional, ofensiva e ostensiva contra a tripla jornada de trabalho. Não adianta nada termos um nível de escolaridade superior ao dos homens, como tem acontecido atualmente; não adianta dizer que precisamos ocupar espaços, pois as mulheres não se elegem porque não são candidatas, e não são candidatas porque não têm tempo, porque trabalham e, infelizmente, ainda cuidam sozinhas das atividades domésticas”.



“Os homens precisam entender que, para que a sociedade seja construída de forma igualitária, é preciso começar com a divisão do trabalho dentro da própria casa. Isso não é questão de família, mas, sim, de Estado, que busca a democracia e direitos iguais entre todos os seres humanos”.



Vida mais leve



A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), em sua homenagem ás mulheres, destacou a luta da mulher da Amazônia. “É por essas mulheres que encontramos energia e firmeza para estarmos aqui brigando cada vez mais, a fim de conseguir um pouco mais, com muita resistência; para conseguir aquilo que é direito nosso, das mulheres brasileiras, na luta pela igualdade, pela saúde e pela educação”.



Também a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) fez homenagem às mulheres, destacando a necessidade de se pensar uma agenda das mulheres para o desenvolvimento.


 


“Estamos discutindo o Plano de Aceleração do Crescimento, e este Plano não pode prescindir da inclusão da agenda das mulheres, que propõe uma linha de financiamento para adequados conjuntos habitacionais, uma linha de financiamento para gerar emprego e renda para as mulheres e, sobretudo, a preocupação de uma política de juros baixos, inclusive para eletrodomésticos, que tornam a vida da família mais leve”, afirmou a parlamentar comunista.



A deputada Gorete Pereira (PL-CE), que também compunha a mesa, deu uma alfinetada nos homens, ao registar  que “dos 513 deputados, apenas 45 são mulheres. Se hoje fosse o dia internacional do homem, este plenário estaria cheio de mulheres companheiras e incentivadoras para parabenizá-los. Realmente, lamentamos o fato de hoje o plenário estar vazio (de homens)”.



Homenageadas



A Câmara fez outra solendiade, no período da tarde, para entrega do Diploma Mulher Cidadã Carlota Pereira de Queiroz, instituído em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. O diploma é uma homenagem à primeira deputada brasileira, Carlota Pereira de Queirós (1892-1982).



A bancada feminina escolheu cinco homenageadas para receber o diploma: Ellen Gracie, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF); Maria da Penha, biofarmacêutica, vítima de violência doméstica cujo caso deu origem à lei que leva seu nome; Míriam Terena, líder indígena responsável pela criação da primeira organização de mulheres indígenas do País, o Conselho Nacional de Mulheres Indígenas (Conami); Ana Maria Rizzante Gallazzi, italiana radicada no Brasil desde 1977 como missionária da Igreja Católica que atua na Comissão Pastoral da Terra do Amapá e  Irmã Marie, nascida na Bélgica e que vive há 30 anos no Brasil e atua na área de ação social em favor dos pobres e carentes de São Paulo.



De Brasília
Márcia Xavier