Cordel nas escolas

A literatura de cordel chega às escolas públicas de todo o País, com a adoção, pelo MEC, do livro “Lampião era o cavalo do tempo atrás da besta da vida”, de Klévisson Viana.

A lista adotada pelo Programa Nacional da Biblioteca Escolar traz, este ano, um título de literatura de cordel. “Lampião era o cavalo do tempo atrás da besta da vida”, de Klévisson Viana, vai além dos relatos dos últimos dias do cangaceiro. Depois de elaborar a versão quadrinizada de Lampião, o autor preocupou-se em fazer um roteiro visual do homem nordestino e daquilo que o rodeia, incluindo a paisagem, a moradia, os utensílios e as vestimentas.


 


“Estamos levando para as escolas de todo o país uma das mais ricas manifestações da cultura nordestina. Nesta obra, a gente resgata o jeito de falar do matuto, deixando o texto o mais original possível”, explica Viana. Para a professora Sonia Luyten, o desenho e o roteiro do livro podem servir como prática pedagógica para promover discussões em salas de aula sobre a realidade brasileira em sua forma regional. Segundo ela, o autor conseguiu suprir uma lacuna no acervo de imagens da realidade do Nordeste e lançar um desafio para que haja outras obras deste quilate que contam a saga do povo e das coisas do Brasil.


 


Quarenta mil exemplares da obra foram impressas pelo MEC e, em breve, estarão sendo distibuídas nas bibliotecas públicas de todo o país. “É a segunda vez que este livro foi aprovado pelo MEC, mas, na primeira vez, só circulou em larga escala em São Paulo, após ser adotado pela secretária de educação daquele Estado”, diz o autor. Segundo ele, o livro também circulou em Goiás e Tocantis, mas por iniciativa de algumas escolas. “No ceará, a obra é usada no curso de Turismo do Cefet, mas por inciativa da professora Lurdes Mecena”.


 


“Lampião era o cavalo do tempo atrás da besta da vida” foi lançado em 98. Segundo o autor, já foram impressos mais de 60 mil exemplares, incluindo os livros do MEC. “Não imaginava que fosse ganhar o rumo que tomou. Hoje a obra é encontrada até nas livrarias de Paris”, orgulha-se. Ele disse que, ao escrever o livro, buscou apenas a satisfação pessoal. “O cangaço fez parte da minha infância. Meu pai contava história do cangaço e lia muita literatura de cordel”, recorda.


 


Coleção de cordéis


 


Escolas públicas do Ceará receberam outros livros de cordel, usados na educação de jovens e adultos. A coleção traz “A pega da besta braba da Serra Azul” (Alberto Porfírio); “O capitão do navio” (Silvino Pirauá); “A história de Rodolfo Teófilo e a novela da violação” (Rouxinol do Rinaré); “Artimanhas de pedro Malazartes e o urubu advinhão” (Klévisson); “Romance de Iracema” (Alfredo Pessoa); “A incrível história da Imperatriz Porcina” (Evaristo da Silva); “O Menestrel e a largatixa” (Vidal Santos e Arievaldo Viana); “A História da Donzela Teodora” (Leandro de Barros); “Proezas de João Grilo” (João de Lima); e “Peleja de Cego Aderaldo com Zé Pretinho do Tucum” (Firmino do Amaral).


 


Infelizmente, os cordéis não estão disponíveis nas bancas. “Os folhetos são distribuídos pela Seduc. É legal ver o cordel chegando às mãos dos estudantes, por meio do governo. Isso é de grande importância para eles e para os poetas populares”, avalia Viana. Há décadas, conforme o autor, que os poetas lutam para inserir o cordel na sala de aula.


 


Fonte: DN