Direita flerta com a ultradireita nas presidenciais francesas

Nicolas Sarkozy, candidato da direita nas eleições presidenciais francesas de 22 de abril, optou por “direitizar” sua campanha, segundo noticiou nesta terça-feira o jornal Le Monde. De olho no segundo turno, Sarkozy, primeiro colocado nas pesquis

Sarkozy, candidato da UMP (União por um Movimento Popular, partido do atual presidente, Jacques Chirac) já fez vários acenos neste sentido. No mais explícito deles, afirmou que vai “se bater” para que seu rival pela direita obtenha os “apadrinhamentos” necessários para efetivar a candidatura: pela lei eleitoral francesa, só pode se candidatar à presidência quem tiver o aval de pelo menos 500 ocupantes de cargos eletivos, o que não é uma meta fácil para Le Pen, embora nas eleições de 2002 ele tenha surpreendido e chegado ao segundo turno.



Outro gesto de aproximação de Sarkozy foi propor a criação de um “Ministério da Imigração e da Identidade Nacional”. O tema é caro a Le Pen, que já sugeriu uma pasta semelhante, embora com outro nome, como parte de sua bandeira de endurecimento generalizado em relação aos imigrantes estrangeiros.



Restrição ao “reagrupamento familiar”



Sarkozy já lançou também uma proposta prática para limitar os direitos dos trabalhadores estrangeiros. Quer que o direito de “reagrupamento familiar” (que permite ao imigrante trazer a família para a França) seja limitado a quem puder provar que possui uma residência, um emprego e o domínio da língua francesa.



A manobra do candidato da UMP tem seus riscos. No afã de agradar os eleitores da ultra-direita, ela abre o flanco para o crescimento de François Bayrou, da também conservadora UDF, mas que procura aparecer como um meio termo entre Sarkozy e a candidata do PS (social-democrata), Ségolène Royal.



Na pesquisa Hebdo divulgada nesta terça-feira, coletada entre od dias 9 e 11, Sarkozy aparece em primeiro lugar, com 28% das intenções de voto, seguido por Ségolène, com 26%. Mas Bayrou vem em terceiro, com 22% e ganhando terreno. Le Pen tem 13,5% e a candidata do Partido Comunista, Marie-George Buffet, 2,5%. Seguem-se o antimundialista José Bové e a trotsquista Arlette Laguiller (Liga Operária), cada um com 2%.



Da redação, com agências