Colômbia é o país mais perigoso do mundo para trabalhadores

Mais de 800 líderes sindicais foram assassinados nos últimos seis anos na Colômbia. Em 2006, foram 58. As principais centrais sindicais do país registram ainda outros 500 casos de intimidação, ameaças e perseguição aos trabalhadores.

Os números colocam o país no topo da lista negra da OIT, apesar de o presidente Alvaro Uribe prometer, em todo 1º de maio, que a Colômbia terá, um dia, orgulho de não ter nenhum líder sindical morto.



As centrais sindicais, no entanto, acusam o próprio governo de estar por trás dos assassinatos. Algumas delas foram à Organização dos Estados Americanos denunciar autoridades colombianas que teriam pago a paramilitares, militantes de direita, para matarem trabalhadores envolvidos com o movimento sindicalista.



“Os casos são uma controvérsia para um país que deseja assinar um tratado de livre comércio”, explica Thea Flee, diretor em Washington da Federação Americana de Trabalho e Congresso de Organizações Industriais, união de sindicatos internacionais que reúne nove milhões de trabalhadores.



As ameaças mais freqüentes ocorrem contra empregados de áreas rurais, onde trabalham em péssimas condições e com o poder nas mãos de milícias. Este foi o caso de três mineiros mortos em 2001. Eles trabalhavam para a Drummond, uma companhia de carvão norte-americana com filial na Colômbia, e foram assassinados quando desciam do ônibus da empresa. Na segunda-feira passada, um juiz do Alabama autorizou a abertura de um processo civil contra um representante da empresa baseado em Birmingham acusado de envolvimento nas mortes.



O diretor de direitos humanos da CUT colombiana, Leonardo Cabana, considera vergonhosa a demora para a solução de casos como o dos mineiros e lembra de Jorge Abril Parra, assassinado com dois tiros na cabeça no ano passado quando ia para o trabalho. Depois da morte, 25 trabalhadores da companhia de metal para a qual trabalhava aceitaram uma oferta de aposentadoria.