Para Chávez, Bush se tornou um cadáver político

Principal estrela de um ato antiimperialista e anti-Bush na noite de sexta-feira (9/3) no estádio de futebol do clube Ferrocarril Oeste, em Buenos Aires, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, fez as cerca de 30 mil pessoas presentes, segundo estimativa

“Para que lado está o rio [da Prata]?”, perguntou Chávez. “Gringo, go home!”, gritou o estádio, repetindo as exatas palavras do venezuelano.



Em seguida, Chávez afirmou que o presidente dos EUA é “um cadáver político”. “Ele já nem cheira mais a enxofre, tem o odor de seus mortos políticos, de seus mortos de guerra.”



Convocado com o aval do governo Kirchner pelas Mães da Praça de Maio, entidade formada por mães de desaparecidos políticos na ditadura, o ato reuniu grupos piqueteiros e provocou críticas da oposição.



Em entrevistas antes do comício, o venezuelano havia dito que é preciso salvar o Mercosul “da morte pretendida pela ofensiva do império”. Ele também criticou o plano norte-americano de usar o álcool para reduzir sua dependência do petróleo e reafirmou a aliança estratégica com a Argentina.



“O etanol é um plano totalmente irracional e antiético”, declarou Chávez. Segundo ele, é “loucura utilizar as boas terras e as águas doces que nos restam” para “alimentar os veículos dos senhores do Norte”.



Colombo e Bolívar
Quando desembarcou às 23h15 de anteontem em Buenos Aires, Chávez já havia ensaiado vaias a Bush. “Creio que há que dar ao presidente dos EUA a medalha de ouro da hipocrisia. Ele agora diz que está preocupado com a pobreza na América Latina. Parece [Cristóvão] Colombo, descobriu agora a pobreza da América. Mas qual é a causa da miséria na América Latina? A culpa fundamental é do império.”



Chávez disse considerar uma “falta de respeito” que Bush ofereça US$ 75 milhões para capacitar jovens para estudar inglês. “É o Plano Bush. É ridículo. Não queremos esmola”. “Só a Argentina e a Venezuela, na semana passada, ao lançarmos o Bônus do Sul, obtivemos US$ 1,5 bilhão. E o chefe do império diz que vai aportar US$ 75 milhões?” No estádio, voltou ao tema: “Que [Bush] enrole os US$ 75 milhões e meta-os em seu… [pausa] bolso! Para não dizer outra coisa, porque vocês sabem exatamente onde ele deveria meter [o dinheiro]”.