Uruguaios repetem brasileiros e repudiam presença de Bush no país

Assim como aconteceu em São Paulo, milhares de uruguaios marcharam pelas ruas de Montevidéu na noite desta sexta-feira (9/3), em protesto à presença do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, no país.

Estima-se que mais de 25 mil pessoas protestaram contra a política norte-americana e a possibilidade de o Uruguai assinar um tratado de livre-comércio com os EUA. Centenas de cartazes diziam “Fora, Bush! Não ao imperialismo” e pediam para o presidente Tabaré Vásquez não fechar qualquer tipo de acordo.



Apesar do clima de paz das manifestações, assim como ocorreu em São Paulo, a polícia uruguaia confirmou que 17 pessoas foram presas em Montevidéu – a maioria acusada de lançar pedras contra os policiais ou quebrar vidros de comércios locais da avenida 18 de julho, a principal da capital do país.



Perto de Colônia, a 200 km de Montevidéu, mais de 200 militantes dos sindicatos radicais e de extrema esquerda participaram de uma marcha, mas foram parados pela polícia a menos de 5 km da residência presidencial de Anchorena. É lá que aconteceu neste sábado o encontro entre Bush e seu anfitrião, o presidente Tabaré Vazquez.



Subsídios
Bush qualificou o encontro de “muito construtivo, útil e positivo”, porque os dois países têm “muito em comum” e disse que os EUA estão “plenamente preparado para reduzir subsídios agrícolas. “Apenas queremos ter certeza de que há acesso de mercado para os nossos produtos”, afirmou o presidente norte-americano



Bush insistiu que a viagem tem como objetivo promover o “avanço da diplomacia construtiva”. “Minha mensagem é que a condição humana nos preocupa, temos que ver como ela pode ser melhorada através de várias maneiras”, afirmou o presidente, que defendeu a “diplomacia discreta” com a qual os EUA realizam seus programas de desenvolvimento na América Latina.



Comércio
Na entrevista coletiva de hoje, Bush assegurou que um dos assuntos tratados com Vázquez foi “encontrar um terreno comum que beneficie” o Uruguai e os EUA.



Os dois presidentes abordaram também questões comerciais e expressaram a vontade de continuar avançando no que diz respeito a comércio e investimentos.



Os dois países assinaram um tratado de investimentos bilaterais em novembro de 2005 e no mês passado lançaram um acordo marco de comércio e investimentos (AMIC), um primeiro passo em direção a um possível tratado de livre-comércio (TLC) bilateral.



A possibilidade provoca diferentes opiniões dentro do governo uruguaio e provocou a ira de outros membros do Mercosul, como Brasil e Argentina. O Mercosul proíbe seus integrantes de assinar acordos bilaterais com outros países fora do bloco.



O presidente norte-americano assegurou o compromisso com uma agenda de livre-comércio e afirmou que se preocupa com as tendências protecionistas não só nos EUA, mas no mundo todo. Bush assegurou que o comércio “é a melhor ferramenta para resolver a pobreza”.



Rodada de Doha
Neste sentido, insistiu na necessidade de chegar a um acordo nas negociações da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). O pacto, afirmou, “será complicado, mas é necessário”.



Bush segue neste domingo para a Colômbia, terceira etapa da viagem, à qual seguirão Guatemala e México.