Jô Moraes protesta na Praça Sete no dia da mulher

Depois de todos os jornais registrarem Jô Moraes na linha de frente da manifestação anti-Bush realizada na terça (7) pela bancada feminina da Câmara, ontem (8) foi o dia de tomar as ruas de Belo Horizonte junto aos movimentos sociais, lutando contra a opr

Desde as dez da manhã, diversos movimentos estiveram reunidos na Praça Sete, distribuindo panfletos e adesivos, realizando contundentes intervenções contra a tentativa de dominação estadunidense sobre a América Latina e intercalando as atividades com intervenções culturais, como apresentações de capoeira e das veteranas em manifestações, “Meninas de Sinhá”, que retomam as raízes da nossa cultura através da dança de roda.


 


Lideranças femininas


Várias lideranças femininas apresentaram intervenções: mulheres dos movimentos pela emancipação feminina, movimentos sindical,  comunitário, estudantil, camponês, e vereadoras de Belo Horizonte. Alguns homens também fizeram questão de prestar sua homenagem e reforçar o caráter de luta da atividade, como o vereador Paulão (PCdoB), o presidente da CUT-MG, Lúcio Guterrez e o Secretário de Cidadania da PBH, Newton de Souza.


 


Jô Moraes, única deputada federal presente ao ato, fez uma fala inflamada, clamando: “as mulheres querem paz”, contrapondo-se explicitamente ao presidente dos EUA em visita ao Brasil, apelidado pelos movimentos sociais de “senhor da guerra”.


 


A representante do Movimento Popular da Mulher (MPM), Cláudia Pessoa, ressaltou que apesar de já ser tradicional a realização de atos de rua no 8 de março, “neste ano possui um significado maior, devido à vinda de nosso arquinimigo,  Bush, ao Brasil”. Ela completa que tal fato gerou a necessidade de atos mobilizados pela paz e contra a guerra imperialista. Cláudia frisou ainda que uma reivindicação importante dos movimentos de mulheres é a criação, pelo governo do estado, da coordenadoria estadual das mulheres.


 


Passeata


Às quinze horas, os movimentos concentrados na Praça Sete receberam caminhão de som da Marcha Mundial de Mulheres, MST, Via Campesina, sindicatos e entidades estudantis. O caminhão vinha da Praça da Estação e teve dificuldades de chegar à Praça Sete por ação da polícia. Jô Moraes e outros parlamentares presentes ao ato intervieram para que a manifestação ocorresse sem maiores transtornos e o caminhão foi liberado.


Em direção à Praça da Liberdade, a passeata, que contava então com cerca de 1.500 manifestantes, fez três paradas para protestos. A primeira foi em frente ao Banco Bradesco, na rua da Bahia. As lideranças em cima do carro de som acusaram a instituição de ser “testa-de-ferro” para a privatização da Companhia Vale do Rio Doce e jogaram tinta nas paredes do banco. Pregaram também cartazes contra a privatização e em protesto à visita de Bush ao Brasil.


 


 


 Tinta, cartazes e vaia


O segundo ponto de manifestação foi em frente ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), onde foi despejado um saco de lixo repleto de papel e foram colados cartazes com os dizeres “Banco do Latifúndio”. As lideranças acusaram o governo do estado de adotar uma política para o BDMG que favorece os grandes grupos empresariais transnacionais em detrimento da pequena produção, estimulando inclusive empresas poluidoras do ambiente.


 


O terceiro ponto de protesto foi a empresa Acesita, onde novamente os manifestantes jogaram tinta e colaram cartazes, e ainda urraram uma contundente vaia. A empresa estava com portas de ferro cerradas por conta da manifestação, visto que meses atrás já havia sido alvo de protestos, quando os participantes foram duramente reprimidos pela PM. O motivo do protesto, segundo a organização da passeata, é pelo fato de se tratar de uma multinacional que explora os trabalhadores da mineração e promove poluição no estado.


 


Palácio da Liberdade


A passeata fluiu tranquila até a Praça da Liberdade. Entretanto, havia barreira policial impedindo o trajeto até o Palácio da Liberdade se completar. O caminhão de som ficou por alguns minutos parado em frente à Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais, quando aproveitou para bater duramente na política de educação do governo estadual, puxando inclusive uma vaia à mesma. Ao som de “Alegria, alegria”, o caminhão voltou a se movimentar e pôde finalizar o ato em frente ao Palácio. O ato foi encerrado com um poema de Bertold Brecht após os manifestantes terem queimado um boneco que representava a figura de George W. Bush.


Repleto de simbologias, a manifestação foi irreverente, bastante mobilizada e conseguiu causar um reboliço na cidade, passando o recado de que, ao menos para os belorizontinos, Bush de fato é “persona non grata” no Brasil.


 


De Belo Horizonte


Luana Bonone