Ala do PT lança outro documento contra Campo Majoritário

Petistas que lançaram em fevereiro o manifesto Mensagem ao Partido retomam, no anteprojeto de sua tese para o 3º Congresso Nacional do PT, o tom crítico a setores do partido e fazem ataques ao Banco Central.

Embora não volte a falar em “corrupção ética e programática”, como na primeira versão da Mensagem ao Partido, revelada em janeiro, o grupo — do qual faz parte o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro — acusa setores do PT de “práticas e condutas incompatíveis com a ética republicana” e critica a impunidade dos “mensaleiros”.


 


Já a gestão de Henrique Meirelles no Banco Central (BC) é classificada de “anti-republicana” e ligada ao grande capital financeiro. “Se não aceitamos em geral a máxima de que o número de votos conferido a um político acusado de corrupção o anistia dos erros cometidos, não podemos aplicar este preceito dentro do PT”, diz o documento.


 


O texto condena a “conivência, a desresponsabilização, a condescendência”, em menção velada aos envolvidos em escândalos. Com forte peso de militantes gaúchos, mineiros e nordestinos, o grupo retoma a tese da “despaulistização” da direção petista. Também critica a prática da antiga direção, de se reunir antes das instâncias oficiais para decidir as questões e depois impor as resoluções ao restante da legenda.


 


O alvo é o Campo Majoritário, grupo de tendências moderadas que dirigiu a legenda de 1995 a 2005. “Reconhecendo-se a importância da contribuição de São Paulo na construção do PT, é imprescindível hoje o compartilhamento mais nacional das tarefas de direção do partido”, afirma o documento.


 


Críticas ao BC


 


A ala petista, embora não mencione Meirelles, é cáustica com sua gestão. “O maior entrave hoje à construção de uma economia do setor público é o caráter historicamente anti-republicano da gestão do Banco Central”, ataca.


 


“Este caráter anti-republicano, acentuado nos anos do neoliberalismo, se revela hoje ainda na financeirização de sua gestão, isto é, na sua relação íntima com o capital financeiro, na escolha de quadros, em seus procedimentos, em suas fontes de informação, em suas políticas e metas.”


 


A ala que produziu o documento tem o apoio dos governadores Ana Júlia Carepa (Pará), Wellington Dias (Piauí) e Marcelo Déda (Sergipe) e de pelo menos um importante grupo de esquerda, a Democracia Socialista. O governador Jaques Wagner inicialmente flertou com o grupo, mas se afastou por causa dos problemas causados pela versão de janeiro do manifesto.


 


Na segunda-feira (05/03), o presidente do PT, Ricardo Berzoini, reuniu-se no fim da tarde com o presidente Lula. Em entrevista publicada pela manhã, no site do PT na internet, o deputado tentou reduzir as expectativas em torno de um desfecho para a reforma ministerial e afirmou que seriam discutidos na reunião apenas a reforma política e o Progra,ma de Aceleração do Crescimento (PAC).


 


O encontro para apresentar a lista de indicações do PT ao ministério ocorrerá apenas nos próximos dias ou até na próxima semana, segundo a versão de Berzoini.